Capítulo 07 - Amargas Lembranças - Parte 1

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Aeroporto Internacional de San Francisco –16h49min.

Evan caminhava apressado em direção ao hangar. Ele não tivera problemas para acessar o local. Bastara dizer quem o aguardava para facilitarem seu acesso. A pressa se devia ao fato de o homem que o esperava detestar atrasos. Minutos depois, ao ver o hangar onde o jato particular de seu chefe estava, conferiu o relógio em seu pulso e disse: – Bem na hora!

Discretamente, ele puxou a arma da cintura e conferiu a munição. Em seguida, dirigiu-se ao hangar, esperando sair vivo dali. Mal entrou no local, Evan viu o Gulfstream e diante dele um piloto que lhe acenou, dizendo: – Ele o aguarda lá dentro.

Evan agradeceu a informação e entrou na aeronave, onde se impressionou com a luxuosa decoração. Em cada lado do Gulfstream, separados pelo corredor, havia dois pares de confortáveis poltronas em couro branco. Uma delas, totalmente reclinada, era um convite ao sono, algo descartado no momento. Procurando por seu chefe, Evan reparou que ao fundo do avião havia uma mesa de vidro transparente, posta de frente para o corredor, e sobre ela estava um notebook. Atrás da mesa havia outra poltrona, também em couro branco, mas que, ao contrário das demais, não estava fixada no solo, podendo ser movida para qualquer lugar.

Evan não entendia nada de decoração; todavia, como tudo ali recendia a conforto, organização e elegância, era notório que o general havia gasto um bom dinheiro para transformar o Gulfstream praticamente num escritório de luxo. Sem tê-lo visto ainda, Evan concluiu que ele devia estar na cabine ou sentado na poltrona por trás da mesa e de costas para o corredor. A poltrona foi sua primeira escolha para averiguar; porém, ao se aproximar da mesa, um quadro chamou sua atenção. Nele, o general estava acompanhado por duas mulheres. Evan reconheceu uma delas. Era Anne Banks, a esposa de seu patrão, porém, antes que pudesse olhar melhor para a outra, uma voz soou firme, vinda da poltrona: – Finalmente. Mais um pouco e você estaria atrasado.

Reconhecendo a voz de George Banks, Evan respondeu: – Não se preocupe, general. Eu sei o quanto o senhor odeia atrasos.

– Muito bem. Agora, sente-se, e vamos ao que interessa.

Evan sentou-se na primeira poltrona do lado esquerdo, colocando sua bolsa na poltrona de trás. Depois, virou-se para o general e, antes que este falasse algo, perguntou: – É por causa dela, senhor? – ele apontou para a mulher mais jovem na foto do quadro.

Sem olhar para Evan, o general respondeu pesaroso: – Sim. É tudo por causa dela.

– Vamos pegá-lo – Evan tentou confortar o chefe. – É só uma questão de tempo.

– Nosso tempo está curto, Evan. O grande dia está chegando.

– Temos de encontrar uma forma de atraí-lo – sugeriu Evan.


O general não disse nada, apenas virou a poltrona, colocando-se de frente para seu subordinado. Foi quando notou o rosto dele ligeiramente desfigurado por alguns ferimentos, mas preferiu calar qualquer comentário. Apenas meneou a cabeça, concordando com suas palavras. Nesse momento, Evan sentiu-se mais confortável, principalmente porque o assunto que motivara o encontro ainda não estava em pauta. Pelo contrário, a conversa tomou um novo rumo quando George puxou um envelope do bolso e o entregou a Evan.

– O que é isto, senhor? – perguntou, curioso.

– É a planta baixa daquele antro – o general respondeu.

Tal resposta fez Evan concentrar o olhar na planta examinando todos os detalhes. – Pelo número de pontos marcados, será algo grandioso – observou ele. – Quero estar perto quando acontecer, senhor!

– É justamente isto que eu quero: algo impactante!

– Com certeza será! – Evan garantiu. – Mas o que significam os pontos amarelos?

– Câmeras. Elas serão meus olhos lá dentro. Quero ter o prazer de ver quando acontecer – respondeu ele, e seus olhos brilharam nessa hora.

Evan sabia dos planos do general. Agora, porém, ao olhar nos olhos do chefe, ele viu o quanto aquele homem desejava aquilo. Era algo afim à ansiedade de uma criança por um novo brinquedo. Ou melhor, era como a necessidade do viciado pela próxima dose.

– Posso preparar tudo esta noite, senhor. Porém, devido à grande quantidade de pontos, precisarei de ajuda – informou Evan.

– Não se preocupe, eu já havia imaginado. Por isso, mandarei Gibson com você.

– Gibson? – Evan pareceu contrariado.

– Sim. Ele é nosso especialista em tecnologia. Algum problema, Evan?

– Nada de grave, senhor. Apenas não simpatizo muito com ele.

– Não precisa simpatizar. Afinal, vocês não irãonamorar – divertiu-se o general, arriscando um sorriso. – Vocês apenas irãotrabalhar juntos. 


Evan não disse nada, mas seu semblante fechado denunciou a reprovação à piada feita pelo general. E aquilo aguçou a curiosidade do chefe, trazendo à tona um novo assunto.

– Você me perguntou se ela era minha motivação – disse o general, apontando para a mulher no quadro. – Agora estou lhe devolvendo a pergunta. O que o motiva a trabalhar para mim e fazer o que vem fazendo?

– Meu pai – Evan respondeu sem pestanejar.

– Seu pai também foi vítima dessa praga?

– Tomara que sim! – disse Evan, mostrando raiva no tom de voz.

Essa resposta surpreendeu o general ao mesmo tempo em que o deixou confuso.

– Deixe-me ver se eu entendi direito. Você está me dizendo que torce para que seu pai faça parte desses malditos? Por quê?

– Porque talvez assim ele venha a fazer parte daquela lista. E hoje essa pode ser a única maneira de eu encontrar o miserável! 


Sagrada Maldade - Caçada aos MultiplicadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora