Iniciando o Plano

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   Bocão ouvia vozes.

  Sussurros sob a sua cabeça enquanto ainda estava de olhos fechados. Tentou se concentrar nelas e contou três, três vozes zumbindo sem parar sobre o seu rosto, e eles falavam dele.

     - Será que ele morreu? - questionou uma voz de garoto, assustado. - Tara, minha Deusa! Você não devia matar ele e trazer o corpo pra minha casa!

    - Eu não o matei, Imundo! Só apaguei ele com sonífero! - falou outra voz na escuridão, era feminina e muito bem conhecida. Tara. Bocão tentou se mexer, mas não conseguia. - Acho que exagerei na dose apenas, mas ele não cooperava!

    - Ele é um dos intrusos que não parava de anunciar? - perguntou outra voz feminina, essa completamente desconhecida para Bocão. - Peraí, é um daqueles amigos que os gêmeos sempre diziam que viria salvá-los?

    - Sim, ele mesmo. - afirmou a voz de Tara. - Os Berkianos.

    - Ah, tomara que as coisas andem agora! - a voz feminina mais jovem sussurrou, preocupada. - Se não conseguirmos esse resgate logo os gêmeos irão morrer de fome! E a Ally também!

    - Temos que salvar a minha irmã! - gritou a voz masculina e Bocão sente o garoto balançando seu braço. - Acorda aí, gordão! Precisamos da sua ajuda!

   A irritação de Bocão cresceu ao ouvir a palavra "gordão" e, como se fosse um estímulo, ele abriu os olhos e encarou os três, seus dentes trincados.

    - Gordão é o seu rosto que vai ficar quando eu meter meu punho na sua cara, muleque! - rosnou Bocão ao se sentar, tonto. Trapo se encolheu atrás de Tara, nervoso. - Onde estou? O que essa louca fez comigo?!

 Ele apontou o dedo de forma acusadora para Tara.

   - Apenas te dopei, você não cooperava então tive que trazê-lo à força. - contou a morena, séria.

  Bocão se ergueu da cama improvisada, a mão massageando o pescoço. Ele ficou surpreso de não estar acorrentado ou enjaulado, e confuso também. Encarou a casa, que mais parecia um chiqueiro de Iaques de tão imunda que era.

    - Que lugar é esse? - perguntou Bocão nervoso. - Por que me trouxe aqui? Que tipo de prisão estranha é essa?

    - Não está em uma prisão, é a minha casa. - contou Trapo, fazendo uma leve cara de ofendido. Olhou para Tara. - Quem mais virá aqui, Tarinha? Tantas pessoas assim eu vou ter que começar a cobrar pela hospedagem!

    ZAH

   Tara sacou uma das suas espadas e encaixou à baixo do pescoço de Trapo. A morena estava vermelha de raiva, ou melhor, corada de raiva.

    - Não. Me. Chame. De. Tarinha! - rosnou ela, palavra por palavra. O rapaz sorriu ao ver a morena toda vermelha. - Não me chame de nenhum apelido carinhoso ou qualquer coisa fofa! Muito menos esses nomes bregas que você me bota!

    - Tá bom, parei! - diz Trapo quando ela baixou a espada, ele ainda sorrindo. - Mas eu sei que você gostou!

    Emma segurou o riso, o rosto de Tara ficando novamente corado de raiva. Ela não era tratada com carinho assim desde a morte de seus pais, e a simples semelhança deixou seu coração aquecido e nostálgico_ ela odiava mostrar alguma fraqueza.

     Bocão encarava de um para o outro, curioso e ainda confuso.

     - Vocês vão me explicar o que está acontecendo ou vão continuar me ignorando? - Bocão estava levemente irritado. - Por que estou na casa desse garoto? Por que essa menina parece ter sido atropelada por uma manada de iaques selvagens?! E por último, por que VOCÊ está sendo legal e não me matou ainda?!!!

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora