Capítulo 60 - Domingo

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           Ele tomou seu banho, arrumou-se todo terno e gravata, não me disse uma palavra para onde iria, com quem se encontraria, sei que ele não tinha essa obrigação de dizer-me, foi mais uma das coisas que concordei em nossas negociações, não via grande importância na hora, mas percebi o quanto doe.  

           Essa foi a pior noite que já passei estando na casa dele, em Paris ele me castigou com palmadas e depois nós saímos continuamos juntos e dessa vez eu percebi o quanto pior é esse castigo da ausência dele. Sozinha e acorrentada naquele quarto,  em muitos momentos, eu estava sentindo-me como uma verdadeira escrava em uma senzala, apesar de estar em uma cama confortável e entre lençóis macios, a solidão me invadiu de tal forma que eu só fiz chorar até dormir de exaustão.

            Não sei que horas ele chegou só sei que quando eu o acordei ele não estava na cama, mas percebi que seu travesseiro estava amassado, sorri ao imaginar que ele dormiu ao meu lado.   Levantei-me, precisava ir ao banheiro, quase saio arrastando a corrente, lembrei-me dele ter me dito para segurá-la e foi o que eu fiz e assim que terminei de fazer xixi fui em direção à porta do quarto o vi sentado em sua poltrona lendo o jornal, caminhei até onde a corrente me permitiu.

            - Bom dia Dono.

            Ele calmamente dobrou o jornal e virou-se para mim.

            - Bom dia minha menina, dormiu bem?

            Abri um sorriso bobo, ele me chamou de minha menina, aprendi que nessas duas palavrinhas tem tanto carinho e atenção expressa nelas que não me canso de ouvi-las. Mas não dormi bem, apesar de ter dormido um sono pesado, talvez querendo fugir das perguntas que martelavam minha mente, não foi um sono tranquilo.

            - Tentei lutar contra o sono, mas ele me venceu.

            - Eu percebi.

            Ele levanta-se de sua poltrona e vem em direção a mim, me abraça eu sinto um conforto tão grande em estar em seus braços, me sinto acolhida, aninhada e acalentada, ele me beija a testa e a boca.

            - Vamos tomar café.

            O vejo colocar a mão no bolso da bermuda que está usando, tira e me entrega uma chave.

            - Abra o cadeado, tire-o e a corrente, guarde-os coloque uma camisa que está sobre a cadeira, foi a que usei ontem, não a abotoe e venha tomar café.

            Pego a chave e ali mesmo abaixo-me para abrir o cadeado e soltar aquela corrente que tanto me tolhe, acaricio meu tornozelo nele estão marcados os elos dela, guardo as correntes e o cadeado, vejo sobre a cadeira a camisa que ele mandou-me vestir, pego-a e a primeira coisa que faço é cheira-la, o cheiro dele está impregnado nela, como eu conheço e gosto desse cheiro, instintivamente procuro identificar outros cheiros, charuto tem um leve cheiro de charuto, mas o dele predomina, visto-a com um pensamento, onde ele esteve? Na casa do Senhor Christopher? O cheiro de charuto me faz pensar apenas nele. Não reconheço nenhum outro cheiro ou perfume.

            Saio à procura dele, sei que estará na cozinha para na porta e o vejo acabando de colocar ovos mexidos em uma travessa, a mesa está posta, sinto uma alegria ao perceber que ele estava me esperando para tomarmos o café juntos.

            - Dono não tomou seu café?

            - Estava lhe esperando.

            Ele vira-se para mim, me olha de cima a baixo, parte de minha coxa, de meu sexo, barriga e um dos seios está à mostra, sei que ele me aprecia, vejo isso em seus olhos, gosto de sentir isso.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora