Capítulo 14 - Caçado - Parte 10

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Quando chegou à estação seguinte, cerca de três minutos depois, Bryan desceu apressado as escadas em busca da plataforma de embarque. E tão logo viu o trem parar na estação, correu esbaforido até lá, driblando as pessoas que circulavam no local. Sabia que achar Hakim ali seria um golpe de sorte, mas nada o faria desistir de sua presa. Escrutinando os vagões com olhos de águia, de repente avistou um homem alto e negro, parado em frente à porta do vagão. – Aí está você! – murmurou ele.

Apressado, ele começou a caminhar em direção ao vagão, esbarrando nas pessoas que surgiam a sua frente e ignorando-lhe os protestos. Foi nesse instante que o olhar de ambos se cruzou. Caça e caçador rapidamente se fitaram antes de Bryan se aproximar da porta do vagão. Ao vê-la se abrindo, Hakim decidir usar a última munição de sua arma. Apontando para a janela do lado esquerdo, ele atirou. O estrondo assustou a todos. Hakim aproveitou-se disso e berrou que todos saíssem do trem ou ele iria matar todo mundo. Apavoradas, as pessoas deixaram o vagão em polvorosa, criando uma onda de gente que engoliu Bryan quando este estava prestes a entrar. Hakim então correu para a outra porta e rumou para as escadas, enquanto Bryan tentava inutilmente livrar-se da multidão.

Após alguns segundos, ele finalmente conseguiu se desvencilhar das pessoas e juntou sua arma que caíra no chão e fora chutada durante a confusão, então correu na esperança de alcançar Hakim. Mas, quando finalmente chegou à rua e olhou para todos os lados, tentando localizar o fugitivo, não havia sinal algum dele. Irritado e decepcionado, Bryan sentou-se numa pequena escada em frente a Beverly Boulevard. Ele não acreditava que perdera Hakim por tão pouco. – Merda, merda, merda! – praguejou ele.

De repente, seu telefone tocou. No início, ele pensou em ignorar, pois achava que poderia ser Jerry querendo saber onde ele estava. Todavia, ao constatar no visor que a chamada era de um número privado, resolveu atendê-la. – Quem é? – indagou ele.

– Por que está tentando me matar, Bryan?

– Hakim?

– Você está perseguindo a pessoa errada! – afirmou Hakim. – Não fui eu quem matou seu irmão!

– Então por que você não aparece aqui e me ajuda a pegar o verdadeiro assassino?

– Eu não irei até você, Bryan – recusou-se Hakim. – É você quem virá até mim!

– Sem chance! – disparou Bryan. – Isso daria vantagem a você.

– A escolha é sua, Bryan. Mas, se eu desligar esse telefone sem chegarmos a um acordo, você terá perdido sua última oportunidade de ficar frente a frente comigo.

Após ouvir aquelas palavras, Bryan permaneceu em silêncio por alguns segundos. Até que Hakim voltou a falar: – Teve sua chance, Bryan. Vou desligar agora.

– Não, não. Espere! – exclamou Bryan. – Eu vou até você.

– Boa escolha, Bryan.

– Corte o papo furado e diga logo onde encontro você.

– Você está de frente para a Beverly Boulevard, não é? Vê a oficina mecânica do outro lado da rua?

– Sim.

– Pegue o beco ao lado da oficina e me encontre no final dele – orientou Hakim.

Focado em encontrar Hakim, Bryan atravessou a rua de forma afobada e sem desligar o telefone. Dois carros tiveram de frear para não atropelá-lo, mas ele nem sequer percebeu. Já no beco, ele começou a caminhar mais devagar, tentando em vão localizar o fugitivo, que também não desligara a ligação, mas permanecia mudo. Pensando na hipótese de não estar sendo visto, Bryan continuou avançando, até pelo fato de não lhe restar outra opção. E foi só quando ele chegou ao meio do beco, onde havia um pequeno estacionamento à esquerda, que Hakim quebrou o silêncio: – Por que está demorando tanto, Bryan?

– Calma. Estou quase chegando.

– Antes de você chegar, quero lhe dizer que sinto muito por duas coisas – disse Hakim. – A primeira é que sinto muito pela morte de seu irmão.

– E qual seria a segunda? – indagou Bryan, que na verdade não estava dando a mínima para o que Hakim estava falando.

– A segunda é que lamento pelo que estou prestes a fazer.

Ao notar que a voz ao telefone se tornou sussurrada, a curiosidade de Bryan aflorou, levando-o a dizer: – E o que você está prestes a...

Bryan não teve tempo de concluir a pergunta,pois sofreu um duro golpe na nuca e caiu desmaiado, sem ao menos ver o que lhe atingira. Hakim havia se escondido atrás de um carro no estacionamento ao lado e ficara ali à espreita, esperando Bryan passar para golpeá-lo por trás com acoronha de sua arma. – Sinto muito, Bryan – disse Hakim, puxando o corpo dele para o estacionamento. – Esse era o único jeito.    

Sagrada Maldade - Caçada aos MultiplicadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora