Capítulo 6 - Nada

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            Fui para a universidade focada, sabia que precisava completar meu trabalho, faltava muito pouco, mas aquele era meu último dia e ainda queria revisar algumas coisas. Não escolhi uma saia para vestir, não podia pensar no que vinha me fazendo mudar de foco.

            Trabalhei, trabalhei, trabalhei e no final do dia estava satisfeita comigo mesma, fui para a sala do meu orientador o Professor Lobstein, bati na porta.

           - Boa tarde professor...

            Não consegui terminar a frase, não esperava encontrar o que encontrei, ele estava lá aqueles olhos azuis estavam lá e me olharam de cima a baixo.

           - Professor Lobstein, Professor Hunter, me desculpem-me não sabia que estavam reunidos, vim apenas entregar meu trabalho, vou deixa-lo sobre sua mesa.

            Coloquei, como eu disse, sobre a mesa do meu orientador e virando-me para a porta despedi-me e saí do gabinete dele antes que qualquer um pudesse dizer qualquer coisa, andei pelo corredor o mais rápido que podia, mas sem correr, virei a direita no final dele e parei, escondida e eu coloquei parte do meu rosto, apenas o suficiente para que meus olhos pudessem ver a porta da sala do meu orientador, no fundo eu esperava que ele saísse, que viesse atrás de mim, mas nada, nada mesmo aconteceu.

            Feliz por finalmente ter entregue a versão final do meu trabalho ao mesmo tempo que desapontada por ter estado frente a frente com ele e não ter ouvido uma palavra dele, nem sequer um simples movimento seu, de início pensei que ele pudesse estar lá por saber que eu iria entregar o meu trabalho, mas depois percebi o quão presunçosa eu estava sendo, claro que ele não estava lá por mim, me fez almoçar e jantar com ele, na verdade me obrigou uma vez que não me deu opção e agora simplesmente me ignorou, acho que ele precisava da presença de alguém para não jantar sozinho.

            Como detesto esse homem, ou melhor como eu me detesto por estar agindo da forma que estou, ainda bem que não vou mais precisar vir aqui durante toda a próxima semana, não quero mais cruzar com ele, não quero deixar mais aqueles olhos azuis determinarem o que vou fazer ou não.

            - Alô, oi Joy, acabei de entregar meu trabalho.

            - Sim entreguei a versão final dele, estou livre, quero sair, quero encher a cara. Vou passar aí na sua casa.

            Vou direto para a casa dela, estou determinada a afastar de vez aqueles olhos de minha frente, quero apagar de minha vida esses dias de loucura, dias que deixei de ser eu mesma.

            - Oi Dona Suely, Joy está?

            - Oi minha filha, está sim tá no quarto, passou o dia lá com aqueles fones, vê se você consegue colocar algum juízo naquela cabeça.

            Sorri e a beijei, quantas e quantas vezes eu já ouvi ela me pedir isso. Entrei ela estava deitada na cama, pés na parede, grandes fones brancos de ouvido, ela nem percebeu que entrei, continuou ali só de calcinha, parei na porta e a admirei, minha grande amiga é uma linda mulher sem sombra de dúvida, tenho uma inveja boa dela, acho que ela tem os seios e os olhos mais bonitos que eu já vi. 

            Pulei na cama, ela arrancou os fones.

            - Porra Queta, quer me matar de susto?

            - Se a casa estivesse pegando fogo ou algum bandido entrasse você nem notaria.

            - Ia notar quando um bombeiro, forte com braços musculosos me pegasse no colo e me salvasse.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora