Um Jugamento Frio

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- Bem, eu já vou indo! Afinal, não tenho nada haver com isso! - declarou Melequento ao fugir, deixando a bomba toda para Soluço.

Stoico desceu o restante das escadas, o seu olhar brilhando perigosamente, da mesma maneira quando o garoto mentira sobre Banguela. Soluço, por outro lado, não quis demonstrar seu medo e intimidação desta vez. Encarou o pai com a mesma intensidade e decisão, ainda segurando a bandeja de comida.

- Você ia embora?! Como você pode pensar em sair daqui sem me contar uma palavra, Soluço?! - questionou Stoico ríspido, mas o garoto continuou calado. - Ir para o Sul amanhã assim, sem permissão minha. Sem o MEU contentamento?!!!

- O senhor sabe muito bem que eu não iria ficar aqui parado muito tempo quando nossos amigos e os nossos dragões estão em perigo! - lembrou Soluço baixando a bandeja para encarar o pai. - Isso não é uma exploração qualquer, pai! É uma missão pelo nosso povo!

- E você acha que indo sozinho com os seus amigos vai resolver tudo? - perguntou ele incrédulo quando o garoto concordou com a cabeça. - Soluço, isso não é um passeio aventureiro pelo arquipélago. Isto é uma guerra! Você está me dizendo que ia cruzar linhas desconhecidas em que pessoas jamais voltaram sem ao menos me contar? EU SOU SEU PAI!

- Eu ia te contar! Um pouco em cima da hora mas eu ia! - garantiu Soluço e o homem bufou frustrado. - Eu sei como você reage sobre essas coisas, desaprovador e achado que não sou capaz. Mas eu sou e vou mostrar ao senhor!

- Eu não acho você incapaz, Soluço. Mas você não está pensando direito! - retrucou ele irritado e nervoso. - Você foi para uma simples missão de resgate no mar, desapareceu e, quando te encontrei, estava morrendo! O que pensa agora que vai para uma guerra de verdade?! É perigoso!

- Eu sei, e estou disposto a correr esse risco. - declarou ele sério e Stoico rosnou frustrado. - Eu não vou abandonar os gêmeos, pai! São nossos amigos e eles não merecem aquela gente. E tem os dragões, Astrid tem pesadelos frequentes com Tempestade sendo maltratada. E o nosso ouro... o senhor não quer recuperá-lo?

- Claro que eu quero! Mas precisa sentar e pensar em um plano melhor! Quero dizer, não seria mais correto organizar uma batalha forte e grande para atacá-los? Como eles nos atacaram!

- Não pai, vamos só nós! Não podemos chamar tanta atenção assim em um local que não conhecemos. - responde Soluço sereno. - Além do mais, eles são o triplo de nós, muito mais pessoas que Berk. Seriamos derrotados por números se os desafiássemos para uma guerra.

- Mas...

- Vamos entrar escondidos, encontrá-los e sair de lá, sem luta. - diz Soluço, acreditando ser o melhor.

- Você acha que vai ser tão fácil libertá-los sem serem vistos? - Stoico riu, mas logo olhou o filho preocupado. - É imprudente e arriscado!

- Bem, eu vou correr esse risco. - diz Soluço tranquilo por fora, mas nervoso por dentro. - Nós vamos trabalhar como uma equipe, pai. Vai dar certo!

Stoico queria retrucar novamente, mostrar o quanto seu filho estava sendo irracional e gritar com ele por esconder tudo dele. Mas algo o impediu. Talvez fosse a atitude do filho em querer proteger todos.

Protegê-lo?

Conseguia sentir a determinação dele, ao mesmo tempo o jeito de seu filho em sempre pensar nos outros, que era o que lhe dava orgulho e, ao mesmo tempo, preocupação. Ficou com medo de deixá-lo ir fazer o certo e algo lá dar errado, perdendo-o.

Mais uma vez.

- Eu vou com você. - assegurou Stoico depois de vários minutos em silêncio.

Dragões - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora