Estou de volta a Inglaterra preparando-me para um jantar com alguns membros de uma confraria que frequento, para mim é uma confraria normal, o que acredito não venha a ser para muitos, mas é o meu estilo de vida.Sou um Dominador, já há muitos anos descobri o mundo BDSM, levei um certo tempo para conseguir entender bem o que seria ser um Dominador, foram anos buscando esse conhecimento, tentando entender coisas vivenciadas em meu passado, na adolescência quando todos os hormônios estão em ebulição. Entender o motivo de certas imagens me excitarem, como por exemplo num simples filme de bangue-bangue ou far west, em que a mocinha era presa amarrada por bandidos ou índios, eram cenas que me chamavam a atenção, faziam minha libido crescer.
Mas era uma época em que se tinha pouco acesso a informações, não se conversava, com ninguém abertamente sobre certos temas principalmente os ligados a sexo ou o que hoje chamamos de fetiches, a primeira vez que vi algo relacionado ao BDSM, foi numa dessas revistas importadas que mostravam fotos de atos sexuais, era uma mulher ajoelhada, nua e olhava para alguém com um olhar que na época eu não consegui decifrar, ela portava uma coleira.
Hoje eu sei o que sou, me aceito como o que sou, gosto do que sou apesar de saber que muitas pessoas pelo mundo todo verem isso como algo anormal. Como Dominador eu aprecio a submissão de quem tenho na relação, não uma submissão por temer um castigo, ou apenas para agradar, submissão apenas para agradar ao parceiro eu vejo como um fetiche ou até mesmo como forma de segurar uma relação, mas isso nunca vai ser verdadeiro.
Para mim uma submissa sempre foi uma submissa em sua existência, claro que ela poderá descobrir isso em qualquer momento de sua existência, e após ter essa descoberta vem a parte mais difícil que é aceitar-se como uma. Algumas vezes já fui abordado com algumas perguntas - "Como eu sei que sou uma submissa? Como eu faço para ser uma submissa?" - E eu sempre respondo para a primeira pergunta que não sem tem uma receita para se descobrir uma submissa, claro que certos gestos, certas posturas podem mostrar algo a quem tem uma longa estrada percorrida. Agora com relação à segunda eu sempre respondo que não se cria uma submissa e sim a descobre.
A humanidade está cheia de povos que foram submissos a outros, derrotados em batalhas, mas essa é uma submissão imposta, é uma submissão que é aceita e vista como sendo o menor dos males, é uma submissão por medo, tenho ultimamente me aventurado no estudo da submissão, procurado entender os verdadeiros motivos, um interesse pessoal e ao mesmo tempo acadêmico.
Eu gosto da submissão que é espontânea, da entrega verdadeira, de ter prazer nessa entrega, de pertencer literalmente e com isso estar disposta a moldar-se aos desejos daquele a quem se entrega, mesmo que para isso ela esteja sujeita a diversos tipos de disciplinação, tem que ser inerente a essa pessoa a felicidade em servir ao seu Dono ou que nome que queiram dar.
Estava eu falando sobre a ida a um jantar quando fiz esse pequeno desvio para dizer sobre o que sou e gosto. E após esse breve explanação fica claro que é uma confraria de pessoas que vivenciam o mesmo que eu, é uma confraria com a participação apenas dos Top, que é o termo usado no meio para denominar os que são Dominadores, Dominantes, Masters, Dommes e outros termos a mais e que sejam de escolha individual.
Os encontros da confraria tem uma certa formalidade, os membros estão sempre de terno e gravata, eu escolho um terno escuro, na verdade não gosto de ternos claros, camisa branca com um gravata azul, Christopher é adepto do uso de gravatas borboletas, chegou a presentear-me com duas, eu bem tentei usar, mas não me agrada, a não ser quando preciso usar um smoking.
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Correntes de uma Libertação
Literatura FemininaUma jovem e promissora pós graduanda. Um Homem mais velho e misterioso. Um dia de calor, um encontro fortuito e de uma forma inusitada. O que poderia atrair seres tão diferentes? Ela uma feminista envolvida com movimentos em busca de um mund...