- Eu não acredito que essa moça tão sem sal está saindo agora daqui acompanhada do Dono que eu tanto quero.
- É Vivienne parece que nada do que você imaginou deu certo e no final das contas quem pagou o pato fui eu.
- Eu sei minha amiga eu reconheço tudo o que tens feito para me ajudar e ter levado todas as vinte varadas, sei como deve estar.
- É estou marcada e são marcas feitas pelo meu Senhor, mas não são marcas que me orgulho delas, sei o quanto o irritei e depois quando vi que ele convidou o Senhor Albert e nem nos disse nada eu percebi que meu erro foi muito maior e nada do que queríamos aconteceu.
- Estou sentindo-me mal por você Cristel e acho que o Senhor Christopher irá puni-la mais, mas você sabe que eu não consigo tirar esse homem da minha cabeça, você sabe que eu o conheci já faz quatro anos na casa do meu ex-Senhor, que esteja em um bom lugar, e quando eu abri a porta para ele meu coração quase parou, eu não sabia o que fazer o que dizer e muito menos como recebê-lo.
- Eu sei o que você passou esses anos.
- Meu Senhor me iniciou, cuidou de mim e me mostrou tudo o que eu sou, passei três anos de minha vida em que eu só tinha a imagem dele, até que o Senhor Hunter apareceu naquela fria noite de inverno, quando ele tirou o cachecol e o seu sobretudo e os me entregou minha vida inteira mudou. Eu passei a sentir que um dia eu passaria a pertencer a ele, naquele momento eu sabia que bastaria um gesto dele para eu tirar a coleira que usava, que eu deixaria tudo o que eu tinha e estava acostumada para segui-lo.
- Eu entendo você Vivi, sei como é olhar para alguém e sentir nossa vida mudar cento e oitenta graus. Aconteceu comigo quando conheci meu Senhor e minha irmã de coleira, sei como o queria e o que tive que aceitar para usar sua coleira, são coisas que não conseguimos explicar, muitas vezes eu não consigo explicar a mim mesma o motivo de querer um Dominador que já tem uma submissa, é claro que eu sabia que ela me aceitaria para agradar a ele, ainda mais eu chegando depois de dez anos de relação dos dois, mas eu sempre soube meu lugar e mantenho-me nele, não tenho por que desafiar a Suzanne, sei que ela é a preferida, eu gosto dela sei que ela passou a gostar de mim e aprendemos a conviver bem.
- Eu não me importaria se o Senhor Hunter já tivesse outra, eu também aceitaria e compreenderia como você fez, mas ele não tinha ninguém quando eu o conheci eu vi como ele me olhou, como ele olhou para minha coleira e o pingente com o L do meu Senhor, aquela noite foi a pior noite da minha vida, eu tinha tantas coisas a fazer, tantas pessoas a receber e não conseguia tirar meus olhos de um único homem de terno cinza chumbo, camisa branca, gravata azul, sapatos negros como as asas de uma graúna e tão bem encerados que pareciam espelhos, mas o que não me deixava tirar meus olhos dele eram os olhos dele.
- Imagino como deve ser sofrido para uma submissa que até aquele momento se devotava a alguém e passar a sentir o que você sentiu.
- Não eu acho que você não consegue imaginar não, é algo que eu não gostaria que nenhuma outra sentisse, o sentimento de traição é o pior de tudo e nunca foi uma traição física, foram apenas pensamentos. Foram os dois piores meses de minha vida e então aconteceu o acidente que levou meu Senhor, por algum tempo no sofrimento eu me esqueci do Senhor Hunter, mas ao ver alguns meses depois uma foto dele numa reportagem que falava de uma pesquisa, mesmo sendo um foto antiga, eu me senti reviver e naquele momento senti-me a caça do caçador.
- Sei o quanto o desejas e foi por isso que dessa vez eu fui contra as determinações de meu Senhor, eu gosto de você Vivienne e quero te ajudar, mas depois de hoje não sei bem o que fazer, o que poderíamos fazer?
- Eu não consigo entender o que ele vê nela que não consegue ver em mim. Será por ela nunca ter tido um Dono? Será que ele apenas quer uma virgem de coleira? Ela não é mais bonita do que eu, apesar de tentar parecer uma ela não é.
- Mas ela nos enfrentou no momento que chamou o Senhor Hunter de senhor dela, viu a forma como ela disse - "Meu Senhor"? - Como ela nos olhou? Eu ali vi que ela dizia o que sentia.
- Pode ser Cristel que ela verdadeiramente sinta, mas ela não é para ele, não é mesmo ela não tem o que ele precisa de verdade.
- E você acha que você é?
- Eu sou eu sei que eu sou eu nasci para ser dele, eu sinto isso desde a primeira vez que eu o vi, só naquele dia quando eu o conheci a minha vida passou a ter um verdadeiro sentido, eu sinto que eu sou o que ele precisa.
- Mas minha amiga eu acho que agora você não tem mais o que fazer, ele já fez a escolha dele.
- Ele está fazendo a escolha errada, por alguma razão ele está enfeitiçado por ela. Certamente que ela fez alguma coisa com ele, nesse pouco tempo que ele esteve no Brasil ela fez alguma coisa.
- E você acredita nisso?
- Eu não sei no que eu acredito, só sei que eu sinto que ela fez alguma coisa e eu vou descobrir.
- Você até me assusta falando dessa forma.
- Não é você que tem que ficar assustada Cristel, é ela que tem que ficar sim, não me dou por vencida, ela pode ter ganhado essa batalha, mas a guerra eu ganharei e vou usar todas as armas que eu puder para tê-lo, não importa quais sejam, ele vai ser meu aconteça o que acontecer.
- Olha o que você está dizendo Vivienne.
- Eu sei muito bem o que estou dizendo, sei o que eu quero e tenho como descobrir coisas sobre ela e vou saber como fazer isso, e além do mais você não acha estranho que ela tenha vindo como aluna dele? Para mim isso parece uma armação deles.
- Você está dizendo que acha que ele só aceitou ela para a ter como sua submissa?
- Não sei Cristel, eu não sei, imagino que não pois não me parece algo que ele faria, mas ela pode ter forjado alguma coisa para parecer para ele que ela merecia vir, e sempre vai ter essa dúvida se ela está aqui por esse motivo e eu posso lançar essas dúvidas, eu sei que eu posso.
- Então você vai prejudicar a ela deixando isso escapar por aí, mas também vai acabar prejudicando ao Senhor Hunter.
- Eu não quero prejudicá-lo, mas se eu não tiver outra alternativa.
- Vamos mudar de assunto minha irmã está vindo aí.
- Vivienne o Senhor Albert está indo embora e meu Senhor pediu que ele fizesse a gentileza de levá-la em casa.
- Mas eu achei que talvez eu pudesse passar essa noite aqui.
- Você é uma grande amiga de minha irmã, mas acho que hoje não seria o melhor momento para isso, você sabe, ou deveria saber, pelo que Cristel já passou ontem à noite e hoje pela manhã por conta de ter feito o que fez por você.
- Eu sei, e sou grata a ela, você tem razão aceitarei a gentileza do Senhor Albert.
- Vou avisá-lo então.
- Obrigada Suzanne.
- É melhor mesmo você ir.
- Sim é, mas você pode apostar que muita coisa ainda vai mudar, muita coisa vai acontecer, ainda vou tirar ela da vida dele, de uma forma ou de outra.
- O Senhor Albert está se despedindo já à porta.
- É melhor eu ir então Cristel, não quero que tenhas mais problemas por minha causa.
- Fique tranquila, não me arrependo do que eu fiz e pode contar comigo. Voltaremos a conversar e me diz o que está pensando. Uma boa noite Vivienne.
- Boa noite Cristel, mais uma vez obrigada minha amiga.
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Correntes de uma Libertação
Chick-LitUma jovem e promissora pós graduanda. Um Homem mais velho e misterioso. Um dia de calor, um encontro fortuito e de uma forma inusitada. O que poderia atrair seres tão diferentes? Ela uma feminista envolvida com movimentos em busca de um mund...