Dragões - O Retorno

Bronze

- Pronto, Banguela. - diz Soluço para seu dragão. Estavam dentro da forja. - Finalmente, depois de semanas, eu terminei. E aí?

O dragão olhou para o objeto de forma duvidosa, virando a cabeça para lá e pra cá. Em resposta, saiu de perto e se sentou ao pé da lareira.

- Valeu, hein. Sua consideração é motivadora. - disse ele sarcásticamente. Guardou o objeto no armário ao lado. - Agora é só ir falar com a Astrid e explicar esse mal-entendido. Só não sei como.

Ele olhou para o fogo, pensativo. Eles estavam tão afastados que ele não via como falar com ela. Ele não queria que ela o dispensasse no primeiro momento que ele a chamasse. Era tão estranho esse clima entre eles que nem parecia haver mais amizade. Esse pensamento em sua mente o atormentava todas as noites com pesadelos.

Sentou ao lado do dragão, triste. Sempre que estava perto de Astrid seu coração doía. Era um dor terrível de coração partido que não o deixava fazer mais nada além de chorar. Teria que tomar coragem para chegar nela e dizer toda a verdade. É claro que nada disso estaria acontecendo se tivesse estado mais tempo com a namorada, mas como iria terminar o presente a tempo? Ele não conseguira esconder dela que planejava algo, se tivesse disfarçado mais, ela nem saberia que ele estava fazendo alguma coisa. Porém, ela pensa que ele está fazendo algo para si mesmo, como um egoísta que não compartilha seus conhecimentos. Ela nem imagina que tudo o que ele andou fazendo naquela forja quente sem comer por vários dias seguidos, fora for ela.

- Aaaargh! - gritou ele fazendo Banguela se asssustar. - Eu sou muito burro Banguela! Eu sou um péssimo namorado que não sabe nem fazer uma surpresa sem dar bandeira! Ela não sabe o que planejei! Devia ter dado mais atenção a ela! Por mais que tudo o que eu fiz foi pensando nela, ela não sabe disso!

Banguela grunhe, metade em concordância e a outra metade querendo voltar a dormir.

- Ela fez certo em terminar comigo. - diz ele, começou a chorar. - Eu sou um péssimo namorado e minhas atitudes estragaram tudo. Nem agir como amigos conseguimos mais. Como vou falar com alguém que é, e ao mesmo tempo não é, minha amiga? E não é sobre coisas de amigos, mas de namorados. Mas não somos mais namorados. Aaaaaargh!

Ele se sentia frustrado com ele mesmo. Enterrou a cabeça nos joelhos, sem saber o que fazer ou pensar. Chorou em silêncio por um tempo, recebendo o carinho de Banguela, que envolveu as asas em volta do garoto, em sinal de conforto.

- Não era assim que eu queria dar o presente a ela. - diz ele. - Não com esse clima. Aí fica como se eu estivesse dando em pedido de desculpas. E não é desse jeito que quero entregá-lo. Eu quero entregá-lo como namorado, um presente para ela me lembrar como namarado. Eu tenho que ser namorado dela de novo.

Ele fica mais um momento de silêncio, olhando para o fogo. Ele iria reconquistar a amizade dela novamente. Iria devagar. Se desculpar para ela, convencer ela de que não iria abandoná-la nunca mais, apesar dele nunca tê-la abandonado. A entrega do presente teria que ser como o primeiro beijo depois de três anos, perfeito. E seria, sem esse clima distante.

- Eu vou reconquistar a amizade dela, Banguela. - diz ele ao dragão. - Nós vamos ser amigos de novo, sem constragimento. E quando reconquistar nosso namoro, eu entrego pra ela. E nós vamos voltar a namorar. Você vai ver.

E no meio dessas palavras esperançosas, uma explosão acontece. A forja inteira treme. Os dois saltam do chão e correm para a saida. Ao abrir a porta, Soluço vê:

Berk sendo invadida. Parecia uma cidade entrando em uma pequena ilha onde não cabiam todo mundo. Eles surgiram da floresta, usando os guardas que estavam lá como reféns. Outros sairam das próprias casas dos vikings, como se esse tempo todo estivessem escondidos no porão. Para todo lado que olhava, mais caçadores, usando diferentes armaduras e armas cintilantes. Soluço percebeu que ambas eram feitas da lâmina afiada que encontraram. Isso era um péssimo sinal.