Capítulo 83 - Despedidas

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            Na última semana de Joy eu procurei de todas as formas de mostrar a ela o que pudesse de Londres, nós saímos algumas noites, claro que Joy foi Joy, e numa delas acabou ficando com alguém, confesso que voltei para casa preocupada com ela, parecia uma mãe que fica esperando pela filha chegar e só consegui pregar o olho quando ela chegou.

            Claro que quase não dormimos naquela noite, pois ficamos conversando, nunca tinha visto Joy tão empolgada com alguém com quem ela conheceu e vocês sabem bem o que mais aconteceu.

            Eu já não precisava tanto ir à universidade, meu trabalho já estava finalizado, relatórios prontos e entregues, no último dia de Joy em Londres Dono nos convidou para almoçar, e como sempre determinou como me queria, fui marcada no monte de vênus e seio direito e com a gargantilha.

            Joy a elogiou e eu disse a ela o real significado dela, minha amiga já não se espantava mais com o que eu lhe contava e mostrava, ela me tinha aceitado como sou agora, tinha percebido que minha mudança havia sido para a minha felicidade, sei muito bem que no fundo ela não concordava com uma série de questões desse meu relacionamento, mas o respeitava, um ou outra vez ela se referiu ao Hugo como – "Seu Dono." – Acho que por conta de só ouvir eu o chama-lo assim.

            Logo depois do nosso almoço, foi me dando uma imensa tristeza e quando nós três fomos pegar a bagagem para irmos para o aeroporto eu não consegui conter as lágrimas, chorei copiosamente, ainda no apartamento, tinha uma imensa angustia me oprimindo, não consegui fazer a digestão direito.

            Quando a vi passar pelo portão de embarque eu voltei a chorar descontroladamente, parecia que eu havia perdido alguém definitivamente, no meu íntimo eu sabia que não era só por conta da partida da Joy que eu estava chorando, eu sabia que ali estava começando o sofrimento da minha partida. Ao me despedir de Joy eu estava de alguma forma antecipando a minha própria despedia, eu só teria mais cinco dias em Londres, eu me culpava por ter marcado um voo de volta na sexta-feira, podia ter marcado para a segunda e assim poderia ficar mais uns dias com Dono.

            Naquela noite eu também me despedi do meu apartamento, vou ter algumas saudades dele, e vou carregar para sempre a marca deixada pela invasão dele, essa última semana Dono quer que eu me mude para sua casa. Está sendo uma semana de despedidas, na segunda-feira fizeram uma despedida, chorei, na verdade é o que eu mais tenho feito é chorar, eu e Arushi nos despedimos com a sensação de que algo não havia sido realizado entre nós, eu tinha a sensação que ela precisava ou contava comigo para ajuda-la em algo de sua vida pessoal, mas eu não soube como abrir espaço para isso e acredito que por conta disso, e pelas vezes que eu não aceitei algum convite dela, não se sentiu acolhida para me contar algo.

            Arushi ainda vai passar mais um ano para terminar seu doutoramento, tem sido difícil dormir, mesmo estando com Dono ao lado, mesmo tendo ido dormir exausta na madrugada, mas eu volta e meia acordava assustada, e quieta procurava não acordar meu Dono, muitas vezes chorava baixinho abraçada ao travesseiro, pois a cada hora que passava eu me sentia mais longe dele.

            Quarta-feira e estamos nos preparando para jantar na casa do Senhor Christopher, é um jantar programado para mais uma despedida, sinceramente eu não sei se que quero ir, já conversei sobre isso com Suzanne, eu sei que ela me entende, e sei que ela está certa quando diz que eu preciso passar por essas despedidas, que elas podem ajudar a me fortalecer.

            Vai ser um jantar bem formal, tenho um vestido novo e Dono está ainda mais elegante de smoking, me sinto bonita, me sinto atraente, mas nesse momento eu trocaria tudo isso por mais tempo sozinha com ele, vocês não podem imaginar como é bom ficar ao lado dele, deitada no chão quando ele está em sua poltrona, ou no sofá com a cabeça em seu colo enquanto ele lê ou trabalha.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora