Capítulo 39

805 57 2
                                    

Pisquei, atônito, vendo Anahi pegar suas roupas correndo sem nem me olhar; eu a pedi em casamento e era assim que ela responde?

Os Raimundos não conheciam a verdadeira Mulher de Fases quando fizeram aquela música.

Alfonso: Anahi! –chamei.

Anahi: Eu estou muito atrasada –colocou a meia calça –O meu diretor vai me matar!

Alfonso: Droga, é só nesse maldito espetáculo que você pensa?

Unrun, eu perdi mesmo a paciencia. Tudo tem um limite, afinal.

Ela me olhou furiosa. Mas, não, não iria mais me controlar pra fazer essa mulher feliz. Já deu.

Anahi: O que você faria se você estivesse atrasado para sua maldita apresentação no Real Madrid? É a minha vida, Herrera, é tudo que tenho, droga. E enquanto estou aqui perdendo tempo discutindo com você eu fico cada vez mais atrasada –pos o sutien.

Alfonso: Droga, Anahi!-pulei da cama e a sacudi pelos ombros –Eu acabei de lhe pedir em casamento, você ouviu? Está com medo de levar uma bronca do seu maldito diretor? Certo, eu alugo um jatinho para te levar até lá depois e te garanto que vai chegar antes de todo mundo. Mas não vou deixar você sair da minha vida assim, de novo, entendeu?

Anahi arregalou os olhos e eu percebi que estava fazendo força de mais nos delicados braços dela. A soltei, esfregando o cabelo com força.

Alfonso: Esta vendo o que me obriga a fazer? –grunhi –O que é agora? Vou precisar de outra garrafa de vinho para você voltar a ser sincera como ontem?

E, então, de repente, ela começou a chorar.

Sem brincadeira, ela estava em prantos, incontrolável. Meu Deus, alguém entende essa mulher? Eu a guiei até a cama e a fiz sentar, enquanto seus soluços ficavam cada vez mais altos.

Alfonso: Pelo amor, Any, você quer me matar?

Anahi: Desculpa. Eu não posso.

Alfonso: Se acalma, mulher –fiz carinho em seu cabelo –Eu te machuquei?

Ela negou, balançando a cabeça. Então, esticou a mão e tocou meu rosto.

Anahi: Eu não posso, Poncho, não sei se consigo. Eu te amo. Como nunca amarei outra pessoa. –disse se acalmando –Mas...

Alfonso: Está me dizendo não? –tentei manter a calma.

Ela vai me deixar louco!

Anahi: Pode me chamar de covarde, se quiser –olhou para a janela –Mas a minha maior verdade é que nunca tive medo de altura, de baratas, de rato... Mas, meus dois maiores medos são fracassar –fechou os olhos- e sofrer. Tenho muito medo de relação amorosas sérias e intensas. Porque nada é para sempre, certo?

Alfonso: Está negando por medo? –o ceticismo era notável em mim.

Anahi: Gosto de ter boas lembranças das pessoas que amo, Poncho. Sinceramente, acho que vale mais a pena amar a distância do que arriscar mata-lo. Faz parte do que eu sou. Da minha essência. E não creio que posso mudar isso.

Suspirei frustrado.

A garota tava negando o pedido de casamento porque tinha medo? Isso tá mesmo acontecendo?

Por favor! Era de querer socar!

Anahi: Desculpa, Poncho.

Peguei o rosto dela, quase desesperado. Ah, não, não, não. Esquece, não vou perde-la para seus malditos medos. Ela é minha, Seus medos que procurem outra pessoa para amedrontar.

Alfonso: Escute aqui, Anahi Giovanna Puente Portilla, -grunhi -Então vou deixar que seus medos, assim como nossos sonhos no passado, nos separem dessa vez. Eu te amo e sei que você me ama, então, pode criar coragem porque, em breve, você será a senhora Herrera. E não há nada que possa fazer para mudar isso.

Anahi: Você não entende, não é? –murmurou.

Alfonso: Não, eu não entendo –a olhei nos olhos –Não entendo como uma pessoa corajosa como você, que quase sem dinheiro deixou a cidade do interior para ir pra São Paulo sem saber o que esperare se ia sobreviver, e com a mesa coragem foi para os EUA sozinha, sem seu fiel escodeiro, Christian, e sem um inglês brilhante, pode ter medo de amar. Você acha que faz sentido nisso?

