Capítulo 68 - Perdas

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          Chegou o final daquele domingo, hora de eu ir para casa, mas ele faz questão de me acompanhar, apesar de eu achar que não precisaria, mas também é bom estar com ele por mais um tempo. Uma viagem tranquila e sem sobressaltos até Greenwich, assim que nós chegamos junto ao meu alojamento eu me virei para ele.

            - Viu Dono foi tranquilo vir, não precisava ter ficado tão preocupado.

            - Queta de Hunter, preste bem atenção a uma coisa, não ache que minha preocupação pode ser infundada, pois eu acredito não ser. Esse final de semana mesmo você poderia ter sofrido um acidente de trânsito.

            - Mas você acha que foi intencional?

            - Pode ter sido sim, não é normal se passar tão rápido e tão junto ao meio-fio, principalmente com pessoas na calçada, você tem que lembrar que a mão é invertida e Londres sempre está cheia de turistas não acostumados com isso, os motoristas precisam ter atenção a isso.

             - Talvez você possa estar com razão. E de qualquer forma foi bom ter ficado mais esse tempinho com você.

            Olho para um lado e para o outro, quero me despedir com um beijo, poder abraça-lo.

            - Vamos, eu vou subir com você.

            Fico olhando para ele um tanto incrédula.

            - Mas Dono e se alguém nos vir juntos e você subindo. O que vão pensar e dizer por aí.

            - Não me importa o que quer que o digam hoje eu quero subir e acho que devo subir, e não se discute mais isso.

            Da forma como ele me falou não tive alternativa, abri a porta de entrada e subimos os lances de escada e assim que abri a porta do meu alojamento quase caí de susto, ele estava todo revirado, minhas roupas espalhadas pelo chão, não conseguia dar um passo adiante, senti minhas pernas dobrarem ao olhar para a minha cama toda desfeita e sobre ela o vestido que ele havia me dado para que eu fosse ao jantar na casa do Senhor Christopher todo rasgado.

            Senti que ele me amparou, pois do contrário eu teria caído ao chão, naquele momento eu entrei em polvorosa, comecei a perceber que tudo era muito mais sério do que eu estava imaginando, ele me fez entrar e ficar ao lado da porta e foi em direção ao banheiro, segui-o com receio de que alguém pudesse estar por lá, paramos os dois na porta, jogado ao chão o canudo onde ficava o desenho feito em Paris, o vaso sanitário estava com a tampa aberta e dentro dele, como se tivesse sido todo picado lá estava o meu retrato jogado.

            De imediato eu senti um nó na garganta, um aperto no peito e as lágrimas começaram a correr pelo meu rosto; de volta ao quarto reparei que todas as minhas roupas estavam espalhadas tudo revirado e fora do lugar.

            - Quem pode ter feito isso? Eu não tenho nada de valor para ser roubado. Eu não posso acreditar que ela tenha vindo aqui e feito essa maldade.

            - Pois eu praticamente tenho certeza que foi ela. Olhe ao redor, está tudo revirado, mas o que está destruído?

            - Meu vestido e meu retrato com coleira e o H.

            - Para mim isso é indício mais do que suficiente. Venha precisamos ir dar queixa do acontecido.

            Eu não sabia o que fazer apenas chorava e o acompanhava, fomos para a delegacia em North Greenwich para prestarmos queixa de invasão e destruição de patrimônio, aquela foi uma das noites mais terríveis que eu já vivenciei, depois que a polícia esteve no apartamento e constatou que a porta não havia sido arrombada, fotografou tudo e nos fez uma série de perguntas, inclusive de vizinhos eu peguei algumas coisas e fui para a casa de Hugo, eu não tinha a menor condição de ficar lá, não conseguiria ficar sozinha.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora