Medo

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Astrid correu.

Para onde ela ia, não sabia. Só o que sabia é que precisava achar uma saída para esse caminho, que não parecia ter outra direção a não ser para frente. Mas cada vez que ia para frente a dor lhe invadia. A falta de ar, a falta de memória, a falta de tudo. Ela não respirava mais. Então como ainda estava de pé?

Atrás dela estava tudo: seu ar, suas lembranças, seus amigos, sua vida! Tudo o que ela foi! Mas ela não conseguia voltar para trás, não estava sentindo seus pés para voltar para a vida. Ela já não se sentia mais naquele corpo. Ela não estava mais naquele corpo. O caminho iluminado a frente era o único que existia e era para lá que estava indo, sem querer.

Estava sem ar, sentiu dor e sentiu lágrimas em toda a sua volta.

Gritou por ajuda, gritou em negação. Alguém respondia e a chamava, mas ela não conseguia achar da onde vinha. Ela entrou no horizonte e a dor maior a invadiu.

A dor de queimação, a dor do fim. A dor da morte. Um veneno sem fim; tudo escurecia. Estava cega de novo? Gritou e chorou e a ajuda ainda não era alcançada. Se sentiu apagando no escuro, com a sensação de que não acordaria nunca mais.
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   - Astrid! - chamou Soluço ao acordar com os gritos da garota. - Astrid, acorda!

A garota se virava na cama, desesperada. Ela chorava de olhos fechados, chamando por ajuda e pedindo socorro. Ela gritou de dor. Soluço, que dormia ao seu lado, acordou com os gritos de dor dela. Era ainda madrugada e o dia ainda não nascera. Agora não sabia o que fazer, pois a namorada se debatia e pedia misericórdia.

- Astrid, se acalma! - pediu Soluço, tentando segurá-la. - Você está sonhando, acorda!

A garota gritou e chorou mais, o rosto suando. Ela gritava em agonia e apertava os punhos nas cobertas com força. Soluço subiu em cima dela e segurou os braços dela, tentando imobilizá-la. Ele se curvou para o rosto amendrontado da namorada.

- Astrid, sou eu! Soluço! - diz ele. - Tá tudo bem, eu estou aqui! Você tem que se acalmar, eu estou aqui! Sempre!

Levou mais alguns minutos para a garota finalmente abrir os olhos e pular de susto, gritando mais uma vez por socorro. Ela arregala os olhos ao finalmente respirar frenética. Soluço rapidamente enlaça seus braços envolta dos ombros dela e a puxa para o peito dele, como quem acalma um bebê.

- Shuuuu! Tá tudo bem, tá tudo bem! Sou eu. - diz ele ao puxá-la mais para junto dele e ela voltar a respirar trêmula, como se não respirasse a anos. - Fica calma, Asty. Eu estou aqui.

- Soluço...- sussurrou ela no abraço e chorou assustada. -... tive um pesadelo!

- É, eu sei. - diz ele. Deitou na cabeceira e puxou-a para o seu colo, afastando os cabelos do rosto suado dela. - Mas agora eu estou aqui. Pode relaxar.

Ele puxou a coberta para cima, e os dois ficaram abraçados, Astrid recupera o susto ao sentir o ar e a dor sumir, e logo esconde o rosto nos braços de Soluço, chorando envergonhada. O garoto olha para ela preocupado.

- Hey, Asty. Não precisa mais chorar! - diz ele com gentileza ao abraçá-la mais para junto dele. - Foi só um sonho ruim.

- Foi horrível! - chorou ela e tremeu mais. Soluço puxou mais as cobertas sobre eles. - Desculpa, eu só quero chorar um pouco!

- Então chora. - aprova Soluço ao acariciar os cabelos da garota. - Só não se esqueça que eu estou aqui, para qualquer coisa.

- Obrigada. - agradeceu ela ao se aconchegar mais no peito dele e ele depositar um beijo no topo da cabeça dela.

Passou-se vários minutos com Astrid chorando, cada vez mais se aconchegando no namorado. Mas ela não conseguiu ficar muito tempo chorando, não com Soluço acariciando ela a cada lágrima escorrida. Ele abraçada e beijava o canto do rosto dela, dizendo palavras de conforto e amor. Quando ele começou a beijar docemente sua nuca, ela não pode esconder um sorriso.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora