Sentado em meu skiff enquanto corto as águas do Tâmisa e sinto cada músculo de meu corpo trabalhar a cada movimentação de braços e pernas buscando a melhor remada minha e enquanto o suor molha minha camisa e escorre por meu rosto a minha cabeça está às voltas
com os pensamentos no que estou em busca nesse momento de minha vida, nas minhas necessidades e no meu real interesse. E Henriqueta é o ponto desse meu pensamento.
Estou achando que realmente foi muito bom não ter-me encontrado com ela nessa última terça-feira, não sei se ela me pediria para conversar em outro momento e eu certamente estaria esperando que ela o fizesse, e não acontecendo eu tenderia a começar a esfriar em minhas expectativas e conheço-me perfeitamente para saber que quando algo não está do meu agrado ou caminha como imagino eu não vejo muito significado em investir esforços, a não ser que eu consiga vislumbrar como um obstáculo a ser vencido. Mas no caso de Henriqueta o único obstáculo é ela mesma, e é ela quem precisa vencer esse obstáculo.
Quando eu deixei a pergunta para que ela me respondesse depois de muito pensar poderia ter-lhe feito uma outra e que certamente também seria crucial, mas preferi guarda-la para um outro momento, caso fosse necessária, o que estou acreditando que seja. E é uma pergunta, na verdade várias perguntas que podem ser embutidas em uma só, pois em todas se apresenta o mesmo questionamento, e que até um certo ponto muito simples de se ter uma resposta imediata, mas que ao mesmo tempo a fará pensar muito em tudo o que aconteceu.
E essa pergunta resumiria-se a: Você teria ido almoçar comigo no dia do esbarrão se eu a tivesse apenas convidado? E dessa pergunta poderíamos ter todas essas: Teria aceito o jantar se eu só a tivesse convidado? Teria saído comigo se fosse só um convite? O fato de eu determinar tudo fez diferença?
Eu sei as respostas, certamente que eu teria passado apenas como um professor que esbarrou numa aluna, que houve uma troca de olhares e nada mais, ainda por cima com a diferença de idades. Sei bem que há muitos casos de envolvimento de professores ou professoras com alunas ou alunos, mas que ocorrem por conta de um contato mais duradouro. E nesse caso simplesmente se daria as costas, talvez uma olhada para trás e mais nada.
Talvez eu precise realmente deixar essas perguntas na cabeça dela, a não ser que ela esteja formulando-as a ela mesma, algo que na verdade eu gostaria, mas que claramente eu não acredito que isso venha a ocorrer.
Absorto em meus pensamentos distraio-me dos remos e isso quase me faz virar o barco, no último instante consigo equilibrar-me volto a focar no que estou fazendo. Intensifico cada vez mais as remadas, estou agora concentrado novamente meus batimentos cardíacos sobem estou numa disputa contra mim mesmo passo a impor um ritmo de 35 remadas por minuto uma média muito boa para minha idade. Meu sistema cardiorrespiratório está sendo exigido assim como os músculos das pernas em um movimento de vai e vem em consonância com os braços, as mãos seguram firmemente os remos e sentem sua vibração contra a água, mantenho o ritmo o quanto posso para finalmente deixar todo o meu corpo recuperar-se de tremendo esforço, ao som da água batendo contra o casco busco acalmar todo o meu corpo, sinto os braços e pernas inchados todo o abdome ainda contraído, uma sensação de satisfação me invade, as endorfinas correm por minhas veias, gosto quando consigo ter um início de dia assim.
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Correntes de uma Libertação
Chick-LitUma jovem e promissora pós graduanda. Um Homem mais velho e misterioso. Um dia de calor, um encontro fortuito e de uma forma inusitada. O que poderia atrair seres tão diferentes? Ela uma feminista envolvida com movimentos em busca de um mund...