Sagrada Maldade - Caçada aos Multiplicadores

Capítulo 15 - Cara a Cara - Parte 1

16h12min - Tão logo se livrou do agente do FBI, a mulher montou em sua moto e saiu à procura de Hakim. Ao pedir informações a um pedestre, descobriu que ele e o homem que havia lhe esmurrado entraram correndo na estação Wilshire/Vermont. Rapidamente ela rumou para lá, pois pretendia pegá-lo, mesmo que tivesse de matar aquele homem que ousara feri-la nos lábios. Ela ainda sentia o gosto do próprio sangue.

Quando já descia os primeiros degraus da escada da estação, o som de disparos a fez recuar por um momento. No entanto, ao pensar na possibilidade de Hakim morrer ali, e aquele diário cair em mãos erradas, o que representaria um risco aos homens a quem servia, ela recomeçou a descer as escadas. Antes, porém, escondeu um punhal na manga da mão direita e só então prosseguiu, fazendo tudo com ainda mais cautela.

Entretanto, quando chegou ao final da escada, viu algo que a fez parar. Sob os protestos das pessoas em quem esbarrava enquanto corria, vinha Bryan como um tanque disposto a atravessar qualquer obstáculo. Seu primeiro impulso foi matá-lo ali mesmo, usando o punhal para cortar-lhe a garganta, tanto que deixou a lâmina escorregar lentamente através da manga do casaco. Mas, quando Bryan passou por ela sem reconhecê-la, ganhando o rumo da rua, ela preferiu deixá-lo de lado e descobrir o que havia acontecido com Hakim.

Para isso, seguiu em direção à plataforma de embarque; porém, quando estava quase chegando à escada rolante, quatro homens fortemente armados surgiram vindos da direção oposta. De fato, não foram as armas que lhe chamaram mais a atenção, mas sim o que um deles carregava: a bolsa de Hakim. Teve então poucos segundos para decidir se iria até a plataforma descobrir o que acontecera com ele, ou se priorizaria a recuperação do diário de Jamal. Fez sua escolha quando viu os homens prestes a subirem à escada rumo à saída e se lembrar do rosto desolado do outro com quem disputara a perseguição de Hakim. Optou pelo diário. Hakim estava aparentemente perdido. Voltaria a ele depois.

Já na rua, ao ver os quatro homens embarcarem num carro e arrancarem, decidiu segui-los, mantendo uma distância razoável entre o carro e a moto, enquanto pensava em dezenas de formas de interceptá-los. Seu bom senso dizia-lhe que nenhuma delas acabava bem. Por mais habilidosa que fosse, lutar contra aqueles homens com armamento pesado seria arriscado demais. Portanto, pôs à prova sua paciência e esperou para ver até onde eles estavam indo. De fato, não demorou a descobrir. Pouco tempo depois, ela os viu saltarem apressados do carro diante de uma luxuosa mansão, cujo dono ela desconhecia. Quando o portão da mansão se abriu, ela viu o homem de posse da bolsa de Hakim se colocar em frente a um Porsche que saía pelo portão, obrigando o motorista a freá-lo repentinamente.

Fingiu então parar a moto para atender uma ligação e observar melhor o que acontecia. Um homem calvo desceu furioso do carro. Sua postura e seus gestos, somados à aparente submissão dos outros, indicavam quem era o chefe ali. E embora a distância não lhe permitisse uma leitura labial clara acerca da conversa deles, ela conseguiu colher fragmentos que lhe deram importantes informações. Uma delas confirmava a suspeita de que Hakim saíra vivo daquela estação. Fato que irritou profundamente aquele desconhecido autoritário.

– O que você fez, Hakim Alomar? – pensou ela, intrigada. – Por que essa gente quer você morto?

Ao ver o homem se acalmar quando o portador da bolsa lhe mostrou o conteúdo dela, a mulher constatou duas coisas: eles realmente estavam com o diário, e o homem deu mais importância ao que parecia ser um dossiê, deixando o diário de lado. Diante disso, ela presumiu que naquele documento estava o motivo pelo qual eles queriam Hakim morto. Não sabia o que poderia haver naquela pasta, mas notou que sua importância era tal ao ponto de fazer o homem calvo mudar seus planos de sair, dispensar os outros e voltar para dentro, enquanto um dos seguranças recolhia o carro.

Após os homens voltarem ao carro que os trouxera ali, de novo decidiu segui-los, mas agora tinha um plano em mente: faria um deles dizer-lhe tudo que precisava saber. Seguiu-os, mantendo uma distância segura do veículo, mas não sem antes observar tudo que podia da mansão. Passou devagar frente ao portão de entrada, de onde viu o Porsche subindo a estrada que levava à casa. Reparou também na guarita, cujo vidro espelhado lhe impedia de ver quantos homens havia nela, e concluiu que, caso precisasse entrar na mansão, seria necessário antes fazer um estudo minucioso do local.