Cap. 21 - Convite

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Emma

Ainda ontem parece que conheci o Zayn pela primeira vez. O tempo passa a correr, e temos de saber aproveitá-lo. Estou neste momento na aula de Português, a última aula do dia. Hoje é a tal festa para os alunos. Não tenho ninguém para ir. Mas, nem me importo. Ficar em casa a ver um filme, enroscada numa manta parece-me um bom plano. Eu e o Zayn temos andado sempre as turras. Mas nada comparado ao inicio da nossa relação. Agora tudo é diferente, tudo melhorou. Discutimos sobre o facto dele me roubar as torradas, usar as minhas coisas, e isso é muito reconfortante. Pois são discussões de irmãos. Tenho um irmão, tenho finalmente um irmão! Para completar, quero dizer que o Zayn é super inteligente, talvez mais que eu. Desde aquela conversa que tivemos que ele responde nas aulas, e, para ser franca, é super elogiado! Os professores descobriram esta nova faceta do Zayn, e estão orgulhosos disso. Eu estou ainda mais, porque fui aquela que a trouxe ao de cima.

- Vamos fazer uma revisão da matéria. Hmm... Emma! Diz-me as conjunções coordenativas. - Acordo dos meus pensamentos com a pergunta da professora. Tento lembrar-me imediatamente, porém nada surge na minha memória.

- Não sei, dei isso à muito tempo. - Imediatamente me desculpei, envergonhada.

- Estudar sempre, Emma! A matéria a português é feita em espiral, os conteúdos programáticos são sempre os mesmos, mas acrescentamos algo mais nas matérias a cada ano que passa! Não te esqueças. - Imediatamente assenti. - Uma pessoa com o dedo no ar... menino Zayn.

- Fácil, as orações coordenativas são as copulativas, as adversativas, as disjuntivas, as conclusivas, e não esqueçamos, obviamente, as explicativas. - Ouço o rapaz ao meu lado, agora chamado de irmão.

- Muito bem Zayn, tens estudado ultimamente. - A professora elogia-o e Zayn dirige o seu olhar para mim, piscando-me o olho.

A sala inteira cochicha. Ainda é uma novidade para todos. Até para mim. É difícil ver um Zayn atento e estudioso. Há uns dez dias atrás, o Zayn apenas dormia, ou estava no facebook, ou apenas cantava e desenhava. Foi uma mudança radical.

- Roubaste-me o lugar da mais inteligente? - Murmuro, fingindo-me indignada.

- Nunca o tiveste, querida irmã. - Ele coloca a caneta azul atrás da orelha, na tentativa de dar um ar intelectual.

- Estúpido, se estivéssemos em casa levavas já uma chapada! - Sussurrei, rindo.

A professora chama o meu nome e cruza os braços. Engoli imediatamente um seco com medo do que ela diria. Com certeza nada de grave, visto que sou a melhor aluna.

- Não perturbe os bons alunos. - A sua postura carrancuda mostrava como estava chateada, no entanto, eu apenas me mantive de boca aberta enquanto, pela minha mente, a palavra vaca era repetida umas dez mil vezes.

- Alguém deixou de ser a preferida. - Zayn trinca a língua para não rir e eu apenas lhe lanço um olhar de morte.

A campainha toca, revelando o fim das aulas por hoje. Arrumei as canetas rapidamente no estojo, fechando-o em seguida. O caderno de linhas A4 com os apontamentos da aula de hoje foi suavemente fechado e coloquei tudo pelo braço. Começando a dirigir-me para fora da sala.

- Emma, espera. - Harry agarra-me pelo braço. - Podemos falar?

- Três segundos.

- Queria saber se querias ir à festa comigo.

- Estou muito ocupada.

- Sem desculpas, porra! - A sua voz aumenta e eu reviro os olhos.

- Eu vou com... - Tinha de arranjar alguém urgentemente, podia dizer que não queria porque ele foi um anormal, era o que ele merecia. Mas não o farei, ainda tenho um pingo de fraternidade para com ele. Desloco nervosamente o meu olhar pela sala, vendo o Zayn em primeiro lugar. - ... O Zayn.

- Ai vais? - Zayn pergunta, confuso.

- Sim, vou. Adeus Harry. - Cortei a fala do meu irmão imediatamente, forçando-o a seguir-me. Agarrei-o pelo braço e iniciei o percurso até à saída da escola.

Saí daquela divisão imediatamente, sem nunca olhar para trás. Não me importa se fui fria. O Harry não confiou em mim. Uma relação deve ser baseada em verdade. No entanto ele viu algo e nem ponderou nas hipóteses. Pensou imediatamente que eu tinha sido uma vadia, oferecida. Ugh!

Virei no corredor à direita, indo em direcção à entrada principal da escola, que, neste caso, é também a nossa saída, juntamente com Zayn. Ainda não larguei a sua mão. Subitamente, este, pede-me para parar. Assim o fiz. O olhar atento do meu irmão percorre o corredor. Os seus passos, e os meus, começam-se a ouvir novamente no soalho do chão, e era agora ele que me conduzia para algum lugar. Invés de virar-mos para os grandes portões, fomos no sentido do jardim. As folhas vermelhas, originadas nesta estação do ano, caiem sobre mim e Zayn. Este, levou-me até à fonte da escola. O seu olhar sério e pensativo estavam focados no céu alaranjado.

18:32 da tarde segundo o meu Vodafone Smart 4.

- Vais mesmo comigo? - A pessoa ao meu lado, de braços cruzados e expressão indecifrável no rosto, pergunta-me.

- Não, era só uma desculpa. Não te quero incomodar. Vai com quem quiseres. Eu fico em casa a ver televisão, agarradinha à minha manta. - Deixo um risinho escapar, porém este continua sério.

O seu olhar sobe, até encarar o meu. A cor castanha viva no seu olhar brilhava intensamente. Tão brilhante quanto um luar de uma lua cheia.

- Queres ir comigo?

Subitamente engasgo-me na minha própria saliva. O meu irmão está-me mesmo a convidar? Esta é nova. Eu sei que ele mudou. Mas... wow. É demais para o meu cérebro. Quer dizer, é o Zayn. Arrogante e chato, que me puxa os cabelos e faz sorrisinhos cínicos, seguidos de piadas secas.

- Tens febre? Deixa ver. - Coloco a minha mão na sua testa, e ambos nos desatamos a rir. - Estás a falar a sério? - Um pequeno sorriso surge nos meus lábios.

- Sim, estou. - Esse mesmo sorriso está também presente na cara dele.

Imediatamente assinto, completamente realizada. O Zayn é uma pessoa fantástica. Sim, é bipolar. Muito bipolar. Extraordinariamente bipolar. Mas, eu adoro isso nele.

- Então, vemo-nos às oito! - Voltei-me, tentando conter o entusiasmo.

- Emma, vamos para a mesma casa. - Elucida-me, enquanto se ri. - Não imites filmes, a sério. Esta correu-te muito mal. - Revirei os olhos perante a sua forma irónica de gozar comigo.

- Não estava a imitar, saiu-me. - Grunhi e cruzei os braços, amuada.

- Ainda pior! - As gargalhadas infindáveis do meu maninho despertaram o mesmo efeito em mim. E assim começamos o nosso percurso para casa. A rir. A rir muito.



Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora