Capítulo 16 - Defesa

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            Logo que comprei o novo biquíni fui à praia com Joy, eu queria passar o dia todo no sol, fui repreendida por ela, chegamos a discutir.

            - Queta, já é quase uma hora da tarde, chegamos à praia antes das nove da manhã, acho melhor ir embora.

            - Poxa Joy você sempre reclamou comigo que eu ficava logo querendo ir embora, ou que eu não prestava a atenção em nada, só queria ficar na barraca lendo, e hoje que estou deitada ao sol você já quer ir embora.

            - Eu não quero ir embora por você hoje estar no sol, eu quero ir embora por estar na hora, por estar quente, por já estarmos queimadas e por eu estar sim preocupada com você. Está querendo pegar a cor que deixou de pegar esses anos todos num dia. Olha eu estou indo embora, se você quiser ficar você fica, mas amanhã eu venho à praia e sei que você não virá por não conseguir nem andar.

            - Caramba Joy eu nem queimei um pouco ainda.

            - Não? Você acha que não? Está uma leitoa rosa.

            Senti-me muito mal ao a ouvir dizer o que disse, sei que ela no auge de uma discussão não mede suas palavras, sei que não estou na melhor forma, sei que tenho alguns quilos a mais, mas me chamar de leitoa, isso magoa.

            - Está bem, acho que não tenho mesmo que ficar com alguém que me ofende como você está fazendo.

            - Eu te ofendendo Henriqueta? Por ter dito que está na cor de uma leitoa? Eu poderia ter dito como um tomate, ou um camarão.

            - Você disse leitoa por eu estar gorda.

            - Olha você pense o que você quiser pensar, eu só disse por estar preocupada com você, eu tenho vindo muito mais à praia do que você e sou mais morena que você e já tem mais de hora que estou na barraca, agora se acha que estou te sacaneando é problema seu. Eu vou embora.

            Ela levantou da cadeira e foi para a água para encher a garrafinha para poder lavar os pés no calçadão, eu fiquei olhando-a caminhar, seu belo bronzeado o corpo torneado, a bunda durinha, poxa eu não sou como ela, não nasci como ela, eu ralo estudando, ela tem tempo de ir para a academia, para a praia, os pais dela têm condições de dar isso a ela, mas ela está certa, não é da noite para o dia que eu vou ficar bronzeada, não é da noite para o dia que essa barriga vai sumir.

            Fico olhando-a voltar molhada, os cabelos escorridos, os seios firmes, vejo como alguns acompanham o caminhar dela, tenho inveja dela, mas uma boa inveja, que bom que ela é assim.

            - Desculpe Joy, você tem razão.

            - Olha Henriqueta, você faz o que quiser você é uma mulher de mais de 30 anos, com pós-graduação e o que mais eu sei, e não sou eu que nem consegui acabar uma graduação que vou te dizer o que deve e o que não deve fazer, mas eu tenho mais experiência do que você em vagabundagem de praia, já sofri com queimaduras de sol e não tenho essa pele de pêssego que você tem.

            Ela pegou suas coisas e foi embora, não me deu a menor oportunidade de falar nada, mas uma coisa eu percebi, eu a invejo em algumas coisas e descobri que ela também tem alguma inveja de mim.

            Juntei tudo o mais rápido que pude e saí atrás dela, nem calcei as havaianas, queria correr atrás dela, a areia estava quente, até eu alcançar a trilha de areia molhada, pela mangueira que a barraca que fica no local da praia que fomos, que chega até o calçadão eu senti meus pés queimarem.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora