Capítulo 22

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Lua decidiu se afastar dele e desses pensamentos malucos e confusos. Quebrou o clima dizendo:

- Bom, não entendi exatamente como eu posso lhe ajudar ou ambos nos ajudar mas acho que não sou a pessoa que procura.

Tiziano respeitou sua distância, afastou - se mais um pouco também, sentou no chão encostando - se num tronco.

- Também não acho que você seja a pessoa que procuro, mais tem algo em você, não sei o que, mais que o destino sempre torna a botar você de frente a mim. Então pretendo descobrir porque !

- Não sou ninguém - Abaixou o cenho e continuou - Pode ir cuidar da sua vida, não vou atrapalhar, como você mesmo disse; pessoas são distrações e eu não quero ser uma.

Ele a olhou preocupado...

- A floresta está muito escura, não tem medo de ficar sozinha ?

Lua caminhou até uma árvore de frente a onde ele estava, a uma certa distância e sentou ao chão como ele.

- Medo ! Engraçado, eu não sei lhe responder, do que eu tenho medo, ultimamente muitas coisas mim assombram. Mais agora posso constatar que a escuridão não é o pior dos medos.

Ele sorriu para si mesmo, não queria aceitar mais admirava ela.

- De qualquer forma ficarei aqui até que o dia chegue. Não seria educado de minha parte deixar uma dama sozinha, não sabemos o que pode aparecer.

- Tanto faz ! - Lua quis passar uma impressão que sua companhia não faria diferença alguma para ela, mais sim, fazia, estava muito aliviada por te-lo por perto.

Ambos se calaram, horas se passaram, a noite parecia mais longa que sempre era para Lua. Sono começou a lhe consumir, mas ela lutava contra o sono, queria está de olho em tudo, uma vez ou outra cochilava e sua cabeça tombava para frente, e segundos depois acordava assustada. A última cochilada não deu pra evitar o sobressalto de acordar espantada e bater a cabeça na árvore que acomodava suas costas.

- Aí !!! - Choramingou baixinho...

- Está tudo bem ? - Tiziano perguntou-lhe .

- Sim, sim, não foi nada - Mais não estava tudo tão bem assim, o corte na sua cabeça ainda doía muito, seus cabelos escondiam a ferida mas o sangue insistia em descer depois dessa batida na árvore. Tinha estancado mais com a pancada maguou.

- Tem certeza ? - ele insistiu.

- Estou bem, já disse.

Ele não ficou convencido, mais fingiu estar.
Lua botou seu capuz para esconder o sangue, ageitou um montinho de folhas e deitou para evitar outra pancada. Fechou os olhos e sofreu calada com muita dor até o sono lhe invadir.

Quase amanhecendo o dia, Lua se mexeu, estava dolorida, sentiu um facho de luz incomoda-la. Abriu os olhos e reparou que as estrelas já tinham ido e já já viria o sol. Tentou fechar os olhos e descançar mais um pouco, porém teve um estranho pressentimento de que alguém a observava por suas costas. Ouviu um suspiro e, depois, a voz baixa e suave:

- Desculpe, não pretendia acorda-la.

O coração de Lua disparou e ela se ergueu a fim de encara-lo. Seu capuz deslizou. Tiziano estava parado, rosto totalmente focado nela. Seu pulso acelerou-se ainda mais. Os olhos magnéticos dele, grandes, escuros e iluminados por uma emoção indefinível.
Qualquer que fosse aquela hora, ele parecia não ter dormido e ainda emanava a mesma força controlada.

- O que está fazendo aqui ? - ela balbuciou, chocada pela sensação de intimidade que a presença dele provocava, além de saber que ele a observava enquanto dormia.

Ele não respondeu. Andou devagar até o tronco que estava na noite passada, parou um pouco e depois voltou, o corpo movendo-se com determinação.

- Deixe-me vê seu rosto e cabeça - falou de repente - Preciso vê !

Lua fitou-o, atônita, imaginando que tipo de homem era aquele que chega do nada para lhe fazer uma exigência tão absurda.

- Agora ! - ele insistiu.

Lua fingiu não está ouvindo ele berrar, botou seu capuz de volta e deitou com o braço no rosto.
Num gesto rápido ele tirou o braço dela do rosto e segurou firme seu pulso. Ela estremeceu, ficou com medo dele. Virou o rosto o olhando de canto.

- Não precisa me olhar assim! - ele resmungou. - Não estou aqui para violenta-la. Apenas me mostre o que estou pedindo e te solto.

- Não... - Um gemido de horror escapou de Lua. Os olhos encheram- se de lágrimas, e ela se forçou-se a se mover, querendo fugir dali. - Não adianta, não vou lhe obedecer.

- Para com isso, Lua, me ouça! - pediu, os olhos angústiados procurando os dela. - Quero ajuda-la, e não magoa-la ainda mais.

- Não... não...

Lua negava, do fundo da alma, mas Tiziano não parecia compreender. Ao ver a dor nos olhos dela, abraçou-a, deslizando a mão gentilmente por sua garganta.

- Se está ferida me deixe ajudar, encontrarei o melhor especialista de qualquer dos mundos para te vê bem.

Ele a soltou devagar para que ela pudesse confiar em suas palavras. Escondeu seu rosto com as mãos, num gesto de desespero. Depois de um instante ergueu o rosto molhado em lágrimas.

- Aí está, pode olhar, se quiser. - Não se importava mais, pois ele já tinha invadido uma parte muito mais escondida que isso, o seu coração. - Pode olhar, minhas marcas e ferimentos, elas lhe dirão mais do que eu, sobre tudo o que tive de passar...

Se foram suas palavras, o desespero em sua voz o fizeram calar-se, ela não sabia nem se importava. Ele continuava sentado a seu lado, imóvel, ainda com os braços em torno dela. Ela respirava agitada e ofegante.

PazunisOnde histórias criam vida. Descubra agora