Dragões - O Retorno

Formação Resgate - Parte 1

O impacto foi forte. Tão forte que cada um foi arremeçado para um lado. Até o Banguela acabou se separando de Soluço em meio aos céus.

- Banguela! - gritou Soluço enquanto caia rapidamente. Tentou alcançá-lo, mas a velocidade do vento já o levara para longe de seu alcance. Soluço sentia-se desesperado, pois Banguela não voava sozinho, não queria que o amigo se machucasse e muito menos perdesse outra calda. Um galho quase acerta seu rosto, o que o lembrou que ainda caia em meio as árvores e, se não fizesse algo, iria se esborrachar no asfalto.

"Pensa, Soluço! Pensa!" - exigiu de si mesmo. "Você não está com a espada, nem com o traje voador e não tem mais um dragão. Mas tem cérebro, então use-o!"

Logo, Soluço só via uma coisa para salvá-lo....as árvores. Deixou que o vento o levasse para o mais perto possível de uma árvore e logo, arrancou a própria perna de metal e cravou-a na madeira. Segurou com toda a força que tinha arranhando seus braços na árvore.

Então, ele parou. Pendurado na árvore a quase dois metros e meio do chão. "Agora é só pular!" Pensou Soluço. Engoliu em seco. Teria que impulsionar para a frente para poder dar uma cambalhota, assim não se machucaria como aconteceria se caísse em pé. "Eu acho" - pensou Soluço incerto. Contou mentalmente até três e jogou-se para frente, retirando a perna da árvore.

O pouso não foi como esperava. Sua cambalhota saiu muito desajeitada e, ao apoiar um pé no chão e o outro não, sentiu um desconforto junto com o desequilibrio, fazendo-o torcer o tornozelo do pé bom e cair de cara no chão.

- Aai! - exclamou Soluço ao sentir a dor. - Droga.

Levantou-se com dificuldade e dor. Foi uma das quedas mais perigosas que já tivera, e a culpa era do Cabeça Dura. Soluço sentia-se frustrado. Iria dar uma baita bronca quando o encontrasse.
Olhou para o alto e, para sua tristeza, não viu nenhum dos pilotos. Não notara que a copa das árvores eram tão altas e cobriam tanto o sol. Agora só sairia dali a pé, mas com uma perna de metal e a outra torcida, iria levar a tarde toda para chegar em casa.

De repente, ouve-se um eco. O som de algo metalico se chocando no que pareceu a Soluço serem pedras. Arregalou os olhos a sua volta. Quem poderia ter tido uma queda dessas? Então lembrou-se de Banguela. Seu dragão sem ninguém para orientá-lo, cheio de equipamentos de ferro no corpo. Será que seu melhor amigo estava ferido? Tudo, menos morto, desejou Soluço.

- Banguela! - gritou em vão. Aquela floresta era enorme demais, nem conseguia ver o céu. Mas estava numa área muito densa da floresta. Precisava pegar caminho em direção a clareira, é o local mais aberto de toda a floresta. Correu para a trilha. Ou melhor dizendo, tentou correr. Sua perna torcida realmente doia muito, não conseguia caminhar por tanto tempo, não com pressa. Mas Banguela precisa dele; e o desmiolado do Cabeça Dura, que também só Thor sabe onde ele foi parar.
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Após o eco espandir na floresta, os pilotos voaram desesperados para o centro da floresta, pois não conseguiram alcançar os amigos em meio a copa das árvores. Todos estavam preocupados, mas ninguém estava mais apavorado que Astrid, pois aquele barulho era de metal caindo nas pedras, e o Soluço e o Banguela usam metal. E se ele tivesse caido de pé? Ia quebrar as pernas. E se o Banguela não segurou-o a tempo? A culpa a consumia só em pensar no Soluço morto, pois a última conversa que tiveram fora uma DR de casal. Queria consertar seu relacionamento.
Mas Astrid não era a única apavorada. Cabeça Quente, que normalmente não dava a mínima para o irmão, estava mais preocupada que de costume, o que estranhou Perna de Peixe.

- Está preocupada com o Cabeça Dura? - pergunta Perna de Peixe ao ver a garota angustiada. - Desde quando???

- Não sei. - nem Cabeça Quente conseguia entender. - Sei lá, ele está sem dragão.... sei que ele já caiu do céu mais vezes mas.... me sinto diferente.