Capítulo 66 - Esgueirando-se nas sombras

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            Arrumamos-nos, agasalhei-me e antes de sairmos da casa ele foi até a janela que dá para a rua, sem acender as luzes, eu sabia que ele estava querendo certificar-se de que não haveria ninguém por ali, pelo menos alguém que estivesse visível.

            - Dono acha que ela pode estar lá fora?

            - Ela ou alguém contratado por ela, Vivienne depois da morte do Oris ficou numa situação bem confortável, ela foi a única herdeira dele. Então ela dispõe de posses para contratar certo tipo de pessoas.

            Senti um calafrio percorrer o meu corpo, mas nada disse, apenas acompanhei-o ao sair de casa. Caminhamos sempre olhando para os lados e para trás, tínhamos os dois a sensação de que poderiam estar esgueirando-se em nosso encalço.

            Mas nada aconteceu, fomos a um pub, conversamos sobre a apresentação que eu deveria fazer, trocávamos algumas carícias por debaixo da mesa, pernas se tocando, olhares insinuantes, estava sendo-me mais agradável essa postura de não termos a relação tão compartimentada, tudo tão estanque, agora é hora de ser orientanda e orientador, agora fecha essa gaveta e abre a de Dono e submissa.

            - Sabe de uma coisa, essa questão da Vivienne até que está servindo para que possamos estar tratando de todos os assuntos juntos, aqui e a gora estou como Queta de Hunter, mas podemos falar de trabalho e isso está sendo tão natural.

            - Menina, eu não sei se eu botaria isso na conta dela, talvez eu bote mais na conta do seu reconhecimento, de você ter se mostrado a profissional que é e que eu esperava que surgisse de você.

            Olhei para ele com uma sensação de alegria, então tudo se deve a mim, isso me faz pensar que talvez um dia possamos não passar a esconder mais nada. Eu possa estar nos lugares como mais do que aluna dele, e em outros eu possa ser apresentada como posse dele.

            - Obrigada.

            - Até agora o que eu esperava que surgisse de você está acontecendo, e algumas vezes até mesmo melhor e mais rápido do que eu esperava.

            Toda a tensão que estávamos sentindo ao sairmos de casa sumiu, o problema é que a bebida pegou um pouco mais e logo eu comecei a sentir os efeitos, não eu não estava bêbada, mas soltinha, rindo com facilidade e ele percebeu isso.

            - Acho que está na hora de voltarmos para casa.

            - Já?

            - Já sim.

            - Mas está bom aqui, estou feliz em podermos estar assim.

            - Nós vamos embora.

            - Tá bom.

            Fiz um beicinho, estava sentindo-me meio traquina, sentia-me livre de tudo.

            - Você sabe muito bem que não gosto que me responda com tá bom, tá bem.

             Senti seus dedos apertarem minha coxa. Não disse mais nada entendi perfeitamente o recado, ele pagou a conta e saímos para a noite fria, para minha sorte ele tinha acabado de passar o braço pelo meu ombro para me aquecer, pois eu desci do meio fio para atravessar a rua e fui puxada por ele no momento que um carro passou, até mesmo com certa velocidade, junto ao meio fio.

            Assustada eu olhai para ele, senti o deslocamento do ar em meu rosto, meu coração acelerou, o susto foi grande. Ele olhou para mim e apontou para o chão.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora