Batidas na porta fizeram Donatto acordar disleriado.
- O que é ? - Quem diabos vem me acordar, será que não posso ter o prazer de acordar por mim mesmo !
Donatto levantou ainda meio zonzo, cambaleante, de ressaca, a dor de cabeça estava insuportável. Abriu a porta e viu o rosto aflito de AMA.
- O que houve AMA ?
Ela pareceu nervosa em acordar seu patrão e ter que falar de suas preocupações, mas sua aflição era maior que o medo, então falou:
- Desculpe-me ter que acorda-lo senhor, mas é que .... Bom, eu sei que o senhor castigou a menina Lua por suas birras, mas é que, acho que ela já ficou muito tempo trancada no sótão e estar a tempo demais sem comida, não tive permissão de levar algo, mas mesmo não obtendo uma permissão fui vê-la para me certificar que estava bem. Estou preocupada senhor, a porta não abre. A chave simplesmente sumiu, não estava onde deveria e a menina Lua não faz nenhum som para demonstrar que está bem, a chamei por horas, bati a porta e o silêncio estar insuportável, por favor senhor, desculpe minha insolência mas verifique que ela está bem!
Donatto pareceu confuso, não lembrava direito o que havia acontecido na noite anterior, mas estava certo que já havia tirado Lua de lá, passou a mão nos cabelos pensativo.
- Tudo bem AMA, vou lá verificar. Onde está TYNY ?
- Não sei senhor, também não a encontro.
Não saber de TYNY o deixou intrigado. - Tudo bem, vá preparar um banho e algo forte para Lua comer, vou encerrar seu castigo.
AMA pareceu aliviada, agradeceu e foi fazer as tarefas ordenadas.
Donatto estava suando, a ressaca lhe consumia, mas enfim, colocou uma camisa e seguiu para o sótão. A porta estava trancada, muito estranho. Essa porta só era trancada por ele quando necessário e quando isso acontecia a chave ficava em seu bolso, mas quase sempre ele não trancava, a chave ficava num cômodo perto da porta na gaveta do meio. Ele sabia que não precisava trancar para que Lua obedecesse. Ele não devia por seus instintos confiar em Lua, mas seu coração confiava, então não entendia porque a porta estava fechada e a chave sumido. Forçou abrir, nada. Chamou por Lua... Nada. Então decidiu usar a força do seu corpo forte. Foram uns três chutões e empurrões até que a porta abriu. Donatto desceu toda escadaria e mesmo sem muita iluminação pode vê Lua esticada ao chão, sangue jorrava de sua cabeça e sua cor quase não se notava. Correu até ela, sentiu seu pulso e coração bater fraco e mesmo pálido e preocupado ficou aliviado por ouvir as pequenas batidas.
Apressadamente a colocou nos braços e correu com ela o mais rápido que pode. Donatto nunca, nunca quis tanto salvar a vida de alguém como ele queria com Lua. Só o pensamento de perde-la lhe consumia todo o corpo com uma dor inexplicável e insuportável. Correndo com ela nos braços deu de cara com AMA no corredor.
- Hooo, meu Deus! - Senhor que houve com a menina.
AMA já se inundava em lágrimas.
- Não sei AMA, vamos não fique aí parada, pegue uma toalha limpa para tampar o ferimento da cabeça. Você vai comigo. Vamos para o hospital.
AMA se acomodou no banco traseiro do carro. Lua quase sem cor estava deitada em seu corpo fraco e idoso. AMA segurava a toalha em sua cabeça e chorava sem parar. Donatto parecia um louco dirigindo pela cidade. Ultrapassou todos os sinais e ruas proibidas.
Depois de algumas horas pode chegar ao hospital desejado, o melhor.
Entrou com ela nos braços, gritando por ajuda. Depois disso foram horas que se seguiu de muita angústia e aflição. Lua foi direto para o centro cirúrgico.
AMA foi para a capela orar com toda sua fé e devoção a Deus.
E Donatto, bom, esse aí que não tinha fé nenhuma, só pode esperar e se culpar por tudo que estava acontecendo.Donatto ficou a todo momento andando de um lado para o outro em frente ao centro cirúrgico esperando por notícias. Depois de um extenso tempo de espera um médico saiu da sala em busca de parentes de Lua para passar a situação. Logo Donatto se apresentou, se cumprimentaram, e o médico foi direto ao ponto.
- Sou o Dr. Maley ! Neurocirurgião. A cirurgia foi muito delicada, a paciente pelo que vi no prontuário levou queda de uma certa altura, com essa queda, toda a pancada foi direcionada a cabeça. O dano não foi pouco. Ela sofreu o que chamamos de Encefalite.
AMA chorava de soluçar e Donatto parecia não assimilar nada que estava sendo dito. Ele estava em choque, não acreditava que esse castigo poderia levar a algo tão sério.
- Doutor, o que exatamente significa Encefalite ? É grave ? Tem cura ? Pode ser franco.
- Encefalite é uma inflamação e infecção do cérebro desencadeada geralmente por um vírus e que as vezes pode ser fatal. Não quero alarmar vocês, mas estejam preparados para tudo.
Ainda não se sabe ao acerto o que a contaminou, existem muitos fatores como: Inspiração de goticulas respiratória de uma pessoa contaminada, alimentos ou bebidas contaminados, picadas de mosquitos, carrapatos ou outros insetos e contato com a pela, seu sangue já foi para análise e uma biópsia também está sendo feita.- Mais Doutor - AMA falou choramingando - A menina nunca sai, eu mesma cuido da sua alimentação, eu a protejo com o que posso, como ela pode adquirir esse vírus ?
- Senhora, a Encefalite pode se desenvolver a qualquer pessoa, existem fatores que são mais comuns como : Idade, baixa imunidade, regiões geográficas e época do ano. Esses são apenas alguns, mais são inúmeros opções para que ela tenha adquirido. No momento ela encontra-se em coma. Não podemos fazer nada além de esperar, a cirurgia foi um sucesso, o que tinha de ser feito foi, mais agora depende da paciente querer viver, ser forte, lutar para acordar e de Deus que é nosso maior instrumento para se salvar vidas.
Donatto não falava mais nada, seu estado de choque estava nítido.
- Podemos vê-la doutor ? AMA quis saber.
- Hoje não! Ela está na UTI. Passou por um procedimento longo e complicado. Ficará em observação constante. Vão pra casa, tomem um banho e então se quiserem retorne, mais vê-la até então está fora da minha possibilidade. Quanto menos contato com outras pessoas melhor para sua recuperação.
AMA o abraçou chorando.
- Obrigado por tudo Doutor! Tenho fé em Deus que ele a trará de volta.
- Não precisa agradecer, e continue com sua fé. Quando Deus não quer, ninguém nada faz. Vamos torcer.
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Pazunis
FantasyLua Casey vivia mais um dia em sua pequena torre. Seu " conto de fadas " poderia ser comparado a Rapunzel: Presa e sozinha . A única diferença é que a Rapunzel não precisava sair da sua torre direto para um palco todas as noites, onde todos a sua v...