2 temporada- capítulo 19.

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Any estava desnorteada, e eu mais ainda, chorando encolhida na cama, abraçada ao de sempre ursinho de pelúcia, única coisa que restou de Line porque ela nunca me deixou jogar fora.

Eu me sentei ao seu lado e toquei seu cabelo, fazendo-a se encolher mais. Como de costume, ela me empurrou tentando me afastar e, como também de costume, eu não deixei.

Alfonso: Amor, tá me ouvindo?

Ela chorou mais forte.

Alfonso: Amor.Any. Me escuta, faz uma forcinha. Não pode jogar tudo pro alto. Lute.

Anahi: Contra mim?

Alfonso: Contra o mundo, se for preciso.

Anahi: Por quê? –me encarou.

Alfonso: Não vale a pena? –sequei suas lágrimas.

Anahi: Não sei. Vale? Fingir que estou bem se a noite acordo com vontade de me matar? Tentar sair do poço e sendo sugada para baixo com mais força que posso subir? Vale, Poncho? Insistir sabendo que é inútil?

Olhei para o outro lado, sem conseguir encarar seus angustiantes olhos azuis.

Anahi: Te deixei com raiva. Por que não fala o que pensa?

Alfonso: Não quero te magoar –dei de ombros

Anahi: Não vai dar certo se você ficar pesando o que fala, Poncho.

Alfonso: Você sabia que seria difícil, Anahí, que teria recaídas. E aí esta você, querendo desistir porque não controlou um acesso de choro. Acha que eu também não choro? Que não me lamento? Que não sofro? Mas estou aqui, sobrevivendo. Você era mais forte que eu, sempre foi, e veja só quem desiste primeiro.

Anahi: Você não entende –fechou os olhos.

Alfonso: Não, Anahí, você não entende! –levantei exasperado sentindo meu controle ir pro espaço – A única coisa que venho fazendo nesses meses é cuidar de você e te compreender. Sabe quantas pessoas me mandaram te internar? Sabe com quantas pessoas eu briguei? E para que, me diga? Pra você me dizer que minha luta não vale a pena?
Se você me deixar, baby,

Deixe um pouco de morfina na minha porta
Porque seria necessário uma série de medicamentos
Para perceber que o que costumávamos ter,
Não temos mais.

Eu sabia que agora que comecei a falar não conseguiria parar. E isso me dava medo, porque tinha coisas que não admitia nem para mim.

Alfonso: Que a sua dor é grande ninguém teve duvidas, Any. Que é maior que a minha, talvez. É mãe, eu sei. Mas eu sou pai. E queria essa menina tanto quanto você, não por ser menina como pensa. Poderia ser um et de quatro olhos sem sexo definido, droga! A queria porque é fruto do nosso amor! Só isso –sequei uma lágrima –Então adivinhe, tenho um coração dilacerado aqui, batendo lento, quase sem força de dor por tudo também. Um coração que pedindo socorro ficou de lado para que pudesse cuidar de você! Acha que foi fácil?

Anahi: Não, mas...

Alfonso: Mas nada, Anahí! –dei um soco na parede –Ignorei minha dor para cuidar de você porque sempre achei que nosso amor era forte e valia o esforço. E agora você vem me dizer que não sabe se vale a pena viver, sobreviver, lutar contra a droga da sua dor?

Ela ficou em silencio de olhos arregalados.

Alfonso: Vou te dizer uma coisa que acho que você esqueceu, droga! Se não pode fazer ou lutar por você e não acha que nosso amor valha a pena, por que não faça pelos seus filhos? Thiago e Filipe também não merecem? Acha que eles ficam felizes de ver a mãe se entregando para a morte sem nem mesmo lutar?

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