Tara

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Ela caminhava entre os corpos caídos, tanto de seus companheiros quanto de seus inimigos, como se caminhasse em um passeio ao ar livre. Foi em direção a encosta da ilha, derrubando todos os berkianos que entravam na sua frente.

Seu fiel dragão, uma Transformasa, defendeu-a com todo o ácido que tinha. Caminharam lado a lado em meio a invasão, como se tudo aquilo fosse muito pouco para elas. Chegando na encosta, avistaram os barcos de seus companheiros e o navio deles, atracado ao pé do Caiz. Todos os berkianos dali estavam desacordados.

Ela entrou no navio. Caminhou calmente pelos corredores sujos e empoeirados até chegar na sala de comando. Entrou sem bater. Lá, havia um homem virado de costas, ele estava encapuzado por uma longa capa negra feita com couro. Seria fácil matá-lo assim, pensou a garota. Mas sabe que seu mestre não é bobo. A Transformasa rosnou baixinho. Ele estava concentrado em seu tabuleiro de bastões e garras, como se jogasse com mais alguém. Estava movendo seu rei, quando finalmente falou.

- Você vai entrar ou não, Tara? Sabe, há quem diz nas superstições vikings que quem fica desamparado ao pé da porta sozinho é o primeiro a cair.

- Não estou sozinha, mestre. - responde a garota.

- De fato. - responde ele. Virou-se para a garota. Era uma garota bonita e alta, de cabelos longos e negros, tão longos que podia usá-la como um cinto. Seus olhos azuis eram cintilantes como safira e sua armadura de bronze mais mortal que suas espadas duplas, ambas presas em suas costas. - Como consegue ser tão bela? É impressionante e mortal ao mesmo tempo.

- Obrigada, mestre. - ela se curvou em uma reverência. - Vim lhe informar que Berk está quase aos pedaços. Em breve, eles não terão mais nada.

- Excelente! - ele voltou para seu tabuleiro. A garota se aproximou. - Não sei como Viggo Grimborn tinha paciência para este tipo de coisa. Ele dizia que era bom para planejar suas táticas de ataques.

- E acabou morrendo em nome dos dragões. - diz Tara.

- Patético. - zomba o estranho homem que derruba seu próprio rei. - Aceita uma partida?

- Não, obrigada. - responde ela. - Prefiro matar os dragões de verdade do que apenas peças de madeira.

- Engraçado ouvir isto de uma Caçadora que tem amizade com um dragão Transformasa. Como pode?

- Eu e Matadora temos algo em comum. - diz Tara acariciando a pele do dragão. - Nós duas perdemos famílias. Eu por dragões, ela por vikings. Eu quero matar cada dragão como vingança e ela cada viking. Nós duas sentimos a mesma dor. E nós duas juntas, vamos vingar nossas famílias.

- Sabe que não faz sentido, né? - retruca o mestre. - Vocês querem destruir o oposto. Como chegaram num acordo?

- Eu não ligo que ela mate os vikings. Alguns merecem morrer mesmo. Como esses berkianos idiotas a pacividade; eles não percebem que não existe coisas pacíficas. E a Matadora, digamos que ela não tá nem aí para os dragões das outras espécies. Ela se importa com eles do mesmo jeito que me importo com os berkianos.

- Nunca canso de me encantar. - diz o homem. - A sua transformasa é a única trainada aqui. Os outros eu tive que acorrentar e obrigar a me servir.

- Eu posso mandá-la matar o senhor agora mesmo, e ela me obedeceria.

- Mas você não vai fazer isso.

- Nunca.

Apesar do capuz não permitir ver seu rosto, Tara tinha certeza que ele sorria sarcásticamente.

- Então, me fale! - pede o mestre. - O que já conquistamos?

- Muitos reféns, feridos, os barcos deles. Prendemos vários dragões que, em breve, serão transportados para cá. E acabam de me informar que o Grande Salão foi invadido.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora