2 temporada- capítulo 10.

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A minha paz e bom humor foi sumindo enquanto o avião decolava. Kaká, que sentava ao meu lado, me olhava curioso enquanto eu olhava pela janela. Em Manchster a gente nem foi pro hotel, fomos direto fazer o reconhecimento de campo.

Foi um dia estranho.

Não costumava ficar ansioso assim quando viajava- muito menos nervoso. Kaká me olhava curioso enquanto fazíamos um treino leve.

Kaká: Você estava mais relaxado em Madri.

Alfonso: Eu sei. Já sentiu vontade de correr para casa para ver se seus filhos e sua mulher estavam bem?

Kaká: Acho que sim, ja está com saudade? –sorriu.

Alfonso: Não é isso –suspirei –É... estranho.

Kaká: Pressentimento?

Poncho: Espero que não. –brinquei com a bola –Para que reconhecimento desse campo? É um dos melhores da Europa.

Kaká: Quer ligar pra Any?

Alfonso: Ela não tá em casa, vai ficar o dia em compras. E eu não sei porque ela tem celular se nunca o usa.

Kaká: Com Carol é a mesma coisa.

Nós sorrimos, mas eu não estava afim de papo. Felizmente Mourinho não demorou com aquela palhaçada e podemos, finalmente, ir pro hotel.

Ronaldo: Ah, bora, pessoal! –falou –É o único dia que poderemos sair, vamos aproveitar. Kaká? Poncho?

Alfonso: Dispenso. –liguei o celular.

Ronaldo: É por isso que não caso, isso não é vida não!

Sorri e meu celular tocou.

Ronaldo: Aposto que é ela, averiguando a coleira.

Alfonso: Errado, ela nunca me liga. Fala, Maite.

Maite: Está aonde? –estranhei a pergunta.

Alfonso: Fazendo check-in no hotel. Mas por quê?

Maite: Ainda não viu os jornais, não é?

E foi ali, exatamente naquele momento, que eu soube que algo de muito errado tinha acontecido. E foi ali, exatamente naquele momento, que eu soube que algo de muito errado tinha acontecido.

Maite nunca me ligava durante as concentrações dos jogos, muito menos pra perguntar sobre jornais. Dei alguns passos até onde ficava a tv do hotel em silencio, vendo as imagens passar e a repórter falar algumas coisas.

-Esse é um vídeo amador do momento exato do acidente.

Não me deixe com toda essa dor
Não me deixe aqui fora na chuva
Volte e traga de volta o meu sorriso
Venha e jogue essas lágrimas bem longe
Eu preciso dos seus braços para me abraçar agora
As noites são tão cruéis
Traga de volta noites quando eu tinha você aqui ao meu lado

A câmera desfocada –ou seriam meus olhos já cheios de lágrimas? –gravou o momento exato em que Thiago atravessava a rua e um carro acelerava em sua direção. Milésimos de segundo depois e Any havia jogado nosso filho para longe, mas era tarde demais para ela.

A batida foi tão forte que ela caiu há quase cinco metros de distância. Eu deveria agradecer ao cara que filmou a placa do carro que fugia sem prestar nenhum atendimento, mas tudo o que pensava era: Any não!

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