Capítulo 35 - Perigo

103 13 3
                                    

Emma

Zayn iria contar quem eram aquelas pessoas e porque elas o queriam. Estava receosa, eu já sabia que ele era vendedor de droga, ele explicou-me mais ao menos, porém agora vai contar ao pai... 

- Eu estava farto pai, farto de ti, nunca davas o dinheiro à mãe a tempo, e ela nunca podia comprar nada para nós, e isso incluía comida. Um dia estava a voltar da escola e um homem chamou-me... perguntou-me se eu queria honrar a minha família, se queria ajudar nas contas da casa... eu tinha quinze anos, então sabia que já podia trabalhar... aceitei sem pensar duas vezes, aceitei para não ver a minha mãe a sofrer todos os meses por não pagar a conta.

- Isso não é motivo para te envolveres na droga, caralho! - As veias de Yaser estavam bem salientes e a sua respiração estava bem irregular, assustando-me.

- Eu não sabia que era droga! Só descobri aos dezasseis! - Zayn levantou-se do sofá, andando de um lado para o outro, enquanto coçava a cabeça, aflito. 

- E nunca desconfiaste? Quem toma droga tem a aparência de um vagabundo! 

- Fala isso para o capitão de futebol da Inglaterra, que veio até Joseph me pedir o produto que lhe fortaleceria os músculos. 

- Parem com isto, discutir não vai trazer a minha mãe... a nossa mãe de volta. - Suspirei. - Zayn, continua.

- Ao inicio era tudo fantástico, tratavam-me bem, havia mais gente da minha idade... porém, à medida que ia crescendo, ia tendo mais dúvidas; Não sabia o que vendia, para quem trabalhava, como tinha tanto dinheiro... acabei por perguntar, e quando soube de tudo, quis imediatamente sair. 

- E ele não deixou... - Murmurei. 

- Exacto. Quando o meu pai me disse que vinha viver para uma nova família, recusei logo por causa das minhas irmãs e da minha mãe, porém, quando aceitei, parte disso foi o facto de me afastar destes problemas.

- Metes-me nojo. - Yaser rosna. - Meteste a minha nova família ao barulho. 

- Hey, hey! - Elevo o tom de voz. - Ele também faz parte da família, não precisa de o tratar assim! 

- Nunca te devia ter trazido para cá. 

- Precisava sim. - Levanto-me do sofá. - Ele precisava, e precisou. O seu filho mudou. O Zayn mudou. Quando o conheci, eu simplesmente odiava-o. A sua maneira de ser, o seu comportamento, a sua forma de tratar as mulheres. Todavia, neste mês e meio, vi o Zayn se tornar outra pessoa. Uma pessoa em quem pode confiar, contar, rir, chorar, onde está segura independentemente do que aconteça. 

- Estás sempre a discutir com ele, não o defendas agora. - Yaser cospe as palavras.

- Defendo-o. Não interessa quantas vezes eu descuta com ele, porque até as discussões mudaram. O rancor do Zayn, a sua raiva no primeiro dia que me viu, é agora puro prazer em me melgar, algo que todos os irmãos fazem.

- Emma, por minha causa a tua mãe está feita refém, não me defendas. Eu sou uma merda...

Num impulso, colido a minha mão na cara de Zayn, fazendo os dois me olharem assustados. 

- Não te insultes, porque não tens culpa. Não foste tu que enfiaste a minha mãe naquele carro, que a raptaste, e que a levaste. Não foste tu que persuadiu pessoas a trabalharem contra a vontade própria. Não foste tu que abusaste de mulheres. Não foste tu que destruiu a vida de imensas pessoas. Foi ele, não tu. A merda é ele, não tu. - A minha voz sai de uma maneira tão calma, mas tão agressiva, que mais ninguém teve coragem de me enfrentar.

Zayn deu-me um beijo na testa, deixando-me confusa. 

- Vou resgatar a tua mãe, prometo. - A sua voz sai de uma maneira rouca, como se ele estivesse a conter as lágrimas.

Percebi o que ele ia fazer uma loucura e corri atrás dele. 

- Zayn, espera! - Corro até ao jardim, travando-o mesmo em frente a um símbolo de coração, feito de rosas vermelhas, que fiz com a minha mãe no ano passado. - O que é que vais fazer?

- Vou ficar no lugar da tua mãe, prometo que tudo correrá bem. 

- Não! Não vais, não podes, não deixo! - Agarro-me ao seu casaco de cabedal. - Não o farás, não sozinho. 

- O quê? Emma, tu não vais comigo. 

- Vai uma aposta? Vamos buscar a minha mãe e sair os três de lá inteiros. 

- Não vais comigo, fim de conversa.

- Eu sempre consigo o que quero, não duvides Zayn. Não te deixarei ir sozinho, podes me bater, levar-me ao colo para dentro, e até amarrar-me. Eu irei perseguir-te.

- Emma...

- Ela é minha mãe! - Berro, fazendo-o finalmente se calar. - Minha mãe, meu problema! 

Sinto uma lágrima escorrer pelo meu olho e quando a ia limpar, Zayn fá-lo por mim. 

- Tudo bem... - Suspira. - Mas eu não te quero perder... ele é capaz de tudo... 

- Zayn, da última vez eu estava amarrada, porque se não, ele iria para a prisão por mim, acredita. Podes achar que sou indefesa, porém tenho sempre um truque na manga quando se trata disto. Garanto-te, que ele pagará se me tocar novamente. Não serei a Emma fraca que tu conheces e salvaste. Serei um animal, e acredita Zayn, eu sei sê-lo.

O meu namorado não se manifesta, invés disso, andou até ao seu carro e abriu a porta do lugar da pendura,  dando-me permissão para entrar. 







Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora