Capítulo 09 - Alta Tensão - Parte 4

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Naquele momento, Hakim soube que qualquer argumentação seria inútil. George jamais iria parar. A não ser que alguém o parasse primeiro. Diante disso, embora se sentisse mal pelo que estava prestes a fazer, ele ergueu a arma, apontando-a para a cabeça de George. – Sendo assim, o senhor não me deixa outra alternativa. Isso acaba aqui, general. – Hakim pressionou de leve o gatilho.

George arregalou os olhos. Sabia que iria morrer. Mas não teve medo; pelo contrário, sentiu-se livre para insultar Hakim: – Atire, seu filho da puta, miserável!

Contudo, antes de Hakim efetuar o disparo, a voz de Anne ecoou pela sala. – Pelo amor de Deus, não atire, Hakim! – suplicou ela, do alto da escada, antes de iniciar a descida.

– Fique onde está, Anne – ordenou George.

Ela o ignorou por completo. Seguiu descendo e só parou quando ficou entre eles. – Não mate meu marido – pediu ela, com lágrimas nos olhos. – Ele é tudo que me restou!

Aquele olhar de súplica e desespero pareceu rasgar Hakim ao meio. Se havia alguém que não merecia aquele sofrimento, esse alguém era Anne Banks. A mulher sempre o tratara como um filho. E Hakim sentia-se responsável não só pela angústia que ela estava sentindo, mas também por toda a dor que ela carregava no peito.

Aproveitando-se de que Anne estava entre eles, George se abaixou e apanhou a arma. – Você tem razão, Hakim – disse ele, com a arma em riste. – Isso realmente acaba aqui. Mas acaba para você e não para mim.

– Vai arriscar a vida dela, George? – indagou Hakim, referindo-se a Anne.

George sorriu ao responder: – Não precisarei arriscar a vida dela para acabar com você. Olhe para seu peito.

Hakim baixou o olhar e viu um ponto vermelho subindo lentamente em direção a sua cabeça. Ao levantar de novo a vista, notou um dos seguranças, através da janela, apontando para ele uma arma com mira a laser.

– Acabou, seu verme maldito. Você finalmente vai morrer! – vibrou George. – Atire, atire agora! – ordenou ele ao segurança.

Quando o homem se preparou para atirar, Anne gritou: – Pare com isso, George!

– Não se meta, Anne! E você, seu incompetente, está esperando o que para atirar?

– Tem certeza, senhor? – o segurança não estava certo do que deveria fazer.

– É claro que tenho certeza, seu imbecil. Atire agora!

O segurança firmou a arma nas mãos para atirar. Mas Anne colocou-se à frente de Hakim. – Se quiser matá-lo, vai ter de me matar primeiro! – disse ela.

– O que pensa que está fazendo, Anne? – indagou George, espantado com a atitude da esposa. ­– Por que quer proteger o homem que matou nossa filha?

– Apenas não quero mais uma morte nesta casa! – disse ela, com os braços abertos à frente de Hakim. – Além disso, se ele é culpado, deve pagar através da justiça.

– Mas é exatamente isto que eu quero fazer, Anne. Justiça! – bradou.

– Não, George. O que você quer é vingança! – disparou ela.

Quando George pensou em reagir àquelas palavras, algo que ele não esperava aconteceu. Hakim agarrou Anne por trás, mas antes passou a arma para a outra mão e em seguida apontou-a para a cabeça da mulher, dizendo: – Mande o segurança largar a arma pela janela, general!

– Solte minha esposa, seu miserável! – ordenou George.

– Acho que o senhor não está em condições de exigir nada. Agora mande que ele largue a arma ou eu...

– Está bem! Está bem, seu maldito covarde – concordou. – Faça o que ele está mandando! – disse George ao segurança.

– O que você está fazendo, Hakim? – indagou Anne, aparentando uma tranquilidade espantosa diante da situação que estava vivendo.

– Perdão, Sra. Banks, mas esse é o único meio de eu sair vivo daqui – disse ele. – Não tenha medo, eu não a machucarei – sussurrou com os lábios perto da orelha dela.

– Não estou com medo, Hakim – falou ela, serena. – Se quisesse me matar, você não teria se preocupado em trocar a arma de mão para não me sujar com seu sangue.

Sem ouvir o que eles diziam, George não conseguia compreender como a esposa podia estar tão tranquila. Ele próprio estava apavorado com tudo. Na cabeça dele, Hakim seria realmente capaz de executar Anne ali mesmo, caso não tivesse alguma exigência atendida.

Olhando impassível para o general, Hakim elevou o tom de voz: – Mande ele abrir a porta e entrar – disse, referindo-se ao segurança, que já havia largado a arma.

George sinalizou com a cabeça para que o segurança fizesse o que Hakim queria e disse: – Certo, certo... Mas não faça nenhuma loucura.

– O único louco aqui é o senhor, general – revidou Hakim.

O segurança entrou na casa e postou-se atrás de seu chefe. Em seguida, Hakim começou a andar de costas rumo à porta. – Por favor me acompanhe, Sra. Banks – sussurrou ele, enquanto puxava Anne com delicadeza.

Anne não ofereceu resistência; ao invés disso, deixou-se ser levada por ele. Ao chegarem à porta, Hakim voltou a olhar para George e ordenou: – Passe um rádio para os outros seguranças e mande que entrem na casa, um a um.

George tomou o aparelho da cintura do segurança e deu a ordem que Hakim lhe passara. Segundos depois, os demais seguranças começaram a entrar. Cada um que chegava punha a arma no chão e dirigia-se em seguida para junto do primeiro segurança rendido.

– Estão todos aqui? – inquiriu Hakim.

– Sim – confirmou George.

– Ouça bem, general: eu vou sair agora com a Sra. Banks, e apenas o senhor vai nos seguir. O restante fica aqui dentro da casa – orientou. – E se algum de vocês colocar um pé para fora desta porta, eu mato os dois – concluiu ele, olhando para os seguranças.







Sagrada Maldade - Caçada aos MultiplicadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora