Cap. 25 - Escolha.

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Emma

Fechei a porta de casa e suspirei ao ouvir um estrondo no chão. Zayn tinha caído, pela trigésima quinta vez. Foi uma após outra que, para me tentar distrair e ignorar as suas barbaridades, passei a contar cada queda que este dava.

- Zayn, dobra as pernas e fica de joelhos para eu te ajudar, está bem? 

Sim, o Zayn está num estado tão lastimável que é preciso explicar-lhe tudo, e quando digo tudo é tudo, para ele conseguir dar um passo. 

- Estou tão bem no chão. - Fala pausadamente, rindo-se. - Olha, sei fazer anjinhos! - Diz, fazendo altos no tapete e esticando os braços, fazendo um movimento repetitivo de cima para baixo com os mesmos.

- Que lindos, agora vamos, vais ficar cheio de neve. 

- Emma burra, isto não é neve, é um chão! - Exclama, rindo-se da minha suposta burrice. 

Coloquei a mão à cabeça. Estou exausta. Tive de vir a pé porque ainda não tenho carta, ainda por cima ele pesa mais que eu. Obeso, tive de o carregar o caminho todo para casa.

- Desculpa. - O meu olhar fita o dele. - Desculpa por te ter puxado os cabelos. - Nos seus olhos surgem lágrimas.

- Zayn... - Murmuro. - Eu já te desculpei à que tempos, porque é que estás a chorar?

- Hoje no baile disseste que não me amavas e para eu desistir. - O seu choro torna-se incontrolável, porém eu desato-me a rir. 

- Zayn, eu disse isso ao Harry. - O meu riso deixa de ser audível quando começo a ligar as peças do puzzle. - Foste tu que te mascaras-te? Foste tu que me beijaste? 


Silêncio. 


- Zayn, porque fizeste isso? - A minha voz faz-se ouvir por todos os cantos da casa devido a tê-la elevado um pouco.

- Porque quando fodo uma gaja vejo-te a ti e tu pões-me a cabeça fodida. - Uma vez mais, as suas gargalhadas fazem-se ouvir, desta vez, de uma maneira ainda mais estranha. O seu riso passa agora a ser fino, como o de uma menina, e incontrolável.

Zayn. A cada dia fico sem saber o que fazer contigo. Entraste na minha vida com o objectivo de a estragar, para voltares para a tua casa. Mas agora... Agora fazes-me tão bem. Eu quero bater-lhe por ter bebido, por ter feito tal disparate, mas depois ele fala destas porcarias e eu... 

Eu rio-me. 

Se uma pessoa qualquer à um mês atrás dissesse que se tinha mascarado igual a um amigo meu porque me vê no corpo de umas gajas quaisquer, eu dava-lhe uma estalada. Mas eu quero rir, quero rir e bater-lhe. Eu não sei explicar. O Zayn é uma pessoa bipolar, e agora percebi que essa doença é contagiosa. 

O Zayn deixa-me, em uma palavra: Instável. Ele aproxima-se de mim e os meus braços e pernas deixam de ser controlados por mim, o meu cérebro deixa de raciocinar. Fraquejo diante dele. 

- Tens de ir tomar banho Zayn. Um banho bem gelado. - Acordo dos meus pensamentos, alertando-o. 

- Tomas comigo, Emma? - Os meus olhos arregalam-se e a minha boca abre-se. 

Dou-lhe um pontapé ou um murro?

- Tu és uma merda, Emma. - O meu coração dispara devido as palavras que Zayn profere. - Eu devia odiar-te, mas tu sorris feita idiota como se tudo estivesse bem e eu nunca lidei com algo assim. Tu responsabilizas-te por coisas que não fizeste, como naquele dia em que eu estava no telemóvel e disseste que foste tu que me mandaste uns vinte smiles. Tu dás esperança àqueles que já a perderam. E merda, não conheço a puta de uma pessoa que consiga fazer isso. Tu és uma merda, porque eu estou rendido a ti.

- Zayn, eu não estou a perce--

- Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém... Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... E ter paciência para que a vida faça o resto...  - Zayn profere, levantando-se, vagarosamente. - Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. 

O que é que o Zayn está a tentar dizer com as frases do William Shakespeare? De amor não pode estar a falar de certeza, somos irmãos, apenas irmãos... certo? Além disso ele pode ter as raparigas que quiser, nunca olharia para mim. 

Quando dou por mim, Zayn está frente a frente comigo. A sua mão toca levemente na minha cara. Os seus olhos ainda com uma réstia das lágrimas derramadas à pouco brilhavam intensamente. Mordo acidentalmente o lábio perante tal proximidade. Zayn aproxima a sua cara da minha, mas não me beijou, invés disso abraçou-me, abraçou-me com toda a força que depositava em si.

- Eu tentei, mas não aguento mais. Tu és a única que coloca o meu amigo grande. - Arregalo os olhos e coloco a minha mão nas suas costas. 

- Eu neste momento não sei se já estás sóbrio ou se ainda continuas bêbedo. - Ambos gargalhamos.

A sua cara coloca-se novamente frente a frente com a minha. Desta vez ainda mais próxima vez do que das últimas vezes. O meu corpo, novamente, petrificou. Eu sabia que era errado. Mas sabem que mais? Foda-se, eu não quero saber. Tenho quase dezoito, e já sei que decisões tomar. Se isso implicar envolver-me com o meu irmão... que seja.

Senti o nariz de Zayn roçar no meu e sabia que os seus lábios estavam praticamente a tocar nos meus. A sua respiração embatia na minha boca. Porém nenhum de nós avançava mais que isto. Ambos tínhamos medo de traçar um novo rumo na nossa história, de nos envolvermos sendo nós, agora, da mesma família. 

Cerrei ambas as minhas mãos. Iniciando assim o beijo. Nossos lábios, ao fim de tanto tempo, são finalmente colados na totalidade, movidos por ritmo insaciável. 

É isto que eu quero. Que venham as consequências.



Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora