Capítulo 27

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Não falei mais com Alfonso, não naquele mês. Tudo o que sei é que ele já estava jogando, mas Christian era um bom amigo, ele nunca toca nesse assunto. Não é fácil lidar com o fato de que abrir mão de uma amizade de três anos para me deitar com um cara que achou que eu queria um relacionamento com ele. Por que merda eu iria querer namorar um cara tão desprezível como o Alfonso? Ele não havia me conhecido o suficiente para saber que eu detesto fama e poder tanto quanto detesto futebol e ele –ou pelo menos, o detestava.

Não vou dizer que o detesto, no presente, porque, sinceramente, eu estaria sendo hipócrita. Quem é que transa com um cara que você sente horror ou aversão?
A não ser que eu levasse a vida usando meu corpo, não teria motivos para tal, –eu sei, eu uso meu corpo para me sustentar (ou pelo menos deveria) mas não do jeito, digamos, carnal. Ah, vocês entenderam e se não entenderam o problema também não é meu.

E por falar em me sustentar...

Não, eu ainda não tinha um emprego. Porra, eu era dançarina, tudo o que precisava saber fazer era dançar –e, modéstia parte, eu faço muito bem.Mas os caras continuavam a fazer caretas ao pegar meu currículo de faculdade e descobrirem que, apesar deu dançar bem e de ir em todos os cursos disponíveis da faculdade, minhas notas eram bastante medíocres.

Agora, por que merda eu tenho que saber sobre Filosofia da Dança para conseguir uma vaga de dançarina? E se fosse o contrário? E se eu tivesse notas excelentes nas matérias teóricas e não dançassem bem? Me aceitariam?

É por isso que o Brasil não vai pra frente.

Pausa dramática.

Alfonso.
Eu tinha me esquecido de como Meliandra era divertida- eu sei, parece nome de cachorra ou outro animal de estimação, mas, acredite, é de uma mulher. Uma mulher muito bonita, diga-se de passagem.

Estávamos todos reunidos na mais nova boate VIP da Rua Augusta, em São Paulo. Por culpa do meu irmão ele é o sócio e exigiu que todos fossemos à inauguração. Inclusive meu pai- é, ele ainda estava na cidade, infelizmente. Isso seria muito chato, mas Mel estava me distraindo e a noite não estava de toda perdida.

A mesa tinha 8 pessoas, o que Ucker chamava de “Extra VIPs, tirando a Mel, é claro.” –esses dois tem um caso de amor e ódio clássico, que se essa moreninha de olhos verdes não fosse o que fosse deixaria outra morena, só que essa de olhos escuros, furiosa.

Maite: Será que os dois crianças poderiam parar de trocarem gentilezas e fingir educação? Não estão sozinhos numa mesa, Mane De ala Parra.

Mel: Vocês poderiam parar de romance em público, porque não são os únicos na mesa, Maite Perrone. –sorriu provocando.

Eu ri enquanto enrolava uma mexa do cabelo de Mel.

Alfonso: Alguém tem argumento o bastante para calar, finalmente, minha empresaria. É um milagre.

Mane: Anahí a calava sempre. –disse

Fiz uma careta e rolei os olhos. Mane e seu saudosismo por Anahí, pelo amor de Deus!

-Quem é Anahí? –falou Mel e meu pai juntos.

Fingi não ouvir. Any não era meu assunto preferido, especialmente depois de tudo.

Maitw: Acho que está tendo um problema lá em baixo... –disse Mai, olhando pra portaria.

Mane fez uma careta e desceu resmungando, como sempre

Não posso acreditar nisso. Não posso acreditar que Christian me fez sair de casa para pagar um mico desses. E não posso acreditar que eu aceitei vir, sem ingresso, achando que realmente conseguiríamos entrar numa boate VIP dessas. Deve-se cobrar até para tossir aí dentro.

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