Anahi: Não –murmurou pra ela mesma.

Alfonso: Não podemos permitir que o medo guie nossas vida, Any, eles existem para que possamos enfrenta-lo, vencê-lo e dizer quem é que manda em quem. Todo mundo tem medo, amor, a diferença é que algumas pessoas o usam como motivação para arriscar e outras o usam como desculpa. Quer mesmo passar o resto de seus dias dando desculpass para as pessoas? Sendo taxada de medrosa?

Anahi: Não, mas...

Alfonso: Fecha os olhos, amor. Vou pintar nosso futuro feliz e quando terminar você vai desejar tanto que seja verdade que nem vai pensar no medo.

Obedeci, mesmo sabendo que não adiantaria nada. A decisão estava tomada, eu era teimosa de mais para voltar atrás. Só se acontecesse mesmo um milagre.

Ele começou.

Alfonso: É o dia do nosso casamento. Consegue visualizar seu vestido? –disse baixo –Você está entrando na igreja, seu pai está a trazendo pra mim, esta tão linda, Any... –pude senti-lo sorrir –Eu quero te beijar, mas só posso fazer isso depois do seu sim.  Droga de padres, por que falam tanto?

Eu sorri, imaginando perfeitamente a cena. Quase relaxada. Quase.

Alfonso: Finalmente! –ele pareceu empolgado –Agora minha. Estamos indo para Lua de Mel, hm, que tal Veneza? A Cidade do Amor? Acho que você ia gostar...

Anahi: Acho que sim. –murmurei.

Alfonso: Duas semanas, só a gente. Sem futebol, nem espetáculos. Nem paparazzi. Nós, na paz dos barquinhos num paseio vespertino. Agora estamos de volta, você dando vida nessa casa-ordenando que eu molhe menos o banheiro no banho e desligue o som do maldito video-game... Opa! –ele riu , tambem perdido nos seus sonhos.

Anahi: O que foi?

Alfonso: Você está grávida. Tá tendo desejos, eu não fico bravo de buscar coisas estranhas para nosso filho- mesmo às três  da manhã e coloca coisas estranhas, hen amor?

Anahi: Menino ou menina?

Alfonso: Tanto faz, não tenho preferência. Vai ser uma criança feliz e amada. Que vai nos unir ainda mais.

Anahi: Você esqueceu de narrar nossas brigas. –abri os olhos.

Alfonso: Vão sempre terminar nessa cama –sorriu, presunçoso, como sempre.

Deus, eu queria tanto que tudo aquilo fosse verdade, que eu pudesse viver tudo o que sentia livre do medo e da insegurança. Ele era milionário e famoso, poderia me deixar quando quisesse por qualquer modelo espetacular que aparecesse em seu caminho. Quem eu era? Só uma dançarina sem nenhum corpo escultural...

Ele pareceu perceber minha hesitação e sorriu.

Alfonso: Tudo o que desejo, Any, é que tudo isso vire verdade. Sabe? Quero ter alguém que realmente valha a pena me esperar quando eu voltar do CT, e que consiga me aturar quando perder um jogo –fez carinho em meu rosto – Alguém que não esteja interessada em minha fama e meu dinheiro. Que não tenha medo de brigar e falar mais alto que eu quando eu estiver errado, que não seja deslumbrada com a minha profissão, mas sim com o que sou por dentro... Alguém que seja cuidadosa e carinhosa, para cuidar de mim e de meus filhos. Quero alguém que, num futuro próximo, meus filhos se orgulhem da mãe que tem e eu da minha mulher. Brigas e desentendimentos sempre vão ter, Any, sempre vão existir. Mas quero alguém que me cale com um beijo ou com um tapa na cara –sorriu –e se deite feliz ao meu lado quando até eu me envergonhar dos meus atos. Não sou perfeito, mas quero alguém que me ame mesmo assim, com meus defeitos e meu sorriso prepotente. Alguém que não seja perfeita e que mesmo assim não me faça desejar outra. Alguém capaz de me dar força e esperança quando preciso, Any.

Ele secou algumas lágrimas que, vergonhosamente, cairam em meu rosto e sorriu.

A Musa do Futebol.Onde histórias criam vida. Descubra agora