Sagrada Maldade - Caçada aos Multiplicadores

Capítulo 14 - Caçado - Parte 2

15h13min - No cemitério, todos estavam perplexos. Ninguém havia entendido o que acabara de acontecer. Vincent, que fora atrás de Jerry para tentar descobrir, voltou com um semblante de decepção.

– Onde está Thompson, Sr. Morris?

– Nem sinal dele, senhor – respondeu Vincent. – Jerry simplesmente sumiu!

Anthony, que deixara Nora aos cuidados de Sharon, lentamente se aproximou dos dois.

– O que está acontecendo aqui, Sr. Preston? – questionou ele. – O que foram aqueles disparos, e para onde Jerry foi?

– Adoraria saber, Sr. Giuliani – disse Robert. – Mas não faço a menor ideia.

De repente, Robert sentiu o celular vibrar em seu bolso. E assim que viu de quem era a chamada imediatamente atendeu.

– Onde você está, Thompson? – questionou Robert. – E o que está acontecendo?

– Estou perseguindo Hakim, senhor! – respondeu Jerry, agitado. – Era ele aí no cemitério!

– Onde exatamente você está?

Jerry tentou ver alguma placa que indicasse a rua ou avenida onde eles estavam, mas a velocidade com que Bryan guiava o carro não lhe permitia a leitura.

– Não consigo reconhecer onde estou agora, senhor – disse Jerry. – Mas anote a placa do Mustang e emita um alerta à polícia local.

Assim que Jerry informou a cor e a placa do veículo, Robert desligou. A seguir, ligou para o escritório do FBI.

15h16min - Adam Heinfield estava chateado. Ele queria muito ter ido ao enterro; porém, recebera de Robert a ordem de averiguar as contas bancária e telefônica de Kevin em busca de alguma evidência. Seus olhos, contudo, já começavam a protestar devido ao tempo excessivo que passara olhando aqueles números minúsculos na tela do computador, e ele resolveu fazer uma pausa. Mas, quando pensou em se levantar para pegar um copo de café, o telefone em sua mesa tocou.

– Escritório do FBI, boa tarde – disse ele, ao atender.

– Quanto tempo você leva para rastrear o celular de um agente, Sr. Heinfield?

Mesmo Robert não se identificando, Adam imediatamente reconheceu o dono daquela voz e logo respondeu:

– Menos de um minuto, senhor.

– Preciso que faça o rastreamento do telefone do agente Thompson agora! – ordenou Robert.

Enquanto Adam abria o programa de rastreamento, Robert iniciou a explicação sobre o que estava acontecendo. Alguns instantes depois, porém, o analista o interrompeu:

– Consegui! – vibrou Adam. – Já tenho a localização de Jerry.

– Onde ele está agora?

– Ele acaba de dobrar na Hoover Street, senhor – informou Adam. – Mas farei o seguinte: enviarei o sinal para seu celular, assim o senhor poderá acompanhar em tempo real a direção que ele está tomando.

– Faça isso agora! – ordenou Robert. – Faça também o mesmo com o telefone de Paul e mande ele se juntar a essa perseguição.

– Pode deixar, senhor. Farei isso já.

– Quero que você também emita um alerta para a polícia de Los Angeles, informando a placa do Mustang. Vamos fechar o cerco ao nosso suspeito.

– Sim, senhor!

– Só mais uma coisa, Heinfield.

– O quê, senhor?

– Bom trabalho – disse Robert, desligando logo a seguir.

De repente, Adam se pegou rindo sozinho em frente ao monitor, afinal ele nunca havia recebido um elogio de seu chefe. Entretanto, seu momento de glória foi interrompido pela chegada de Paul.

– Do que está rindo, Adam? – indagou Paul. – Alguma piada?

Adam ignorou a pergunta de Paul e foi direto ao assunto que interessava.

– O diretor acabou de ligar – disse ele. – E com ordens para você.

– Se for para eu ir àquele funeral, pode esquecer. Diga a ele que...

– Não é nada disso – esclareceu Adam.

– Sente-se que eu vou lhe contar tudo.

15h19min - Tendo dispensado o cinto de segurança enquanto tentava recuperar o fôlego, Hakim se segurava como podia a cada solavanco do Mustang. A velocidade absurda com que Charlize conduzia o veículo, ao mesmo tempo em que o assustava, fazia-o admirar a tranquilidade e destreza dela ao volante. Ela desviava-se dos carros com maestria, além de ter feito uma curva impecável quando deixou a Hoover Street e entrou na West Olympic Boulevard.

– Você está bem? – indagou ela, sem olhar para ele.

– Vou ficar, assim que estivermos em segurança – respondeu Hakim.

– Então é melhor você se segurar firme, pois eles estão na nossa cola! – informou ela, após uma rápida olhada no retrovisor. – Você sabe quem é a mulher da moto?

– Não faço a mínima ideia – disse ele.

– Não há, ou melhor, não havia mulheres no grupo do general.

– Mas ela nos ajudou a escapar lá no cemitério.

– Eu não vi nada, Charlize – falou ele.

– De qualquer modo, você é a única pessoa no mundo em quem eu confio atualmente!

Logo atrás, a mulher misteriosa pilotava a moto em ritmo frenético enquanto tentava se aproximar do Mustang. O trânsito estava complicado, e ela costurava entre os carros, fazendo uma série de manobras radicais. Seus reflexos apurados tanto a ajudavam na arriscada condução que fazia da moto como lhe permitiram perceber que um veículo se aproximava dela em grande velocidade.

– Quem é aquela vaca ali da moto? – perguntou Bryan a Jerry.

– Não faço ideia – disse Jerry. – Ela atacou você tão rápido que nem consegui ver seu rosto. Só sei que ela ajudou Hakim a escapar.

– Ah, mas desta vez ela não vai atrapalhar! – resmungou Bryan. – Vou tirar aquela vaca do caminho!

– Como?

– Assim! – grunhiu Bryan, enquanto trocava de marcha e pisava o mais fundo que podia no acelerador do Audi.

Jerry segurou-se com força quando o carro se impulsionou com a aceleração. E ao olhar para Bryan, viu nos olhos do irmão um predador que acabara de comprar uma briga com outro, pois não estava disposto a aceitar que lhe roubassem a presa.

– Você está louco? Não pode jogar o carro em cima dela! – protestou Jerry, imaginando o que Bryan ia fazer.

– Não vou passar por cima dela, seu imbecil! – gritou Bryan. – Vou apenas pressioná-la a sair do caminho – concluiu ele, enquanto fazia o carro se aproximar cada vez mais da traseira da moto.

Dividida entre não perder o Mustang de vista e não ser alcançada pelo Audi que se aproximava velozmente, a mulher soube que precisaria agir antes que fosse tarde demais. E pensando tão rápido quanto guiava a moto, ela tomou uma decisão: ligou a seta direita da moto e começou a diminuir a velocidade.

– O que ela está fazendo? – perguntou Bryan, confuso.

– Parece que vai sair do caminho – respondeu Jerry.