Capítulo 11 - O Herdeiro - Parte 3

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18h02min 

George estava preocupado. Ele não via Anne desde a briga na hora do café e, embora a tivesse procurado na casa inteira, não a encontrara em nenhum dos cômodos da mansão. Todavia, mesmo sem saber onde a esposa estava, ele agora não tinha mais tempo para procurar por ela, pois Albert Gordon, o segurança mais antigo da mansão, entrou na sala com um DVD que muito lhe interessava.

– Está pronto? – questionou George, com um olhar cheio de expectativa.

– Sim, senhor – confirmou Albert, ajeitando o cabelo levemente grisalho.

– E está devidamente editado?

– Com certeza.

George sorriu de satisfação. – Isso significa que já podemos ir – disse ele.

– Aonde, senhor? – questionou Albert, entregando o DVD nas mãos de seu patrão.

– Visitar uma emissora de TV – respondeu George, visivelmente entusiasmado.

Albert franziu o cenho, pensativo. Mas logo externou o que lhe passava na mente. – Posso saber o que o senhor pretende com isso?

George não se sentiu incomodado com aquela pergunta. Sabia que podia contar com a lealdade de seu subordinado.

– É muito simples, Albert. Eu pretendo aumentar o cerco contra aquele maldito. A partir de hoje, além de mim, a polícia e o FBI estarão atrás do miserável! – explicou ele.

– É um bom plano, senhor – comentou Albert.

– Eu sei – disse George, sem modéstia alguma. – O carro já está pronto?

– Sim, senhor.

– Então me espere no carro.

Albert meneou a cabeça em concordância e retirou-se do local. George, por sua vez, dirigiu-se à cozinha para beber um copo de suco antes de sair. Porém, quando seu telefone tocou, e ele viu quem ligava, parou e atendeu. – Por onde você andou, Evan? – disse em tom autoritário. – Tentei falar com você várias vezes.

– Peço desculpas, senhor. Mas tinha de me livrar das provas que poderiam me incriminar nas mortes do jornalista e do legista.

– Deixou algum vestígio na morte do legista?

– Não. Mas achei melhor queimar as roupas e as luvas que eu usei – disse Evan.

– Uma morte desnecessária – suspirou George.

– Como assim, senhor?

– Essa era a razão pela qual eu tentei falar com você. Você não precisava ter eliminado o legista.

– Não? ­– indagou Evan, confuso. – Mas ele poderia me denunciar, senhor.

– Não, Evan. Você não precisaria ter encontrado o legista, nem ter colocado os pés naquele necrotério.

– Por que não, senhor? Havia amostras de minha pele nas unhas do jornalista.

– Eu sei, mas isso não seria problema. Afinal, o FBI não teria material para fazer a comparação. Você teria de ser suspeito para que eles pudessem coletar uma amostra do seu DNA, e só então poderia haver uma comparação.

– Quer dizer que decepei a mão do jornalista e matei o legista à toa?

Tal pergunta causou um estranho espanto em George. Ele não sabia se sua reação se devia à frieza de Evan, que parecia imperturbável diante do ato de violar um cadáver, ou se o motivo do espanto era seu próprio incômodo com a situação. – Você decepou a mão do jornalista? – indagou ele.

– Foi preciso. Não havia tempo de limpar todas as unhas dele – justificou-se. Evan.

– Entendo. De qualquer modo, não vai adiantar debatermos o que já passou.

– Concordo plenamente, senhor.

– Então falemos do que interessa – disse George. – Como vão os preparativos para o trabalho na igreja?

– Está tudo pronto – respondeu Evan, animado. – Gibson já me contatou para informar que está com os equipamentos, e eu também já providenciei a minha parte. Assim, podemos fazer o trabalho esta noite.

– Não. Esta noite não.

– Alguma razão, senhor?

– Estou precisando fazer aquilo novamente e quero você e Gibson comigo!

– Hoje à noite, senhor?

– Não. Vai ser amanhã à noite. Acredito que desta vez teremos um grupo maior. Por isso, precisaremos nos reunir antes para acertarmos alguns detalhes.

– Parece que teremos uma festa – disse Evan.

– Literalmente, Evan. Literalmente.

– E onde nos encontraremos?

– Ainda não decidi – respondeu George. – Primeiro, vou traçar um plano para fechar o cerco a Hakim. Só depois de resolver isso, ligarei para você, informando-lhe o local dessa reunião. Então veja se mantém esse telefone ligado, ok?

– Tudo bem, senhor. Mas o que seria esse cerco àquele maldito?

– Se tudo der certo, depois eu lhe explico em detalhes.

– Ok, senhor. Ficarei aguardando sua ligação – disse Evan, desligando a seguir.

George guardou o telefone no bolso de seu terno italiano e pensou em ir até a cozinha pegar seu suco. Mas, ao olhar para o relógio, acabou desistindo e saiu apressadamente da casa em direção ao pátio, onde Albert já o aguardava com a porta do carro aberta. – Vamos depressa que não temos muito tempo. Quero que isso seja posto em prática ainda esta noite.   

Sagrada Maldade - Caçada aos MultiplicadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora