O Mestre

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Bocão não fazia ideia de como iria sair daquele lugar sem levantar suspeitas. Os piratas o acharam tão convincente e incrível que não o deixavam mais em paz. Da roda de conversa num canto ele era puxado para a roda de bebidas no outro. Era como se ele estivesse na Corrida de Dragões, onde é a ovelha disputada e jogada para lá e para cá.

Quando o sino da Tormenta tocou, Bocão não pôde deixar de ficar nervoso e se perguntar o que aquilo significava. Um dos piratas reparou na sua curiosidade pões riu imediatamente, apontando seu dedo gordo para o teto.

- Apavorante, não é? - questiona o pirata que Bocão não lembrava o nome. Para ele, sinceramente, eram todos iguais. - Os outros caçadores estão na linha de frente, caçando intrusos!

- Intrusos? - Bocão tremeu na base de sua perna de pau. - Por que acham que tem intrusos na cidade?

- Porque é isso que significa quando toca. - diz o pirata quando a badalada continuou. - Se não é o um aviso do nosso jogo de Caçada, então só pode querer dizer que temos intrusos na ilha!

- E como sabem que não é do jogo?

- Porque sempre somos convidados! E não recebemos nenhum convite com antecedência!

- Sim! - afirma a pirata que estava do outro lado de Bocão, ouvindo toda a conversa. - Eles estão caçando intrusos com certeza, não deixam passar um detalhe!

Bocão engoliu em seco, receoso. Isso quer dizer que estão caçando Soluço e os outros, alguém os vira. Mas quem?!

E ele?

Será que alguém o reconheceu também e por isso que o sino não parava de tocar? Por que faltava ele?!

- E aí, está pronto? - o pirata gordão perguntou à Bocão, se servindo de outra caneca de hidromel.

- Hum? - Bocão estava perdido em seus pensamentos.

- Nossa missão, até o Norte! - refrescou ele a memória de Bocão, ao qual o viking preferia esquecer. - Está pronto para invadirmos uma ilha cheia de dragões?!

- Ah, claro! Super pronto! - mentiu Bocão, que ainda não sabia como se safar disso. - E para onde vamos mesmo?

- Você é meio desatento, Valente! Nem parece que ouviu o nosso plano! - retrucou a pirata mulher_ e ele não tinha mesmo. - Nós vamos ao Norte, invadir a tal ilha abandonada onde encontraram o dragão que muda de cor e desaparece! Parece ser o último da espécie!

Bocão tentou não monstrar o seu pânico ao perceber que eles falavam de Camale e da Ilha dos Roncadores.

- Ah, claro que eu lembro! - falou Bocão, sem notar o quanto sua voz era trêmula. - E vão ir muitos piratas para essa ilha?

- Um grupo de 200 piratas mais ou menos. Não é grande coisa! - contou ela displicente, Bocão apavorado só de imaginar todas aquelas pessoas invadindo o Fosso. - Será incrível ter você conosco, Valente!

- Ficaremos ricos se prendermos esses dragões, eu acredito que existem mais deles! - diz o pirata gordo e Bocão sente uma gota nervosa de suor escorrendo na lateral de sua cabeça. - Viva ao Valente!

- VIVAAA! - gritaram vários piratas em volta, sem nem saberem do que eles falavam. - VALENTE! VALENTEEE!!!

"Preciso sair logo daqui!"_ pensou Bocão trêmulo, sendo abraçado e puxado novamente pelas mesas. _ "Tenho que sair daqui antes que eles descubram que eu não sou um pirata e sim um intruso"!

Seria difícil esconder por mais tempo; o sino da Tormenta não parava de tocar nem por um segundo.
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- VOCÊ?!!! - Soluço e todos os Cavaleiros gritaram juntos, indignados. - SELVAGEM?!

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora