Capítulo 31

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Apertei o pacote no meu peito e respirei fundo, só estava ali porque era mesmo necessario. Se eu pudesse eu voltaria correndo pro ônibus e enfrentaria mais duas horas da zona sul até a Avenida Paulista. Mas ele merecia um pedido de desculpa, no fim das contas, mesmo que isso esteja mais do que eu deveria aguentar. Meu orgulho me faria me jogar da Marginal Tietê depois, sei disso, mas ainda assim era necessário.

Mesmo assim eu ainda continuava parada na porta da mansão de Alfonso, orei pedindo que não fossem algum paparazzi me flagrasse, dando um mole desgraçado.

Mane: Não esperava te ver aqui, Any. –falou sorrindo –Virou uma tiete e está vigiando para ver Alfonso sair?

Reprimi a careta.

Anahi: Ele está?

Mane: Fazendo exercícios na sala de musculação, há mais ou menos três horas –arregalei os olhos –É, eu sei, ele é louco. Mas é a saúde é dele, não é? Entra aí, eu te levo até lá.

Anahi: Não previsa, não quero atrapalhar.

Mane: Relaxa, vai ser divertido ver a cara dele quando te ver. Me deixe com o prêmio de consolação por te-lo aguentado nessas duas semanas.

Anahi: Esta tão ruim assim?

Mane: Ah! –abriu a porta –Sim, mas você verá com os próprios olhos.

Anahi: Animador.

Mane: Entra, você se perderia no caminho. –piscou.

E não me restou opção, a não ser aceitar.

Alfonso parecia enfurecido quando entrei na sala, ele não me viu, compenetrado no exercício que fazia. Só me olhou quando Mane me desejou “Boa Sorte” em alto e bom som. Isso o fez erguer os olhos, surpreso, por um segundo até que voltou a prestar atenção no que fazia.

Anahi: Oi-tentei.

Alfonso: O que você quer? –disse grosso.

Encolhi os ombros, sem graça.

Anahi: Você tem cinco minutos?

Alfonso: Só cinco?

Anahi: Toma. –suspirei lhe entregando o pacote –Christian me disse que você coleciona camisas de futebol, creio que você não tem essa.

Ele parou o exercício e, confuso, tirou o pacote da minha mão. Pude ver, ao abrir, o brilho de surpresa nos olhos dele, que foi, curiosamente disfarçado. É claro que sim, a blusa antiga de São Paulo, de 25 anos atrás, o encantaria.

Alfonso: Aonde você conseguiu?

Anahi: Não foi fácil. –dei de ombros –Eu tive que fazer coisas que havia prometido nunca fazer.

Ele arqueou a sobrancelha.

Tido bem, coragem, Anahi, você foi aí exatamente para isso, se explicar. Explicar porque as vezes é tão evasiva e distante. Contar os traumas e os medos. O que, em outras palavras, quer dizer suicidio total e completamente.

Anahi: Olha, isso é dificil para mim. Muito, muito difícil, eu raramente toco nesse assunto. Então... –respirei fundo.

Alfonso: Anahi, -ele abandonou a blusa –sabe que pode confiar em mim, não sabe? –me encarou.

Anahi: Eu sei. –ou eu não tinha mais opção, tanto faz. Dei as costas para ele –Olhe, atras da blusa, porque o dono dela é meu pai.

Alfonso.
Levei meio segundo para assimilar o que Anahi me dizia, o tempo para ler o nome que estava em baixo do número; mas não disse nada, só esperei que ela falasse. Ela era filha de Rique, um dos grandes jogadores de São Paulo, meia, me lembro dele justamente por causa da posição que ele jogava.

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