Capítulo 76 - Correntes

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            Acordei já sem ele do meu lado na cama e quando me levantei com vontade de ir ao banheiro senti a pressão em meu tornozelo e ouvi o som das correntes caindo ao chão, praguejei contra elas ao abaixar-me para pegá-las evitando que fizessem barulho assim que eu me movimentasse.

            Eu estava sentindo-me esquisita e desconfortável, sem saber o motivo, saí do banheiro e o encontrei na sala manuseando uma máquina fotográfica, e me senti mais animada ao ouvir o seu bom dia.

            - Bom dia minha menina.

            - Bom dia Dono.

            Ele levantou-se pegou a chave e abriu o cadeado, eu achei que era por conta das correntes que eu estava sentindo-me estranha, mas essa sensação não se alterou quando fiquei livre delas.

            - Estava lhe esperando para tomarmos café.

             Vi a câmera ligada sobre a poltrona, ele estava vendo as fotos que fez na noite anterior.

            - São as fotos que Dono fez ontem?

             - Sim, são elas mesmas, mas depois você vai ver.

            Não consegui comer direito naquela manhã e ele percebeu, pois me perguntou se eu estava sem fome, depois que tomamos o café e arrumamos tudo ele foi tomar seu banho e eu deitei-me no sofá para esperá-lo sentia uma aflição e uma angustia, eu estava totalmente diferente de ontem e não sabia explicar a mim mesma o que estava acontecendo. Depois que ele tomou o seu banho eu fui tomar o meu e debaixo do chuveiro sem nenhum motivo eu chorei.

            Peguei uma das camisas dele que estou acostumada a usar e a vesti de frente para o espelho comecei a abotoa-la, eu não gostava da figura que via diante do espelho, me senti feia e gorda, quase fecho a camisa por inteira, mas acabei deixando os três botões de cima, incluindo neles o do colarinho, e voltei para a sala.

            - Venha cá.

            Aproximei-me dele que me pegou pelo pulso e puxou-me para o seu colo.

            - Gosto dessa minha menina assim cheirosa.

            Eu não disse nada apenas sorri para ele, continuava com algo inexplicável dentro de mim. Ele então abriu dois botões da camisa, eu deixei que ele fizesse, mas tenho que confessar que não me deu o prazer de sempre.

            - Prefiro assim, é uma visão bem mais agradável.

            Mais uma vez não sei o que lhe responder, não quero dizer que prefiro estar com os seios cobertos.

            - Eu sei Dono, mas acordei me sentindo estranha.

            - Será que minha menina acordou de TPM? Ou insatisfeita em estar aqui?

            - Claro que não Dono, de forma alguma, mas algumas vezes estamos em um estado de espírito em que não gostamos de nós mesmos e estou sentindo-me assim.

             Ele carinhosamente puxou-me ainda mais contra seu peito, acariciou-me as costas e a cabeça e novamente tive vontade de chorar como aconteceu no chuveiro, mas consegui de alguma forma me controlar, acho que estar ali em seu colo cuidada e acarinhada por ele fez-me sentir-se melhor, passamos alguns minutos assim.

            - Quer ver suas fotos de ontem?

            - Quero.

            Ele foi passando uma a uma comentando, estavam bonitas, mas diferentemente de outras vezes não estava excitando-me ver, eu gostava das cordas dos desenhos formados, mas em alguns momentos eu não me reconhecia ali e não era por ele ter tido sempre o cuidado de fazer com que meu rosto aparecesse, não sei explicar, mas era estranho. Ele percebeu que eu estava diferente.

Correntes de uma LibertaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora