Cap. 18 - Desconhecida conhecida

116 11 0
                                    

Emma

Havia contado tudo à mulher do director, não sei sei se ela é de confiança ou não, mas as vezes, é muito melhor desabafar com desconhecidos. E no final de contas, soube-me tão bem.

- O teu meio-irmão é problemático, afirmas? - Os seus lábios curvam-se, deixando um pequeno sorriso escapar.

- Sim, muito. - Digo, brincando com o gatinho.

- Eu não acho que seja. - Ela retira os óculos, ao fim de alguns minutos a ponderar tudo o que disse.

- Porque todos o defendem? - Reviro os olhos, mas logo peço desculpa quando volto à realidade e me lembro que é a mulher do director da escola a falar comigo.

- Querida, ninguém se acostuma a abandonar a família de um dia para o outro. Ele tinha as irmãs na outra casa, muito provavelmente amava a mãe, e então foi retirado daquele espaço. Como achas que se um menino como ele se sente? Deve estar a tentar arranjar confusões para vocês se cansarem e o mandarem embora. É perfeitamente compreensível. - O seu tom calmo e sereno fizeram-me sorrir.

Reflicto por instantes na teoria. Pode estar certa. Quando os pais estão em casa ele trata-me como uma cadela, como se fosse um animal... mas sozinhos... é diferente.

Ele mostra o seu sorriso.

- Mas isso não faz sentido. Ele é maior de idade, podia escolher ficar com a mãe. - Relembro.

- Não sabemos a história toda. - As suas mãos pousam nas minhas. - Não desistas dele. É apenas uma fase, mostra-lhe o melhor de ti. Ele deve gostar muito de ti, apenas não o quer admitir.

- Às vezes perco a vontade. - Encaro a cara do gato como um ponto fixo, onde toco no seu nariz levemente, perdida nos meus pensamentos. - Ele andava nas drogas.

- Querida, eu já andei também. - Arregalo os olhos e dou um pequeno saltinho com a surpresa.

Com tal movimento, o gato também se assusta e corre para o colo da dona, enquanto deixa um miar esganiçado escapar.

- Como assim? - Engasgo-me nas minhas próprias palavras.

- Momentos de desespero fazem-nos ter atitudes bastante erradas. Somos humanos, e como tal, falhamos. - Admite, agarrando fortemente, com uma mão, no seu medalhão de ouro.

- Entendo.

Esta mulher transmite tanta segurança, é como se estes cinco minutos com ela fossem a vida inteira, como se a conhecesse desde sempre. Os seus cabelos até me lembram os meus, fisicamente somos bastante parecidas, até. E ela parece saber muito sobre a vida.

- Emma. - Petrifico.

- Zayn? Que fazes aqui? - A surpresa atinge-me.

- Bem, hora de ir. Tomem as chaves da escola, fechem-na por mim. - A doce mulher pisca-me o olho e desaparece por entre as grades.

O silêncio reina entre nós, nenhum de nós é capaz de dizer uma única palavra. Volto-me. O pôr do sol desaparece aos poucos, lá, detrás do mar, das montanhas, das casas.

- Decidi voltar para casa. - Ele quebra o silêncio, colocando um pequeno sorriso.

- Porquê? - Deixo a pergunta escapar, e admiro-o de alto a baixo. O sol estava bem atrás do seu corpo, fazendo-o brilhar, como um Deus.

- Porque fui um merdas, Emma. - Admite. - Eu habituei-me a ti. - Murmura a última parte, com a intenção de eu não ouvir.

Tarde demais.

- És um idiota, sabes? - Gozo, abraçando-o pela primeira vez. Ele fica sem reacção, estático. Mas, no fim, cede e os seus braços finalmente se movem até às minhas costas.

- Mentirosa, eu sou é todo bom, ainda não viste o meu sucesso entre as mulheres? - Murmura, gabando-se.

- Nem comeces! - Dou-lhe uma pequena palmada no braço. - Ainda não disse que te desculpava. - Cruzo os braços, desfazendo o abraço.

- Por favor, desculpa!

- Se me comprares um gelado, logo veremos. - Tento fazer-me de durona.

- Estamos quase no outono, mas se queres ficar constipada, à vontade, um gelado para a menina Emma. - Sorriu, e eu apreciei aquele Zayn, aquele verdadeiro e divertido Zayn, pela primeira vez.


Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora