A História de Tara

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  Cabeça Dura e Cabeça Quente foram enjaulados em um dos navios. A jaula era a prova de dragões e estava no convéz, longe dos dragões e a mostra para os caçadores. O navio velejava cada vez mais longe do norte entrando em uma neblina gelada e camuflante. Todos os caçadores entraram nas cabines no navio agasalhados, abandonando os gêmeos do lado de fora.

- Agora eu entendo porque tantos casacos. - comenta Cabeça Dura sentado na jaula. Eles estavam com algemas nos braços. - Eles vão deixar a gente aqui sozinho nessa neblina fria?

- Parece que sim. - resmunga Quente, encostada em uma das barras. - Quero ver alguém enchergar nessa neblina horrível!

Cabeça Dura fica em silêncio, ambos tremiam com o frio que aquela parte do oceano causava.

- É, mana! - comenta Dura. - Acho que não vamos ver Berk tão cedo.

- Verdade. - concorda Quente. - Eles devem ter perdido muita coisa no ataque. Se não, a essas horas, o Soluço e os outros já teriam resgatado a gente.

- Devem estar tão encrencados quanto nós. - comenta ele. - Mas pelo menos a gente tá junto agora, mana!

   Ela sorri. Teriam dado um abraço, se as mãos não estivessem algemadas. Por isso apenas continuaram encarando o horizonte, imaginando quando iriam sair daquela encrenca.

- E então? - perguntou Quente. - Vai me dizer o que aconteceu? Depois que caiu na floresta na sua queda? Aliás, que idiota, hein?! Pular daquele jeito, seu maluco!

   - Ah, eu fiquei meio fascinado com o voo do Banguela! Pirei na batatinha! - riu ele ao se lembrar do que fizera. - Quando cai eu quase me esborrachei. Mas aí eu usei o capacete como gancho e me pendurei em uma árvore. Consegui pular sem problemas, mas esqueci o capacete em cima da árvore. Quando o capacete caiu ele atingiu umas pedras e fez o maior estrondo!

- O quê?! - Cabeça Quente sentia-se idiota. - Quer dizer que todo mundo ficou desesperado por causa do seu capacete?

- Esqueceu que os capacetes Thorston são barulhentos? - lembra ele e pega o próprio capacete, com cuidado por causa das algemas, e taca na jaula, fazendo o mesmo estrondo forte que se fizera na floresta.

- Caraca, como eu esqueci disso?! - Quente se sentia mais burra que nunca. - Todo mundo pensou que fosse alguém se espatifando no chão! E eu sabia o tempo todo e nem percebi!

- Há, há! Tá pior que eu mana! - zomba Dura, puxando o capacete devolta para seu colo.

- Mas então, como você ficou daquele jeito? - continuou Quente.

- Eu caminhei pela floresta, procurando algum sinal do Soluço ou de vocês, até entrei na área dos dragões selvagens, que não queriam me receber muito bem. - contava Dura. - Sabe, eles estavam agressivos, e eu não entendia, até ouvir vários passos agressivos no fundo da floresta. Depois de convencer os dragões selvagens de que eu não era uma ameaça eu fui cheretar os estranhos.

  - Nossa, você não consegue ficar na tua, hein?!

- Mal aí, não resisiti.  - diz ele. - Eles estavam em grupos pela floresta, mana. E muitos deles andaram camuflados com os transformasas, obrigando eles é claro! Você acredita que se esconderam em um túnel da floresta de Berk?

- O quê?! - Cabeça Quente estava mais curiosa do que nunca. - Onde?

- Lembra daqueles antigos buracos de morte murmurante? - indaga ele recebendo uma concordância. - Eles reabriram um deles na floresta só pra se esconderem.

- Nossa, e não é que o Perna de Peixe tinha razão! - indaga Quente impressionada com a astuta de Perna de Peixe. - Você foi pego espionando, né?

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora