Laços Partidos - Parte 1

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As suspeitas de Soluço e Bocão fizeram com que Stoico tomasse providências de segurança. Ele começou a por vigias envolta da ilha e, principalmente, da floresta. Pareciam que estavam lidando com um certo problema de invasão coletiva.

Os dias que se seguiram foram realmente difíceis. Para começar com a situação de Cabeça Dura, que parecia ter nascido de novo. Quando foi o décimo dia, Cabeça Quente o levou para o Grande Salão para rever os amigos que ele desconhecia. Ele já estava melhorando dos ferimentos, mas a memória parecia ter reiniciado.

- Há há. Olha só aquele cara! Ele usa um balde na cabeça!

- É o Baldão. - diz ela ao se aproximarem na mesa dos amigos. - Não se lembra dele?

- Não. E se conhecesse não ia esquecer. - diz Dura rindo. - Quem esquece de alguém que usa um balde de metal na cabeça?

- Bom, no caso, você. - diz ela. Mas ele nem lhe deu atenção. Continuou olhando para os lados como se nunca tivesse visto um salão tão grande. - Vem, vamos ali com nossos amigos.

Chegaram na grande mesa onde estava quase todo mundo. Astrid, Perna de Peixe, Melequento, Bocão e Stoico.

- Oi gente. - cumprimenta Quente ao se sentar. Cabeça Dura se senta ao lado dela, muito relutante. Ele se sentia naquelas festas de família grande onde você não conhece nem o aniversariante. - Ué, cadê o Soluço?

- Uma ótima pergunta. - diz Astrid mal-humorada.

Esse era mais um problema, especialmente para Astrid e Bocão. Soluço, após deixar tudo em ordem novamente, voltou a se enfurnar na forja. Astrid desconfiava ser o tal projeto que ele não queria compartilhar e estava deixando-a frustrada. Eles tiveram pouco tempo nas últimas semanas para ficarem juntos, e agora que tinham, ele a despensara para fazer projetos mirabolantes. Astrid já estava ficando cansada disso.
Bocão também não estava gostando. O garoto estava oculpando toda a forja para esse projeto secreto e impediu-o de entrar. Disse que se Bocão visse o que fazia já iria sair contando para todo mundo, mesmo o viking negando e dando sua palavra de guardar segredo.

- Ei, gente! Desculpa o atraso. - disse um Soluço atrasado sentando ao lado de uma zangada Hofferson. - Olá ,milady!

- Oi. - responde ela seca. Levantou-se do banco assim que ele sentou e foi para o outro lado da mesa. - Não se importa de eu sentar aqui, né Perna de Peixe?

- Aaah... não, não me importo. - diz ele ao olhar para um triste Haddock.

Era um café da manhã muito silêncioso e sem humor. Exceto por Cabeça Dura, que não parava de falar.

- Os dragões são incríveis. Cabeça Quente me mostrou ontem. Não sabia que criaturas tão violentas pudessem ser dóceis! - dizia ele completamente encantado. - Ainda não me acostumei com a ideia de montar eles, mas acho que sempre pode-se aprender!

- Você já sabe montar. - diz Soluço - Só precisa lembrar como.

- Passa a geleia, Soluço. - pediu Melequento e o primo passou. Cabeça Dura os encarou.

- Soluço? Esse é seu nome? - perguntou ele, recebendo uma concordância. - Todos aqui tem nomes estranhos?

- É lei viking. - diz Stoico com firmeza. - O meu é Stoico, se lembra?

- Não. O senhor deve ser muito teimoso e mandão. - diz Dura. - Ser estoico é ser mandão, teimoso. E normalmente pessoas assim só ajem de forma errada.

- Como é que é?! - Stoico estava chocado com a audácia de Dura, assim como todos a mesa. - Eu sou o chefe, sabia?

- Mil perdões. Nunca imaginaria que alguém com esse nome chegaria a chefe.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora