Marcas para a Vida

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A porta do celeiro feminino se abriu com violência e Tatto entrou rapidamente, cercado de seguranças com correntes e armas. Cabeça Quente os encarou do chão junto com as outras garotas.

- De pé! Todas vocês! - manda Tatto com um olhar surpreendente. Não era sarcástico e safado como Quente vira antes, era duro e sanguinário. Como se a qualquer momento ele pudesse arrancar suas cabeças fora. - DE PÉ, EU FALEI! VAMOS, PRA PAREDE!

Todas se erguem na hora, correndo para o fundo do celeiro em uma fila sem padrão. Cabeça Quente hexita inicialmente, pensando se a rebeldia era o melhor caminho, mas a expressão de Ally ao fundo dizia que seria bom obedecer pelo menos uma vez. Tatto também não estava sorridente de forma debochada, e isso lhe dava a sensação de alerta vermelho.

Quente se levantou ao suspiros e se encostou na parede também, ao lado de Ally. Tatto entrou mais no aposento, caminhando com seus passos pesados e grandes de frente para todas, um olhar imponente.

- Hora de voltar ao trabalho! E começar para algumas. - diz ele insinuando Quente sem olhá-la. - Vamos fazer a revista matinal e depois todas irão se comportar muito bem ao ir na praça, ouviram?

- Sim, senhor. - responderam algumas de forma muchocha e o homem dá um pisão no chão, irritado.

- OUVIRAM?!

- Sim, senhor!!! - respondem todas, exceto Quente.

Tatto caminha até ela, se agachando um pouco para que os olhos fiquem na altura. Quando ela não olhou devolta ele segurou o rosto da loira de forma firme, mas nada gentil. Quente sentiu a repugnância tomá-la ao sentir o toque do homem.

- Eu perguntei se você entendeu! - repete ele de forma assustadora, mas Quente não se intimidou. - Nada de fugas e nada de corpo mole! Ouviu?

- Talvez. - responde ela com uma carranca. - Eu vou ver meu irmão?

- É "senhor" para você!

- Eu não tenho senhor. - diz Quente e todas a olham espantadas, os punhos de Tatto se endurecendo. - Ninguém manda em mim e eu não sou sua escrava!

- Sorte sua que estou bem humorado, ou eu a socava agora mesmo com a desobediência! - respondeu ele e a soltou com menos gentileza ainda. - Vai começar seu trabalho de forma tão pesada quanto os rapazes!

- Pode mandar o que quiser, não tenho medo! - diz Quente com um sorriso sarcástico. - Eu não ficarei muito tempo aqui. Logo Soluço e todos os meus amigos vão vir me resgatar. E nesse dia, quando descobrirem o que você fez a mim e ao meu irmão, você vai virar refeição de fúria da noite!

- Há! Como é esperançosa, e mentirosa! - riu ele do seu jeito horrível. - Não existem mais fúrias da noite, criança! Todos foram extintos, cortezia de um velho amigo!

- Nada interessada. - responde Quente e Tatto se afasta com ar de graça. - Ah, o dia que o Soluço aparecer aqui ele vai engolir os próprios dentes de ouro!

Ally foi a única que pode ouvi-la resmungar, e se segurou ao máximo para não rir. Os homens de Tatto se aproximaram de cada uma e as apalpou, fazendo uma revista para ter certeza que não portavam armas ou qualquer coisa proibida. Muitas pareciam aliviadas por serem os guardas e não Tatto, pelo que diziam ele sempre se aproveitava delas para fazer mais do que uma revista. Mas Quente não se aliviou com os guardas, pois muitos deles a apalparam no peitoral e em locais que nem sua mãe ela permitia. Sentiu vontade de socá-los com toda a sua força e ficou aliviada quando eles se afastaram e informavam a Tatto que todas estavam "limpas". Ele sorriu vitorioso e fez o sinal para que os guardas acorrentassem elas imediatamente. Quente estava quase perdendo o controle de seus músculos, impulsionada a socar e correr para longe, mas sabia que não funcionaria. Era quase 20 soldados ali só para fazer uma revista, imagina do lado de fora há campo aberto? Não tinha como fugir, não desse jeito.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora