Enterrados pela Neve

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  Corine estava desconfiada, mas ainda assim os sons de tiros e gritos a assustaram. O que estava acontecendo no andar de cima? Um momento atrás ela estava com aquele anão e seu companheiro magricela, ambos zombando de suas tranças. E agora ela estava sozinha na jaula, os piratas indo para cima com as bestas após aquela ruiva nojenta avisar de um ataque.

    Que ataque?

    Ela queria muito saber o que estava havendo no andar de cima, então começou a fuçar o cadiado outra vez, agora podendo ser a chance perfeita para fugir.

    - AAAAH! - gritou alguém de dor e o som de alguém rolando as escadas no porão foi ouvido.
 
    Corine se encolheu na grade quando reconheceu o anão, que se espatifou no último degrau com um gemido. Ele estava com um corte no braço e um belo e inchado olho roxo. Alguém o atacara? Corine ficou feliz de vê-lo impotente, mas será que seu atacante era confiável, ou tão ruim quanto aquelas pessoas?

    Corine ainda lembrava das histórias de piratas que sua mãe contava, onde piratas tinham o hábito de roubar outros piratas. Eles competiam para ver quem ganhava mais prêmios e tomava mais tesouros. Será que quem os atacavam eram mais piratas? Se fossem esses os novos moradores daquele navio, a situação de Corine não mudava em nada. Ela ainda seria uma prisioneira de piratas.

   Passos calmos começam a se ouvir descer pelos degraus, provávelmente a pessoa que atacou o anão. Corine voltou a trabalhar no cadiado com mais urgência.

  E ela ouviu.....  A voz dele.

  Era impossível ela ouvir a voz dele ali!
 
  Não poderia ser tão real assim!

    - Argh! Esse nanico quase rasgou meu novo manto, pode isso Dente de Anzol? - questiona a voz reconhecível que ela tanto quis ouvir visitá-la no Fosso. - Não responda, Dente de Anzol!

    O coração de Corine explodiu em fecilidade quando Melequento apareceu, as mãos dele massageando seu manto amassado. Ele veio! Ele a encontrou! Ah, ela não podia estar mais feliz!

- MELEQUENTO! - grita Corine, saltitando na jaula de alegria. O moreno olha para a sala e seus olhos se arregalam com um sorriso ao vê-la.

    - CORINE! - ele corre para ela, não dando importância por chutar o anão desmaiado no caminho. Ele se ajoelha na frente das grades, ambos sorrindo de alegria. - Graças à Thor, você está bem! Você está bem, certo?

     - Sim, estou bem. - ela sorri, várias lágrimas de alegria começando a se formar em seus olhos. - Como você me achou? Achei que não iria te ver tão cedo!

   - Bem, esses piratas meio que cruzaram o nosso caminho de viagem. - conta Melequento enquanto tentava destrancar a porta e arrancar aquele cadiado. - Estamos em missão, vamos salvar dois amigos nossos que foram sequestrados.

    - Os gêmeos loiros que você me contou uma vez? - pergunta ela ao se lembrar dos amigos dele que gostam de explodir coisas. Ele confirma com a cabeça. - Por acaso o lugar onde eles foram levados se chama Tormenta?

   Melequento encarou-a de olhos arregalados: - Como você sabe?!

   - É para lá que eles estavam me levando. - conta ela com uma cara triste. - Queriam me vender lá para um mercado de escravidão.

  - Bando de piratas nojentos! Tomara que a Astrid arranque a cabeça de cada um deles! - rosnou Melequento de raiva. Ele destrava o cadiado e abre a porta, Corine não perdendo tempo para abraçá-lo o mais forte que podia. O moreno sorriu ao retribuir. - Que bom que está bem, baixinha.... fiquei preocupado.

   - Eu estou bem.... - garantiu ela, embora sua cabeça latejasse de tanto que eles puxaram suas tranças. - Senti sua falta!

   - Eu também, pequena. - garantiu Melequento e ficaram assim mais um tempo até se separarem, Corine saltitando em alegria. - Vem, vamos sair daqui, meu dragão está lá em cima junto com os outros cavaleiros.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora