Zayn
Já tinha contado aos pais e eles estavam a voltar de Seattle para aqui. Estava agora a jantar com Emma, desde o que aconteceu esta manhã que ela ainda não abriu a boca, e isolou-se no quarto o tempo todo. Perguntei à minha mã... à dona Grace qual era a comida preferida da Emma para ver se a alegrava, como esperava, eram hamburgers e batatas fritas.
Os dois hamburgers que lhe fiz estavam no prato, sem uma única mordidela, as batatas igual. Emma olhava para a coca-cola dela e mantinha-se assim, paralisada.
- Emma... não comeste nada, é a tua comida preferida, fi-la só para ti. - Sorri fracamente.
O seu olhar encontrou o meu e ela paralisou a olhar para os meus olhos, após cerca de dois minutos, apenas encolheu os ombros e observava a coca-cola, novamente.
Levantei-me da mesa e puxei a cadeira para o seu lado. Sentando-me novamente e entrelaçando as nossas mãos.
Inspirei fundo e abri a boca.
- Lembras-te quando disse que vocês nunca iriam ser família para mim? - O seu olhar encontra o meu, confusa. - Bem, eu enganei-me. A verdade é que desde que vi o teu facebook, antes de vir para cá, senti que tinhas o meu sangue, apesar de não o teres. Senti que estaríamos ligados para o resto da vida. Eu estava errado. Eu amo-te, eu amo-te como irmã e amo a dona Grace como mãe. Acho que não consigo mais viver sem as duas. Eu amo-vos... Eu amo-te, Emma Stewart.
O seu olhar brilha e a sua boca abre-se, a esperança surge dentro de mim e deixo um sorriso escapar, porém, ela apenas fica de boca aberta... não faz mais nada. No entanto não a fecha.
- Eu quero fazer parte da família totalmente, e ter o nome Stewart também. Imagina o teu maninho: Zayn Stewart. Emma, por favor fala, é uma angústia tão grande não ouvir a tua voz! Sempre pensei que se tu te calasses o mundo agradecia mas estava errado! Tu és uma voz que o mundo necessita, és a voz que eu preciso ouvir todos os dias a discutir comigo!
- Za... Z... - Tenta, porém olha para os hamburgers e sorri, pegando num e comendo. Piscando-me o olho.
Olhei para ela, com um sorriso. Pelo menos consegui colocá-la a comer, e isso para mim é suficiente para saber que vou ser eu a pô-la a falar. Quero ser eu, e vou ser eu.
- Fui o responsável por te deixar assim, e vou ser o responsável na tua cura. - Murmuro ao seu ouvido, e ela olha-me confusa, porém logo ignora.
A porta de entrada abre-se, revelando os nossos pais. Ambos me dão um beijo e deixam um sorriso escapar quando vêm uma das nossas duas mãos entrelaçadas.
- Pai, podes vir aqui? - Pedi e ele assentiu imediatamente.
- Eu vou ficar aqui e não causar mais estragos à Emma, habituei-me a isto. Talvez tenha começado mal mas tenho de pedir desculpas a todos, no entanto, não te habitues. Sabes como sou teimoso e ainda nem acredito que estou a pedir desculpas pelas merdas que fiz! - Avisei e o meu pai abraçou-me.
- Tudo bem, estou orgulhoso de ti. - Sinto os braços do meu pai aconchegarem-me, no entanto ele separa-nos e olha para mim com cara de mau. - Disseste merda?
- Foi o vizinho do lado. - Retorqui rapidamente. O meu pai ri e voltamos para junto da dona Grace e de Emma.
- Ela não fala, mas ao menos come.
- Dona Grace, eu é que a consegui pôr a comer, até agora foi o máximo que consegui fazer, ela está em choque, é algo muito forte para ela aguentar. - Tento explicar, e ela sorri.
- Mudaste... - Sussurra-me e eu coro um pouco.
(...)
Emma
Zayn brincava com o meu cubo mágico e contava piadas, ao qual me ria fracamente. Parecia que estava a ganhar depressão. Queria chorar, queria berrar... não consigo falar, não conseguia comer...
- Z... Za... Zay... Z... - Tento a todo o custo pronunciar o nome dele, mas é como se tivesse retomado ao primeiro ano.
- Sim? - Pergunta-me.
Sentia-me sem ar sempre que tentava falar. O médico, depois da policia e a ambulância chegar, disse-nos que era por estar em choque e também por o ar demorar a chegar aos pulmões.
- Emma, o que eu disse ao jantar era a sério. Desculpa se sou um idiota, discuto por pequenas coisas, sem importância. Mas a verdade é que és a minha querida e única meia-irmã, mas que eu amo de verdade. - Admite e eu deixo um sorriso genuíno escapar dos meus lábios.
Zayn estava deitado na minha cama desde o jantar e até agora sempre me tem feito rir, ou a brincar com o cubo enquanto pronuncia uma data de asneiras, ou a fazer-me cocegas nos pés, ou a dar beijinhos à esquimó, ou a brincar com as minhas Barbies que tenho como recordação no baú. Enfim, sinto-me feliz e triste.
Tenho os sentimentos completamente misturados.
- Tenho de ir, amanhã tenho de ir para a universidade. - Faço beicinho quando ouvi aquilo.
Pela primeira vez, do inicio ao fim, ele foi um irmão para mim. Depositou toda a atenção e carinho em mim, e como isso me soube bem. Por momentos até senti mais amor da parte dele do que o que o Harry me proporcionou nestes dois anos, é estranho explicar, talvez seja por sempre ansiar um irmão.
Zayn levanta-se e eu pedia em mente para ficar comigo, tenho medo... tenho medo que ele escape da prisão e acabe o trabalho, tenho medo dele e de ser violada novamente, preciso do Zayn, ele é o meu anjo da guarda, ele é aquele que me salva sempre que estou em apuros, preciso dele ao meu lado, pelo menos esta noite, se eu ao menos pudesse falar!
- Fica! Por favor! - Guincho, e arregalo os olhos, colocando as mãos à boca.
Zayn volta-se e separa os lábios com a tamanha surpresa. Boquiaberto, ele cede ao meu pedido. Vejo-o retirar os sapatos, e de seguida as calças. ficando de t-shirt.
- S-Se é por minha causa, podes retirá-la, eu sei que nesta noite vão estar vinte graus. - Admiti, enquanto tossia com falta de ar nos pulmões.
Zayn assim o fez. O seu corpo, agora apenas protegido pelos boxers, deitou-se ao meu lado e ficou a encarar-me com aqueles olhos castanhos que pareciam analisar-me ao pormenor. A sua mão viaja até aos meus cabelos e ele aconchega-me para mais perto de si, fazendo a minha cara embater no seu peito.
No entanto era aqui que eu queria estar, sempre sonhei com o momento em que o meu irmão demonstrava realmente afecto por mim, e esse dia estava finalmente aqui, inacreditavelmente.
Zayn
Emma adormecera, no entanto não quero sair daqui. Sinto-me tão bem nos seus braços. Sinto-me amado verdadeiramente. O meu coração bate tão rápido sempre que estou com ela.
Ao inicio ele batia rápido porque as discussões levavam-me ao meu limite. Mas agora, agora é diferente, agora bate por outro motivo. Só gostava de saber qual, e porque me sinto tão impotente ao pé dela.
Não percebo o rumo a que a minha vida se está a dirigir.
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Step-Brother [Z.M]
Fanfiction"E eu não queria acreditar, acreditar que era verdade. Acreditar que o meu maior pesadelo virasse o meu maior sonho. Acreditar, que estou totalmente, completamente, incondicionalmente, apaixonada pelo meu meio-irmão." * A vida de Emma vai mudar dras...