Capítulo 02 - Dor e Raiva - Parte 6

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08h31min  

Chegando ao Kindred Hospital, Bryan e Jerry se dirigiram à recepção. Antes de pedirem alguma informação à recepcionista, eles avistaram Anthony no saguão, à espera de alguma notícia de Nora. O italiano, de 52 anos e corpo esguio, graças aos anos de exército, estava levemente curvado, apoiado na parede. Era como se a tristeza pesasse sobre seus ombros.

Quando Anthony avistou os dois, imediatamente caminhou até eles, abraçando-os. Sem conseguir mais segurar a dor que sentia, ele chorou a morte de Kevin ao mesmo tempo em que sofria pela angústia de não ter notícias de Nora desde o momento em que ela havia dado entrada no hospital. Mas assim que se recompôs, Anthony desprendeu-se deles e os fitou com um olhar que era um misto de dor e fúria. – Quem fez isso com Kevin? – questionou ele.

– Ainda não sabemos. Mas vamos descobrir! – disse Bryan.

– Assim como descobriram quem matou Susan? – disparou Anthony.

Embora compreendesse a tristeza e a raiva do pai, Bryan não esperava ouvir aquela pergunta tão irônica. Sem ação, ele sentiu o peso daquelas palavras. Se Anthony havia tido ou não a intenção de ferir o filho daquele jeito, só ele mesmo sabia. A verdade, porém, era que Anthony temia que a morte de Kevin terminasse impune como a morte de Susan parecia haver terminado.

Susan Fletcher era a noiva de Bryan, que há quase um ano fora encontrada morta na casa deles. Segundo Bryan, ela havia sido assassinada; porém, na época, o FBI não encontrou nada que os levasse a um suspeito pelo crime e encerrou o caso, concluindo que ela havia se suicidado.

Somente ao ver a reação do filho, Anthony pareceu dar-se conta do que acabara de dizer e arrependeu-se: – Perdoe-me, filho. Eu não tinha o direito de...

– Esqueça isso, pai – disse Bryan interrompendo as palavras do outro. – Pode ter certeza de que o culpado vai pagar caro pela morte do meu irmão!

Sem perder tempo, aproveitando-se de que Jerry já o colocara a par do que havia ocorrido no hotel e de como Anthony e Nora souberam da morte do filho, Bryan inquiriu o pai: – O senhor guardou as fotos que vocês receberam?

– Não só as fotos, mas também o bilhete – disse Anthony, puxando um envelope do bolso, que Bryan pegou e abriu. Após ler o bilhete, ele o entregou a Jerry para que fizesse o mesmo. Rapidamente, Jerry começou a ler.

"Bryan,

Analise as fotos para ver se encontra alguma pista. E assim que possível, venha liberar o corpo. Amanhã, iniciaremos a investigação sobre a morte de seu irmão."

– Quem teria mandado isso? – questionou Jerry ao terminar de ler.

– Eu tenho um suspeito! – disse Bryan enfaticamente.

– Quem? – questionou Jerry antes de arriscar um palpite.

– Paul – respondeu Bryan, sem pestanejar.

Jerry espantou-se com aquela afirmação e perguntou: – Por que acha que foi ele?

– Pela ameaça que ele me fez lá na boate.

Jerry lembrou-se do que havia ocorrido, mas ainda assim relutou em acreditar que Paul fosse tão cruel ao ponto de ser o emissário daquelas fotos, cujo intuito não era de prestar ajuda a Bryan, mas de ampliar aquela tragédia familiar. Portanto, indagou: – Não acha que está exagerando?

– Talvez – respondeu Bryan. – Mas há uma forma de saber se minhas suspeitas estão corretas. Precisamos descobrir de quem é a letra nesse bilhete.

Sagrada Maldade - Caçada aos MultiplicadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora