O Mercado de Escravos

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- O arquipélago é redondo! - insiste Cabeça Quente para o irmão, sacudindo suas algemas impaciênte.

- Não, não! Ele é achatado! - retrucou Cabeça Dura balançando suas algemas também.

Dois dias de escuridão e isolação na cela da Tormenta, presos por Tara na escuridão de um depósito. Os gêmeos estavam dentro de sua cela, feita de cimento e com uma porta de ferro forte os prendendo e afastando do mundo há fora. Dois dias sem tomar banho, sem comer ou beber. Eles estavam famintos e cansados, mas tentaram distrair suas nescessidades com conversas sem sentidos.

- Cabeça Quente, é óbvio que o arquipélago é achatado e não redondo! - insiste o gêmeo, sua garganta seca fazendo sua voz sair abafada e rouca. - Tudo tem um fim! O arquipélago tem o fim do mundo também, e não dá pra chegar lá se o mundo for redondo!

- Pode sim! Atravessamos o fim do mundo e damos a volta para o começo de novo! Tudo gira e gira! - insiste Quente com seus cabelos soltos, sujos e embarassados, sua voz era igualmente rouca. - O arquipélago é redondo!

- Achatado!

- Redondooo!

- Achatadoo!

- Calem a boca, vocês dois! - manda o guarda, ameaçando-os com uma lança por trás das grades. - Vocês são os prisioneiros mais irritantes que eu já vi!

- Ué, não gostou? Arrume sua segurança em outro lugar! - retruca Cabeça Quente de ombros, se jogando no chão da cela com uma repentina tontura que sentiu. - Assim até nos poupamos de ver sua cara feia e essa lança que é só de enfeite pra você!

- É, os encomodados que se mudem! - fala Dura sorridente, mas igualmente se jogando no chão frio da cela, fraco. O guarda ri sarcástico. - Qual a graça, vosso segurança, corpo de vara?

- Eu nem preciso torturá-los com feridas ou espancamento. Já estão sendo torturados o suficiente com a falta de água e comida! - ri o guarda, que era extremamente magro. - Vão morrer disnutridos antes que qualquer um pense em fazer algo!

- Erro seu, meu caro guarda de uma finura. Somos os gêmeos recordistas. Em tudo que fazemos! - fala Dura os olhos focados no chão, imaginando uma carde de Iaque suculenta. - Nós já ficamos dias sem comer uma vez, e fomos os mais resistentes.

- E vamos aguentar novamente. É até mesmo uma oportunidade de quebrar nosso recorde de quatro dias sem comer ou beber! - fala Quente, imaginando sem intenção a galinha do irmão em seu prato. - Somos muito fortes....eee... huuum... galinha....

- Que galinha? - questiona Dura voltando a realidade, irritado. - Você quer assar a minha galinha?

- Eu não disse que era a sua galinha!

- Mas pensou! - ele ficou bravo e gritou irritado. - Nenhum Thorston come galinhas, em respeito a mim! Cabeça Dura Thorston!

- Fale por você! Eu quero uma bem tostada agora mesmo! - responde Quente, sonhadora. - Com a fome que eu estou agora, eu comeria você!

- ENTÃO VEM!

- POIS EU VOU MESMO!

E se jogaram um em cima do outro, as mãos algemadas na altura do peito, assim só podendo se atacar com as pernas e a boca. Morderam-se, mas não de forma canibal, e sim como se estivessem brigando um com o outro com cinco anos e partiram para a agressão. O guarda só olhou para eles, tentando entender como alguém podia ser tão idiota.

- ARGH! NA ORELHA NÃO! - grita Dura.

- AAAI! SEU PÉ ENROSCOU NO MEU CABELO! - irritou-se Quente , em cima do irmão. Depois de cinco minutos, chorou sem lágrimas. - Estou com fomeee!

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora