Erguendo Berk

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  Pesadelos.

  Isso são coisas que atormentam as pessoas.

  É algo difícil de fugir ou evitar. Muitos dizem ser causados por comer demais antes de dormir. Mas as vezes nós podemos ser tão ligados a alguém, que nós sentimos quando ela está em perigo. Até nos sonhos.

   Ela não comia e nem dormia. Só chorava. Apesar de a comida estar ao seu lado na tigela de sua jaula, ela não conseguia comer nem uma grama, pois sentia falta da sua melhor amiga. Depressão e um grunido de sofrência lhe vinha pela garganta. Estava grunindo tanto que chamou a atenção dos caçadores que gritaram para o bicho imbecil calar à boca. Continuou chorando.

  Os guardas entraram na jaula com chicotes e tacaram no animal, que parou de chorar de tristeza e começou a chorar de dor. Seus espinhos imobilizados sem poder se defender. A dor gritou como um eco no mundo e invadiu os sonhos da loira que suava e se debatia na cama, desesperada. Mais um grito e o sangue jorrou pela jaula.

      Astrid pulou da cama com um grito de terror. A garota olhou desesperada à sua volta, procurando por Tempestade. Sua visão estava embassada, e ela logo notou lágrimas nos seus olhos de desespero. Ainda estava deitada na cama, a luz entrando pela caverna a frente, mostrando que o dia amanhecera. Tremeu, seu braço doendo e causando uma sensação de queimação, sentiu dores pelo corpo que não faziam-lhe bem.

  Será que foi um pesadelo apenas, ou tudo o que vira aconteceu de verdade? Tempestade estava em perigo, ela tinha que achá-la! Olhou ao seu lado, e para sua surpresa Soluço não estava ali. Aonde ele fora? Tinha certeza que ele dormira com ela, após fazerem as pazes e retomar o namoro. Ou será que aquilo também foi um sonho?

   Precisava recorrer a alguém mas estava sozinha. Jogando as cobertas, ela desceu da cama. No momento que ficou em pé, uma tontura a invadiu. Era como se a queimação em seu braço estivesse triplamente aplicada em seu cérebro. Cambaleou, mas se segurou na cama. Ela não vai conseguir ir a lugar algum com essa dor e tontura, o primeiro passo que der vai cair imediatamente no chão. Frustrada, ela volta para a cama e deita, odiando cada minuto ali.

  Quando a dor começou a passar, passos ecoam do lado de fora para dentro da caverna. A garota ergue a cabeça, automaticamente pensando em Soluço vindo vê-la. Mas para seu desapontamento, era Dagur. Ele sorria para ela com uma bandeja de café da manhã.

    - Ooie! Bom dia, Astrid! - cumprimenta ele a garota e coloca a bandeja no colo dela. - Seu café da manhã!

  Astrid encarou a bandeja, chocada. Dagur lhe trazendo café da manhã? Como assim? Era algum tipo de "Pesadelo - Parte 2"? Por que ele traria com tanta animação e intusiasmo?

  Olhou para o prato. Sua bandeija com uma bela quantidade de ovos com bacon e um grande copo de leite morno.

  - Hãã... valeu! - agradeceu ela para um sorridente Dagur. Olhou para ele. - Mas por que você trouxe meu café da manhã?

   - Ué, não posso fazer uma gentileza para a minha amiga?

  - Hã, pode! - concorda ela com calma. - Mas não é normal. Vindo de você.

  - Ah, de normal não tenho nada! Hahaha! - disse animado, com aquela risada estranha que ele tem. - Mas tem razão, eu não costumo fazer isso, a não ser para minha rainha Mala! Eu trouxe a pedido do Soluço.

  - Ah! - diz Astrid surpresa, mas agora entendendo de forma óbvia. - E onde ele está?

  - Ah, pera aí! - pediu ele e começou a fuçar os bolsos. - Ele me pediu para te dizer umas coisas mas eu esqueci. Ainda bem que ele anotou!

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora