Sagrada Maldade - Caçada aos Multiplicadores

Capítulo 12 - A Orgia da Morte - Parte 4

Todos olharam para Jerry sem entender nada. Ao ver a expectativa tomar conta dos colegas, ele se dirigiu até uma CPU no fundo da sala, conectada a uma tela de 42 polegadas. Rápido, ele colocou o DVD no driver e pediu a atenção de todos. Assim que a imagem tomou conta da tela, Sharon e Vincent levaram alguns segundos para saber que ela mostrava a recepção do prédio onde Kevin Giuliani morava. Já Robert, Paul e o Dr. Cahill não reconheceram nada e se entreolharam confusos. Diante deles, a cena mostrava o porteiro entregando uma correspondência a uma senhora idosa, quando um homem negro surgiu e se aproveitou daquela distração para cruzar apressadamente a recepção em direção ao elevador.

– O que é isso? – questionou Robert.

– Como eu disse antes, esse é o nosso primeiro suspeito – afirmou Jerry.

– Mas nem dá pra ver o rosto desse cara nessa gravação! – falou Paul.

– Eu disse que a gravação acabou? – Jerry encarou Paul enquanto avançava as imagens até o ponto ideal. – Aqui está, vejam a face de nosso suspeito.

A imagem agora mostrava o mesmo negro, saindo do elevador, desta vez em direção à porta da rua. Ele ostentava um olhar assustado e tinha mais pressa em sair do prédio do que tivera ao entrar. Quando a gravação mostrou o negro no meio do corredor, Jerry a parou. – Ai está ele! – disse, apontando para a tela.

– Mas esse é o cara que invadiu a mansão do senador ontem à noite! – afirmou Sharon, ao reconhecer o rosto de Hakim.

– O quê?! – Robert se aproximou, tentando ver melhor o rosto daquele homem.

– É ele mesmo – confirmou Vincent. – Sharon tem razão.

– Não acredito! – exclamou Robert.

– Senhor, é ele – teimou Jerry. – É o mesmo homem que atacou o senador.

– Não é disso que eu estou falando, Thompson. Hoje eu recebi uma ligação de Washington, e sabe o que me requisitaram? – Robert fez uma pequena pausa antes de continuar. – Pediram que eu colocasse o FBI no caso da invasão e desse total apoio à polícia de Los Angeles, pois o ocorrido envolvia um senador. Aí agora o invasor simplesmente aparece no prédio de Kevin Giuliani. Isso é muita coincidência, não acham?

– Não acredito em coincidências, senhor – respondeu Jerry com firmeza. – Acredito em fatos!

– E que fatos tornam esse cara o suspeito do assassinato de Kevin Giuliani?

– Para começar, senhor, nós temos a gravação que Kevin fez instantes antes de deixar o apartamento para o encontro.

– Nela, Kevin cita que estava indo se encontrar com um negro de quem nem mesmo sabia o nome – completou Vincent.

– E tem mais, senhor – prosseguiu Jerry. – A gravação deixa claro que Kevin estava investigando algo grande.

– O que você está querendo insinuar, Thompson? – questionou Robert, já imaginando o que seu subordinado iria dizer.

– E se Kevin estivesse investigando o senador Banks e foi assassinado por isso?

– Você está doido, Thompson? – enfureceu-se Robert. – Kevin estaria investigando o senador Banks em relação ao quê? O homem é um herói de guerra, um ícone do exército americano.

– Estou apenas levantando uma possibilidade, senhor – justificou-se Jerry. – O homem aí no vídeo...

– Hakim Alomar – disse Sharon.

– Obrigado, Sharon – agradeceu Jerry, antes de prosseguir: – Ele pode ter ido ao apartamento de Kevin tentando encontrar algum material que ele pudesse ter contra o senador. E depois disso, pode ter ido à mansão receber seu pagamento.

– Mas se foi isso, então por que esse tal de Hakim teria atacado o senador Banks? – questionou Paul. Parecendo pegar carona na pergunta de Paul, o diretor encarou Jerry à espera da resposta.

– Isso eu já não sei. Mas algo pode ter dado errado no encontro deles.

– E se Hakim pediu mais dinheiro do que o senador estava disposto a pagar? – Sharon parecia apoiar a teoria de Jerry. – Isso pode ter deixado o encontro deles bem tenso.

Robert virou-se de costas para todos na sala e se afastou alguns passos. No seu íntimo, queria analisar as palavras que acabara de ouvir. Involuntariamente, porém, sua mente retrocedeu ao escândalo enfrentado pelo FBI por ocasião da morte do filho do dono da Pharmacom 2000.

– Isso é loucura! – falou ele, virando-se novamente para seus subordinados. – Nós acabamos de recuperar nossa imagem junto ao povo de Los Angeles, e vocês querem levantar uma suspeita contra um ex-general e atual senador que provavelmente nunca levou ao menos uma multa de trânsito?

– Sei que parece improvável, mas sinto que há algo grande aí – insistiu Jerry.

– E quanto ao resto de vocês, o que acham disso?

– Acho tudo um absurdo – disse Paul. – Afinal o homem foi general do exército.

– Ah, Paul, não force. Logo você que detesta militares – acusou Jerry.

– E quanto a você, Morris?

– Pra dizer a verdade, senhor, acho que há uma possibilidade aí. Ela pode ser remota, mas é coincidência demais esse cara ter invadido o apartamento de Kevin e logo após ter invadido a mansão do senador.

Sem dizer nada, Robert olhou para Sharon, que percebeu ser a hora de dar sua opinião e logo disse: – Concordo com Jerry e Vincent. Há algo muito estranho nessa história.