Um Plano de Resgate

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   O lápis de carvão pairou sobre o pergaminho pela quinta vez, a mente do chefe muito longe dos seus afazeres, muito distante das suas vontades e da sua concentração no trabalho. Diferente do Sul, que era inverno e até mesmo rodeado em neve, em Berk tudo parecia mais colorido, como se a primaveira tivesse chegado mais cedo.

   Mas esse ar alegre e colorido era apenas lá fora, porque dentro da mente de Stoico, o imenso_ havia preocupação e ansiedade, a partida de seu filho já resultando em dois dias, o que já era uma eternidade para ele.

"Onde eu estava com a cabeça?"_ pensou o líder ao desistir de preencher seus papéis e tacou o lápis longe_ que quebrou pela força irritada ao se chocar com a janela. "Como eu permito meu filho ir para essa missão sem mim? Colocar Bocão para cuidar dele? O que diabos eu estava pensando?!"

    Ele se sentiu tão burro que tacou a papelada longe da mesa também, um rosnar saindo de sua boca. Quebra Miolos estava deitado próximo a fogueira do escritório. Na mesma hora ele ergueu a cabeça, olhando seu companheiro de batalha de maneira preocupada.

    - Não se preocupe, grandão. Só estou um pouco cansado, não é nada.

O chefe da vila caminha para seu dragão e lhe apalpa no casco, mostrando seu afeto e que estava tudo bem. O dragão volta a deitar, ainda de olho em seu companheiro.

    Stoico recolhe os papéis e volta para sua mesa, contemplando a janela ao lado e vagando em seus pensamentos.
 
  Ele queria tanto que Soluço lhe escrevesse uma carta, precisava receber todos os dias, seria a certeza de que seu filho estava bem e forte. A cada hora que passava ele se arrependia mais de não ter ido junto, de não ter insistido.
  Ele não queria mostrar seus sentimentos de forma desesperada_ afinal ele é o chefe_ precisava ser profissional e forte por todos, mas era tão difícil!

   Desde os acontecimentos no Fosso em que Stoico encontrou Soluço ao ponto de morrer em doença, Stoico se sentia mais próximo a ele, e até mais paternal. Ele queria ter ele por perto a todo momento, garantindo sua segurança. E agora ele foi embora novamente, uma missão mil vezes mais perigosas.

  "Já posso me candidatar ao pior pai do arquipélago!" pensou Stoico sarcástico, as manias do filho o tomando nos últimos dias.

    Ele estava tão centrado em seus pensamentos que nem notou Gosmento entrando em seu escritório, apressado e nervoso. Era inédito vê-lo tão desconcertado, já que Gosmento gostava de manter sua pose de durão. Mas não desta vez.

     - Stoico!

     - Gosmento? - o líder pareceu surpreso, normalmente ele batia na porta. - O que faz aqui?

- Você precisa vir para a praça agora! - diz o moreno nervoso com tudo, até um pouco irritado. - Estrangeiros há vista!

   - O quê? Estrangeiros? - ele já se levantava de sua cadeira, o manto de chefe sendo preso em suas ombreiras. - São inimigos?

   - Não sei.... pareciam irritados quando chamaram seu nome, apontaram espadas, mas...- ele hesita antes de falar. - Eles vieram montados em dragões.

    - O quê?

    - Uma espécie desconhecida! - conta Gosmento facinado e preocupado ao mesmo tempo. - Eu nunca vi nada igual!

  Stoico já estava porta há fora, nervoso e até curioso sobre esses estrangeiros. Ao entrar na praça deu de cara com a multidão, que estava envolta de duas pessoas que Stoico não imaginou rever tão cedo.

    Olfred e Hannah.

   O líder se aproxima do casal, que veio voando nos dragões, os Roncadores. A vila parecia surpresa ao notar que Stoico os conhecia, pões o ruivo caminhou até o casal sem medo ou receio, a aparência do casal sendo um tanto assustadora para os demais.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora