Correntes de uma Libertação

Capítulo 70 - Uma noite em Roma

           Quando eu cheguei à recepção do hotel havia um pacote destinado para mim, junto a ele um envelope com um bilhete.

            A princípio fiquei temerosa com um pacote para mim, mas logo percebi que o envelope era igual aos que o Professor Hunter costuma deixar para os seus orientandos. Agradeci ao jovem na recepção e subi rapidamente para meu quarto com a ansiedade tomando conta de mim, o que será que meu Dono está planejando? Aprendi que quando menos espero ele surpreende-me com algo e tenho gostado dessa sensação de estar à espera de qualquer coisa inusitada.

            Sorrindo e um pouco trêmula eu abri o envelope.

"Minha menina,

Hoje vais conhecer um pouco mais do mundo que vivencio e para o qual desde que a vi pela primeira vez quero trazê-la.

Já destes alguns grandes passos e hoje sei que está preparada para mais esse.

Quero que use essa noite o que tem na caixa. Não quero que me pergunte o motivo de estar assim vestida e nem para onde vamos, apenas deixe que seu Dono a guie.

H."

            Fui ficando nervosa ao ler o bilhete e um tanto trêmula desatei o laço vermelho que envolvia a caixa, ao levantar a tampa vejo alguma peça de roupa embrulhada em papel de seda branco, retiro o embrulho e já percebo que não é apenas uma peça de roupa, abro cuidadosamente o papel de seda procurando não rasga-lo, desde pequena que tenho esse hábito de abrir com todo o cuidado, nos aniversários meus amiguinhos queriam que eu abrisse logo as embalagens para ver os presentes e eu levava um tempão.

            Retiro então uma blusa preta de seda e muito, mas muito transparente, meu coração começou a bater forte, logo em seguida uma saia lápis em couro negro e por baixo dele um espartilho também negro, mas com algo que me assustou ainda mais, não tinha o bojo para os meus seios, apenas uma curvatura com uma armação que me pareceu ser para sustentar um pouco os seios.

            Claro que mil e uma coisas começaram a passar pela minha cabeça, para onde iríamos? Como eu iria sair do quarto assim vestida? O que ele planeja? Tomei meu banho e peguei o espartilho, era um tantinho apertado, mas consegui fechar cada um dos fechos, ainda bem que eram na parte da frente, olhei-me no espelho, gostei de ver minha cintura aparecer um pouco, e meus seios mais levantados, mas o restante de meu corpo estava completamente nu. Antes mesmo de vestir a saia eu peguei a blusa e coloquei-a, certamente que eu seria presa saindo assim, eu podia ver nitidamente os meus seios ainda mais se virasse contra a luz, não estava acreditando que ele queria me fazer sair assim, que ele queria me expor dessa forma.

            Assim que peguei a saia percebi que uma pequena echarpe preta caiu ao chão, peguei e ao colocá-la ao redor de meu pescoço eu fiz com que ela ficasse estrategicamente cobrindo meus seios, gostei e abri um sorriso, vesti a saia que poderia ser um pouco mais folgada em meus quadris, mas não estava nada muito atochada e por estar sem calcinha nenhuma marca aparecia. Calcei a sandália preta que eu havia trazido para o dia da apresentação do trabalho e olhando-me no espelho coloquei a gargantilha dourada, um toque de perfume entre os seios, na nuca e nos meus pulsos e eu estava pronta.

            Não foi fácil sair do quarto assim, por pelo menos umas duas vezes eu voltei para o espelho para ver se a echarpe cobria realmente meus seios. Mas eu já estava na hora de descer, pensei comigo mesma que eu teria que ir assim como ele quer como ele está ordenando.

            Fiz como ele mandou, e agora usando a palavra mandou eu lembrei-me da Joy me dizendo que ele mandava e eu fazia. É verdade naquela época eu já fazia o que ele mandava, não com a consciência que eu tenho agora, mas eu obedecia. O que ela diria se me visse vestida assim? Ainda bem que antes de viajar eu falei com ela e com meus pais, pois ao estar pensando o tempo toda nela eu poderia ficar achando que algo estava acontecendo no Brasil.