Capítulo 1 - Um Esbarrão

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            Minha vida está completamente atribulada, estou terminando meu doutoramento, meu prazo quase terminando, mas ainda não estou satisfeita com as conclusões que estou tendo, meu Professor o Dr. Lobstein tem me colocado contra a parede, e ele está sempre me cobrando para que lhe entregue o meu trabalho para sua última avaliação para que, com a sua aprovação, eu possa imprimi-lo para encaminhar para a banca composta por cinco membros entre eles o meu orientador, a maior preocupação dele é conseguir que os nomes propostos por ele estejam disponíveis e queiram aceitar essa tarefa.

            Prometi-lhe que até o final da semana que vem meu trabalho estará sobre sua mesa, mas algo me dizia que alguma coisa não estava certa, voltei a pesquisar alguns artigos científicos que não havia conseguido, e fiquei surpresa ao ver que um deles estava disponível na biblioteca, estranhei não o tê-lo encontrado em todas as minhas pesquisas anteriores. No mesmo dia fui à biblioteca, com ele em mãos vi que era o elo que eu precisava para o fechamento de minha conclusão, mas incluir essa nova bibliografia iria demandar um esforço para alterar toda a sequência das duzentas e oitenta e cinco citações, numa primeira avaliação percebi que ela seria a décima quinta ou décima sexta e depois precisaria rever no corpo do trabalho toda a numeração referente a cada citação bibliográfica, mas eu precisava incluir esse artigo.

            Passei horas na biblioteca, lendo e relendo, modificando um parágrafo ou outro que nem me dei conta do horário, estava novamente atrasada para ir ao dentista, não tinha mais como desmarcar, eu já não tinha mais justificativas para dar, pego tudo de cima da mesa onde estive anotando, lendo e modificando meu trabalho. Penduro a bolsa de qualquer forma no ombro, saio equilibrando os papéis e meus livros eu fico com a impressão que esqueci algo, olho para trás enquanto continuo a caminhar.

            De repente sinto um impacto, deixo tudo cair de minhas mãos, na correria e olhando para trás não percebi dois homens que de costas para mim conversavam no corredor de saída da biblioteca, abaixei-me rapidamente para tentar pegar tudo o mais rapidamente possível, estava usando um vestido soltinho na altura dos joelhos, o dia estava quente e não tenho tido muito tempo para preocupar-me com minha forma física e as escolhas das roupas, minha amiga já tinha chamado a minha atenção para um botão que faltava e que dependendo do ângulo deixava minha calcinha branca de algodão à mostra, ela me ajudou colocando um alfinete de costura para fechar a abertura e já tinha me esquecido desse pequeno detalhe.

            Ao abaixar-me apoiei um dos joelhos no chão e foi exatamente sobre a barra do vestido, e com isso o sinto repuxar, mas estou absorta em recuperar os papéis espalhados, os livros quase desmontados, um dos homens abaixa-se para me ajudar, quando faço o movimento para pegar um dos papéis ele também o faz, seguro o papel uma fração de milésimos de segundo antes dele, o que faz com que além de pegar o papel ele segure em minha mão.

            Um calafrio imediatamente percorreu meu corpo, parecia que eu não conseguia mover-me, levanto a cabeça e vejo à minha frente um homem grisalho, seus pequenos olhos azuis são intimidadores ao mesmo tempo em que fazem com que eu tenha que olhar para eles, minha bolsa caí do meu ombro, estou com as mãos ocupadas, vejo que seus olhos se movem para a bolsa e por uma fração de segundos se prendem às minhas coxas, olho para baixo, o vestido está aberto, o alfinete soltou-se, parte de minha calcinha está visível bem como minha coxa, que de tão branca até parece uma vela.

            Ele segura a alça da minha bolsa, nos levantamos praticamente juntos, sinto meu rosto quente, sei que estou vermelha, primeiro por um esbarrão e por estar mostrando minha calcinha, mas o toque dos seus dedos nos meus é o que me deixa ainda mais ruborizada.

            - Me desculpe, eu não os vi.

            - Professor Hunter está tudo bem?

            Ele olha para mim com um meio sorriso enigmático, meus olhos estão fixos nos seus, sinto minhas pernas tremerem.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora