Capítulo 35

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Mane: Oi –ele sentou –Como foi de ensa...?

Anahi: Direto ao ponto, Parra! –rolei os olhos

Mane: Certo, você será a primeira a saber. –me encarou –Mai e eu discutimos por horas sobre isso e eu meio que estou quebrando todas as regras agora, sentado aqui contigo, pra te contar –deu um sorriso.

Anahi: Alfonso se machucou? –eu não estava pra enrolações, Mane!

Mane: Aconteceu, Any. –o encarei –O Real Madrid resolveu entrar na briga das negociações. Era inevitável, com ele jogando como está, sabe disso, não é?

Anahi: Quanto? –disse, calma.

Mane: Isso vai te assustar. 1,5 milhões de euros por mês. É mais do que o Barça quer pagar, mas nós dois sabemos que ele jogaria no Real até de graça! –rolou os olhos, a falta de ambição do irmão sempre irritava Mane.

Anahi: Ele... já sabe?

Mane piscou confuso. Nem eu acreditava na calma que transparecia enquanto, por dentro, é claro, entrava em desespero.

Mane: Não. Maite vai esperar terminar o jogo de hoje, não quer tirar a concentração dele. Nem pode. Você está bem?

Anahi: Mane, Alfonso... vai ter lugar no time principal com C.Ronaldo e Kaka quase nas mesmas funções?

Mane: Quando foi que aprendeu tanto? –nos olhamos –Lembra-se da seleção em 2006, com Ronaldinho Gaucho e Kaka no meio, Ronaldo e Robinho enfiados no ataque? –assenti, acho que lembrava vagamente disso –Creio que vai ser isso que acontecerá no Real. Poncho provavelmente vai trabalhar com Kaka amparando C.Ronaldo.

Anahi: Entendi –acho.

Mane: Ele ainda não aceitou, Any. –me olhou, angustiado.

Anahi: Mas vai. Preciso me acostumar –me levantei

Mane: Any, vai ficar bem? Vai ter pelo menos um mês ainda de negociação...

Anahi: Eu vou ficar. –sorri –Tenho certeza disso. Obrigada, Mane. Mesmo. Saí do restaurante tonta, provavelmente com os mesmos sintomas que alguém que tomou cinco copos de tequila e misturou com dois de absinto apresentaria.

Passei no buffet e escolhi coisas que, se alguem me perguntar, não saberia dizer. Quase fui atropelada por uma moto e logo dpeois por um carro, e mesmo sabendo que eu era a errada retruquei quando um desli gritou e o outro, ironico, disse que era por causa da cor dos meus cabelos. – e isso lá é coisa que se diga para a mulher que acaba de saber que vai perder o namorado para um time de futebol e que esse time de futebol fica do outro lado do oceano? Por isso que o Brasil tá desse jeito!

Certo, o time que era o sonho dele, mas ainda assim um time!

Sem cabeça para ir pra casa e encarar Dulce e seus sarcasmo ao falar de Alfonso, fui para o flat. Preciso mesmo de silêncio e calma para pensar, era muito injusto que, quando eu resolvo me apaixonar e não tenho medo de me envolver, acontece logo isso.

Pô, Cara aí de Cima! Você me odeia tanto assim?

Não, não era como ele se mudar para o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Recife, qualquer outro estado do Brasil. Não são só quilômetros  nos separando, é um oceano inteiro mais milhares de quilometros. Não sei, nem nunca fui boa de geografia, muito menos de matemática, mas sei que é longe pra caralho! Além disso, quando ele teria tempo para me ver? Eu não poderia parar em Madri. –ganho bem, mas não pra fazer uma viagem internacional uma vez por mês. E jamais deixaria que ele pagasse para mim.

Não.

Não havia soluções para nós. O sonho dele resultaria em nosso fim, sempre soube disso.

E o que me restava fazer?

Aproveitar o tempo que me restava.

E nada mais.

Alfonso
Eu estava mesmo feliz, por três motivos simples. O São Paulo estava vencendo de 2 a 0 o classico contra o Corinthians –dois gols meus. –Anahi estava no estádio, o que era algo bastante estranho de acontecer. Dei o ingresso porque realmente queria que ela fosse, mas nunca imaginei que ela viria. Anahi? Num estádio? Rá! Como disse Christian, aquilo era uma piada pronta. Mas lá estava ela, que quase morreu de vergonha quando dediquei a ela meu gol. E terceiro porque José Mourinho, tecnico do Real Madrid, estava ao lado dela, tambem presente para ver seu futuro jogador em campo.

Rá!

Eu, jogador do Real Madrid!, e colega de funçao do Kaka e do C.Ronaldo! Conheci Kaka no time de base e, por termos as mesmas funções, sempre me espelhei nele. E, Ronaldo, apesar da sua fama, era um dos melhores jogadores, segundo jogador mais bem pago do mundo.

É claro que tinha o contra. Ficar ainda mais longe de Anahi, mais do que já ficava. Era uma tortura ve-la só uma vez por semana, se a negociação for mesmo assinada quem sabe quando nos veria? Se nos veria...

Não vou abrir mão dela!

Nem que pra isso tenha que lhe pedir em casamento. Aliás a ideia não era nada má... Já tenho 26 anos, acho que estou na hora de sossegar...

Fim de jogo.

-Vamos dar uma palavrinha com Poncho... –falou o jornalista –Poncho, o gol dedicado foi pra sua namorada ou para Mourinho? –brincou.

Alfonso: Pra Any –ri da piada –Ainda prefiro as mulheres!

-Mourinho veio te ver, isso quer dizer que irá mesmo pro Real Madrid?

Alfonso: Isso não quer dizer nada. Falta muita coisa para isso –saí

Bando de especuladores...
Abri a porta do carro para Any, ela estava irritada porque, tenho que dar razão, Mourinho e seu interprete ficaram conversando comigo por uma hora depois que saí do vestiário e ela ficou esperando no estacionamento.

Alfonso: Devia ter te entregado a chave –pedi desculpa.

Ela nem respondeu. Cocei o cabelo, liguei o carro e sai do estadio. O bom da demora é que toda a confusão do fim do jogo já havia passado, inclusive seus torcedores mais fanáticos que o normal e aceitável.

Alfonso: Any, vai mesmo continuar irritada? –pus a mao na coxa dela –Fiz dois gols para você, amor...

Anahi: Sabe que odeio esperar.

Alfonso: Desculpa, mas não podia não conversar com Mourinho, ele veio ao Brasil só pra isso.

Anahi: E eu não fui trabalhar pra ver esse maldito jogo, 22 jogadores correndo num campo de não sei quantos metros atras de uma bola.

Poncho: Por isso fiz dois gols para você.

Anahi: Sei... –olhou para a janela

Alfonso: Sabe que há uma grande possibilidade dele ser meu técnico em breve, ne?

Anahi: Grande possibilidade? –me encarou –Eu achei que era certeza!

Alfonso: Será que você podia pelo menos fingir que fica feliz com meu sucesso? –grunhi, perdendo a paciência.

Ela suspirou e fechou os olhos.

Me irritava que, de todos, ela não tenha expressado nenhum pingo de animação. Era meu sonho se realizando, pelo amor de Deus!

Entrei com o carro na garagem. Agora quem não queria conversa era eu. E aparentemente ela tambem não estava afim. Any foi direto pra cozinha e pegou um copo de suco.

Alfonso: Até quando vai ficar assim, Anahi? –suspirei, quase brigando.

Anahi: Desculpa, Poncho. Não posso ficar feliz e detesto fingir sabendo que daqui alguns dias você estará do outro lado do oceano, droga! –correu e eu pisquei confuso

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