Capítulo 03 - Fora de Controle - Parte 3

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10h17min

Ao chegar ao escritório do FBI, Bryan percebeu já no elevador os olhares de pena de alguns colegas. Mas como estava concentrado em seu objetivo, preferiu ignorar aquilo. Focando o olhar nas próprias mãos, trêmulas de nervosismo devido à sua profunda irritação, ele se pôs a pensar no que faria assim que encontrasse Paul Miller. Antes de tudo, porém, tinha de falar com Vincent para confirmar sua suspeita.

Quando a porta do elevador se abriu, Bryan esperou que todos saíssem e nesse ínterim aproveitou para observar o escritório, cuja disposição das mesas, ordenadas lateralmente tanto à direita quanto à esquerda, formava um corredor que ficava de frente para o elevador. Com um olhar de águia, ele verificou cada canto do escritório que estava ao alcance de seus olhos, mas não conseguiu enxergar por ali a figura de quem procurava. Até que a porta da sala de Robert Preston se abriu, e ele viu Paul Miller saindo de lá. Sua reação foi imediata. Sem pensar em mais nada, ele foi a passos largos rumo ao colega como um leão ao localizar a caça. Antes, porém, de chegar ao seu alvo, foi interceptado por Vincent.

– Sinto muito, Bryan – disse o colega, pousando a mão direita sobre o ombro dele. – Como você está?

– Como você acha que eu estou? – respondeu ele de forma áspera. – Como você estaria se seu irmão fosse assassinado e sua mãe estivesse no hospital?

– Sua mãe? – indagou o colega, surpreso. – O que houve com ela?

Jogando o envelope com as fotos sobre a mesa ao lado, Bryan disse: – Quem sabe você me esclarece isso.

– Que fotos são essas? – perguntou Vincent.

– Foram enviadas a minha mãe, que agora está hospitalizada.

– Mas quem tirou essas fotos? – questionou Vincent, olhando cada uma delas com cuidado. – Elas estão horríveis!

Quando terminou de falar, ele deu-se conta do que disse e ficou preocupado com a reação de Bryan: – Oh Bryan, perdão. Sei que é o seu irmão retratado aqui, mas eu comentei sobre a qualidade das fotos.

– Relaxe, eu entendi o que você quis dizer. E o motivo que me trouxe aqui foi descobrir quem tirou essas fotos.

– Você suspeitou de mim?

– Não, embora você fosse o único perito no local.

– Seja lá o que você pensou, só posso lhe dizer uma coisa: essas fotos não foram tiradas por um perito – disse Vincent, intrigado.

– Vincent, eu não suspeitei de você. Meu suspeito é outro, e quero que me ajude a descobrir se estou certo – disse Bryan, puxando o bilhete do bolso e entregando-o ao colega.

Ao terminar de ler o bilhete, Vincent perguntou: – Quem é o seu suspeito?

– Paul Miller.

Aquela afirmação não surpreendeu Vincent, que deixando Bryan de lado se dirigiu à sua mesa e lá pegou um documento, o qual entregou ao agente junto com o bilhete que acabara de ler, dizendo: – Compare você mesmo.

Quando Bryan colocou os olhos nos dois papéis e os comparou, sua reação foi abrupta. Impetuosamente, ele saiu à procura de Paul, mas Vincent conseguiu detê-lo quando já estava prestes a entrar na sala de Robert Preston.

– O que pensa que vai fazer? – indagou Vincent, colocando-se entre a porta e Bryan e segurando-o pelos ombros

– Vou arrebentar aquele desgraçado! Ele quase matou minha mãe!

– Calma, não é assim que se resolvem as coisas. É melhor falar com Preston.

– Não estou com cabeça para conversar com o diretor agora – retrucou Bryan, tentando se desvencilhar.

– Faça o seguinte: vá até o banheiro, lave a cabeça e acalme-se. Enquanto isso, eu entrarei e conversarei com Preston.

– Tudo bem – concordou Bryan. – Mas caso o diretor não resolva a situação, eu mesmo darei um jeito em Miller.

Dito isso, Bryan dirigiu-se ao banheiro, enquanto Vincent entrava na sala do chefe. Robert Preston, que mantinha os olhos fixos na tela de seu computador, nem sequer viu quem era quando falou: – Entre e feche a porta!

Antes de fechar a porta, Vincent examinou a sala para saber se Paul estava ali, pois se distraíra durante a conversa com Bryan e não percebeu se o outro agente havia retornado à sala do diretor, ou se tomara outro rumo. Ao constatar que Paul não estava, Vincent decidiu ir logo ao assunto: – Senhor, temos um sério problema.

Robert encarou Vincent com um olhar inexpressivo, antes de apontar para a cadeira à frente de sua mesa e dizer: – Sente-se, Morris, e conte o que está acontecendo.

Sagrada Maldade - Caçada aos MultiplicadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora