Capítulo 17 - Envelope

2.3K 228 281
                                    

            Para comemorar esse 25/02/2017 resolvi postar esse capítulo que estaria disponível apenas depois do Carnaval.

Apreciem.


            Assim que chegamos a casa fui direto para o meu quarto, eu queria ler o que poderia ter naquele envelope, ao mesmo tempo que eu não queria saber, eu iria odiar se encontrasse para ler um texto sobre congratulações, como meu trabalho é bom, como apresentei bem etc... etc...

            Preferia ler uma única frase - "Saudades de seus lábios." - mas sei que não vai ser isso, não quero ler, começo a tirar minha roupa olho no espelho meus seios com a marca do biquíni, estou bronzeada, e fiz para ele, que nem deve ter reparado, que inferno o que esse homem faz comigo? Por que ele mexe assim comigo? Por que me deixa tão insegura e com tanta vontade dele?

            Só de calcinha resolvo abrir o envelope, meus dedos tremem, está colado tenho medo de rasgar o envelope e ao mesmo tempo o que tem dentro, procuro algo para abrir, nada acho no quarto, pego uma blusa e coloco sobre os seios, de calcinha vou até a cozinha pegar uma faca, ainda bem que só minha mãe estava na sala, meu pai tinha ficado na portaria conversando com o síndico.

            - O que é isso menina, agora vai andar nua pela casa?

            - Não estou nua mãe.

            - As janelas todas abertas, os vizinhos podem ver, o que vão dizer?

            Nada disse, peguei uma faca e voltei para o quarto. Com a mão trêmula enfio a ponta da faca com cuidado, quero preservar ao máximo o envelope, não quero estragar nada, ouço as batidas do meu coração, sinto a boca seca, caramba como ele mexe comigo.

            Com o envelope aberto fico alguns segundos olhando para ele, meu nome escrito com a letra dele, passo o dedo sobre cada uma das letras, vai, coragem mulher, vê o que tem dentro, ficar esperando não vai mudar o que está escrito. Puxo o papel de dentro do envelope, uma dobra apenas. - "Jantar às vinte e uma horas, não aceito um não como resposta, às vinte e trinta pontualmente um carro estará na sua porta. Hugo." - Como assim? Como não aceita um não como resposta? Quem ele pensa que é para ficar determinando o que vou fazer ou não? Ele sabe se eu teria algum compromisso?

            Estou entre dois opostos, parte de mim está revoltada com a atitude machista e mandona dele, outra parte está embevecida por ele, será que ele veio ao Brasil apenas para acompanhar a minha defesa? Será que veio só para comemorar comigo? Tenho toda  essa importância? É tão fantástico quando estou com ele, está sempre me surpreendendo, mas algumas vezes me sinto uma fantoche, que se move ao bel prazer do dono do boneco, meu corpo todo reagiu, surgiu uma imensa vontade de estar com ele.

            Já são quase cinco e meia da tarde, só três horas para me arrumar, sei que ele gosta de pontualidade, banho tomado passando um creme hidratante novo que comprei com perfume de morango com champanhe eu me olho no espelho gosto da marca branca, o contraste com os bicos dos seios e o restante do corpo bronzeado. Será que ele vai gostar? Escolhi um conjunto de lingerie branco, eu comprei para levar na viagem, mas acho que hoje é uma ocasião perfeita para estreá-lo. É eu também consegui emagrecer um pouco, acho que consegui, estou me sentindo bonita, estou irradiando felicidade, já nem lembro mais do - "... não como resposta...". Finalmente estou pronta, minha mãe está na cozinha, passo por meu pai que cochila diante da televisão ligada.

            - Mãe vou sair, e não me espera, é bem provável que eu só volte amanhã.

            - Filha você disse que não queria comemorar, mudou de ideia? Vai sair com a Joyce?

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora