Correntes de uma Libertação

Capítulo 21 - Preparação, Ansiedade ... Agressão

            A previsão de minha ida é o inicio do mês de setembro, já estamos em meados de julho, acabei de enviar toda a documentação exigida para que eu me candidate a essa bolsa, conversei poucas vezes com Hugo e todas elas giraram sobre nosso trabalho, orientações dele sobre o que devo fazer, a ansiedade está me consumindo, estou me preparando para passar, pela primeira vez seis meses longe de minha família, provavelmente vou passar o Natal e o Ano Novo longe de todos, e se Hugo não estiver por lá?

            Já dei entrada em meu passaporte, espero que eu não tenha problemas com prazo. Estou pensando adiante sem nem saber se vou ser aceita, Hugo já disse diversas vezes que essa hipótese da Universidade de Greenwich não aceitar é praticamente nula, mas volta e meia fico pensando que vou receber uma negativa e como vai ser? Vou encontrar Hugo apenas quando ele vier aqui esporadicamente? Não posso pensar nisso, não vou conseguir vivenciar isso.

            Mais uma semana se passa sem um resultado de minha solicitação, não falei com Hugo, Joy tem me chamado para sair, mas não tenho tido vontade, acabo ficando em casa, esperando uma ligação dele, esperando uma mensagem dele, muitas vezes relembro dos momentos juntos, fico excitada muitas vezes eu tenho que ir para meu quarto deitar na cama na posição em que consigo gozar e me toco até conseguir. Depois me surge sempre o mesmo questionamento, por que só consigo assim? Por que com ele consegui de outra forma? Não, não é por ser diferente quando se está sozinha ou com alguém, todas as outras vezes que fiz com alguém também foi assim.

            Teve um dia que eu estava tão excitada, com tanta vontade que ao ir ao centro da cidade em busca de um HD externo eu reparei numa sex-shop, por diversas vezes eu já fui a esse prédio, já passei por aquele corredor mais de duas dezenas de vezes e  nunca tinha reparado, mas nesse dia estava ali bem na minha frente, senti meu coração acelerar, uma vontade de entrar ao mesmo tempo que sentia vergonha, passei diante da loja, olhava a vitrine de canto de olho, segui adiante, dei outra volta, não prestava a atenção nas outras lojas, nem me lembrava direito do que havia ido fazer lá.

            Na quarta vez que eu passei diante da loja tomei coragem, já vinha dizendo a mim mesma que eu sempre  lutei pelos direitos das mulheres, e qual é o problema de uma mulher entrar num sex shop? Por que não comprar acessórios? Por que não ter um vibrador para usar, o corpo é dela, ela pode sim, pode usar como for o seu desejo. Com esse pensamento eu entrei, mas confesso que eu tremia. Fiquei mais relaxada quando vi que a atendente era uma mulher, que solicitamente logo veio me perguntar se eu precisava de alguma ajuda, disse-lhe que estava dando uma olhada e se precisasse eu pediria ajuda a ela.

            Comecei a olhar a imensa quantidade de objetos, eu nem sabia direito o que eu buscava ali, mas fui onde haviam não sei quantas dezenas de vibradores, com a loja vazia de clientes fui sentindo-me à vontade, comecei a tocar em um objeto ou outro, vi então as bolas que Hugo me fez usar, meu corpo reagiu de imediato com minha pombinha contraindo-se, em outra prateleira eu vi umas vendas e máscaras, por fim pedi ajuda à vendedora para comprar um vibrador, ela me mostrou alguns ligou, fez com que eu sentisse em minha mão, e acabei escolhendo um, nem tinha percebido que um casal tinha entrado, ao me virar para sair vi o homem mostrando uns chicotes a ela.

            Com o vibrador discretamente embalado e numa bolsa eu voltei a caminhar pelos corredores, já lembrava-me do que fui procurar assim que encontrei o que queria e por um preço razoável eu voltei para casa, estava com vontade de experimentar o brinquedo novo, estou com saudades do Hugo, tenho pensado sistematicamente nele, nas nossas vezes, nos orgasmos que eu tive, fiquei pensando também no casal que estava na loja escolhendo chicotes, não sei o por que, mas lembrei da palmada que levei de Hugo, senti-me contrair, senti mais vontade.